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Concessionárias

Revendas temem falta de carros

O impasse para um desfecho na greve dos trabalhadores da Volkswagen começa a preocupar as concessionárias, que já sentem os efeitos da falta de reposição de estoque de alguns modelos. "Depois de 15 dias com a montadora parada começamos a ficar apreensivos, em especial no fim do mês, em que as vendas ficam mais aquecidas", diz o gerente da Servopa Ricardo Kennedy. Segundo ele, o estoque da concessionária ainda está em um nível aceitável, mas começam a faltar algumas cores e opcionais. Mesmo assim, as encomendas continuam normalmente. O gerente de novos da Copava, Cleomar Lima, diz que a concessionária ainda tem um "estoque relevante" de carros, mas a situação pode se complicar caso a greve continue. "Em alguns casos, em que falta a cor, o vendedor tenta administrar a venda com o estoque disponível ou fechando um carro que tem em estoque para a entrega imediata." O diretor comercial da concessionária Corujão, Antônio Carlos Aleheim, no entanto, diz que tem apenas três unidades do CrossFox – normalmente a loja trabalha com um estoque de 20 carros. "Não temos mais nenhum Fox 1.6. Não temos recebido esses carros da fábrica", diz. (ACN)

A greve dos trabalhadores da Volkswagen em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, já é a mais longa da história da unidade paranaense da montadora. Diante do impasse em torno das negociações do valor da participação nos lucros e resultados (PLR), uma assembleia realizada na tarde de ontem, na porta da fábrica, decidiu por manter a paralisação, que entra hoje no seu 22.º dia, superando a campanha salarial de 2009, que durou 21 dias.

Segundo cálculos do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC), desde o início da greve a fabricante deixou de produzir 12.960 veículos dos modelos Fox, CrossFox, Fox Europa e Golf, o que teria totalizado, até hoje, um prejuízo de R$ 425 milhões para a montadora.

Os trabalhadores da VW reivindicam o valor de R$ 6 mil nas parcelas da PLR do primeiro e segundo semestres e rejeitam a proposta da montadora, de R$ 4,6 mil para a primeira parcela e de discutir posteriormente o valor da segunda. A diferença de R$ 2,8 mil no valor da PLR que seria paga a cada um dos 3,7 mil funcionários da unidade teria um impacto imediato de R$ 10,3 milhões no caixa da empresa, sem contar outros encargos e impostos trabalhistas.

Nas outras montadoras da RMC, a Volvo fechou acordo com os trabalhadores aceitando a proposta de PLR de R$ 15 mil. A primeira parcela, de R$ 7 mil, já foi paga. Os trabalhadores da Renault também fecharam acordo com a montadora, por uma PLR de R$ 12 mil.

A próxima assembleia dos trabalhadores da Volks está marcada para amanhã. O impasse, no entanto, poderá ser decidido pela Justiça do Trabalho. Desde o início da greve, em 5 de maio, houve duas audiências de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho (TRT-PR), com a mediação do Ministério Público do Trabalho (MPT-PR).

Na última reunião, o Sindicato propôs a realização de uma arbitragem, em que as duas partes concordariam em aceitar um valor estabelecido por um promotor do MPT, cuja decisão seria irrecorrível, o que não teria sido aceito pela montadora. A disputa, portanto, continua tramitando na Justiça e a próxima audiência está marcada para 6 de junho.

O sindicato acusa a Volks de estar reinvestindo R$ 2 bilhões de incentivos fiscais do governo paranaense em sua fábrica em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, onde fica a matriz brasileira da montadora. A fábrica paranaense estaria operando 10% acima de sua capacidade, produzindo, desde 2005, 220 mil veículos ao ano, o que teria motivado o afastamento de 600 trabalhadores de chão de fábrica por doenças relacionadas ao trabalho.

A Volkswagen informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não vai se pronunciar.

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