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Preço do feijão no varejo curitibano está em torno de R$ 2,99 o quilo: Conab e ministério não se manifestaram sobre o resultado fraco do leilão | Divulgação
Preço do feijão no varejo curitibano está em torno de R$ 2,99 o quilo: Conab e ministério não se manifestaram sobre o resultado fraco do leilão| Foto: Divulgação

Preços 50% acima dos praticados pelo mercado frustraram a primeira tentativa do governo de desovar parte dos estoques públicos de feijão para conter a alta de preços ao consumidor. Desde o início do ano, o quilo do produto já subiu entre 66% (preto) e 71% (carioca) em Curitiba. No campo, a alta acumulada no período no Paraná é de, respectivamente, 32% e 85%. Em leilão realizado ontem pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), compradores arremataram apenas 1,2% do volume oferecido na operação. No total, foram ofertados 24 lotes, somando 9,05 mil toneladas de feijão, mas somente 92 toneladas foram negociadas. Os dois lotes negociados foram de produto depositado no Paraná, que ofertou 5 mil toneladas no leilão.

Segundo analistas, o valor de venda espantou os compradores. A cotação determinada pelo governo, de R$ 90 a saca de 60 quilos, estava 50% acima dos preços praticados no mercado, que estava pagando em média R$ 60 pela saca do grão nota 6, mesma qualidade do produto oferecido pela Conab na operação.

Objetivo

Leilões de venda de estoques servem para colocar mercadoria armazenada em circulação e, assim, aumentar a oferta, baixando as cotações. Mas, por causa dos preços supervalorizados, a operação de ontem acabou tendo efeito contrário no mercado. "Quando a Conab anunciou a venda de feijão nota 6 por R$ 90, quem estava com este produto a R$ 70 na quarta, aumentou para R$ 100 ontem. O leilão acabou inflacionando todo o mercado. O produtor pensa: ‘Se o governo julga que esse feijão, nota 6, vale R$ 90, então o meu, nota 8 ou 9, tem que valer muito mais’", diz o analista da Correpar, Marcelo Lüders.

Para Sandra Shetzel, analista da Unifeijão, o governo tentou embutir no preço de venda do produto o custo de carregamento de estoques, mas que isso acabou afugentando os arrematantes. "Se um comprador do Nordeste comprar feijão nota 6 do governo por R$ 90 a saca, pagar frete para retirar o produto no Sul, imagina a que preço esse produto vai chegar na prateleira do supermercado. É inviável", observa.

No Paraná, o fracasso do leilão público não teve impacto significativo nos preços ao produtor ontem, mostra levantamento do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab). O feijão carioca manteve cotações em torno dos R$ 100 e o preto ficou praticamente estável, a pouco menos de R$ 70 a saca. No varejo, o consumidor curitibano está pagando R$ 2,99 pelo quilo produto, mas carioquinha chega a custar mais de R$ 5 em alguns supermercados da cidade.

A tendência é que as cotações ao produtor voltem a ganhar força nas próximas semanas, prevê Sandra. "Acredito que até a entrada da terceira safra, na metade do ano, o carioca deve sustentar preços entre R$ 150 e R$ 160 ao produtor (base São Paulo) e entre R$ 3 e R$ 4 ao consumidor (média Brasil). A oferta é insuficiente para suprir a demanda", afirma.

A Conab e o Ministério da Agricultura (Mapa) não se pronunciaram sobre o resultado do leilão. Uma fonte do mercado relatou à reportagem que a estatal pretende dar continuidade aos leilões de venda. A próxima operação deve ocorrer já na semana que vem. Para estimular o interesse de compra, a Conab deve reavaliar os preços de venda, ajustando-os aos níveis de mercado.

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