A presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Wasmália Bivar, disse nesta segunda-feira (26), no Rio de Janeiro, que a adesão dos servidores à greve é parcial na maioria das unidades, em todo o o país, que já deliberaram pela paralisação e que técnicos permanecem exercendo suas atividades, o que sinaliza que não haverá descontinuidade na divulgação dos indicadores considerados essenciais para a sociedade brasileira.
"E é assim que nós queremos continuar nesse processo, de forma a garantir para a sociedade que aquelas informações essenciais para a tomada de decisões privadas e públicas [serão divulgadas] para garantia de que os contratos serão celebrados e confirmados. Essa essencialidade da nossa produção será mantida. Ou seja, vai haver divulgação, por exemplo, do Produto Interno Bruto (PIB), no próximo dia 30", afiançou. Ela completou que a direção do IBGE está atenta à coleta e à divulgação de todas as pesquisas conjunturais.
De acordo com a Associação de Servidores do IBGE (Assibge), a paralisação já atingiu 15 das 31 unidades do instituto. Na terça-feira (27) será decidida, em assembleia, a paralisação ou não na unidade Canabarro, no Maracanã, na capital fluminense.
A presidente assinalou que a direção do instituto tem mantido um canal permanente de diálogo com a representação dos funcionários, tendo feito sete reuniões nos últimos sete meses, das quais [ela] participou de quatro. "A direção nunca se recusou a conversar". Para Wasmália, a pauta apresentada pelo sindicato da categoria tem "motivações políticas, que parecem ser mais importantes do que as reivindicações trabalhistas". Como exemplo, citou o pedido para ela saia da direção ou que haja a reintegração, no momento, dos recursos orçamentários do IBGE. "Isso é desconhecer como o IBGE funciona". Segundo Wasmália, como os servidores pedem sua saída da presidência do órgão, isso inviabiliza sua posição como negociadora.
Ela concordou que é legítimo o pleito dos funcionários de equiparação salarial com a carreira de gestão, caso do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) ou do Banco Central, o que representaria, para o nível superior, por exemplo, aumento de 37%. "Essa reivindicação é antiga e todos nós endossamos. Queremos isso também. A questão é a oportunidade e a maneira de encaminhar isso em momentos em que possa ser aceito e levado adiante, no âmbito do governo", ponderou.
Ela se pergunta por que motivos os grevistas não incluíram na pauta o reajuste de benefícios como vale-alimentação, auxílio-creche ou auxílio-saúde, que atingiram patamares muito baixos. "Não tem nada disso na pauta de reivindicações apresentada". Não faz parte também a retribuição de titulação, que compõe os pleitos de todo o corpo funcional de nível superior, avaliou. Wasmália disse ainda que a medida aprovada na negociação de 2012 acabou criando uma distorção, porque a retribuição para quem tem mestrado, por exemplo, é R$1,4 mil, enquanto uma gratificação de qualificação para um funcionário de nível médio, que tenha cursos técnicos de até 360 horas, sobe para R$ 2 mil.
O concurso efetuado no ano passado não solucionou a carência de pessoal do IBGE, reconheceu Wasmália. Ela espera, contudo, que haja um atendimento regular, para "que todos os anos, possamos realizar concurso e, dessa forma, dar garantias de continuidade ao nosso trabalho". O IBGE conta atualmente com 5,8 mil funcionários e necessita ampliar o quadro, por causa das aposentadorias que vêm ocorrendo. O ideal, disse a presidenta, seria um quadro em torno de 7 mil servidores.
Wasmália Bivar informou que a partir de terça-feira (27) vai começar a ter dados mais precisos sobre a adesão ao movimento de paralisação. Para isso existe o controle eletrônico do ponto, lembrou. Acrescentou que se alguma unidade tiver problema de pessoal, "a direção vai mandar gente para lá", de modo a garantir a continuidade dos trabalhos. A ordem do Ministério do Planejamento é para que seja assinalada falta no ponto dos grevistas e que os salários sejam descontados na próxima folha de pagamento.
Outra questão complicada diz respeito aos funcionários temporários, que a Assibge quer que sejam substituídos por efetivos. Facultado por lei, o IBGE conta com 4,5 mil funcionários temporários por um prazo que foi estendido recentemente de dois para três anos. Desses, menos de 200 são sindicalizados. Eles recebem um salário de R$ 1.020 para uma carga de oito horas de trabalho por dia e executam somente atividade de coleta de dados. Já um recém-contratado de nível médio, do quadro efetivo, recebe salário final de R$ 4.626,68 se comprovar cursos técnicos.
Ela disse que a diferença salarial se justifica porque os funcionários efetivos exercem outras atividades além da coleta, "o que não significa que não estejamos atentos à necessidade de melhoria na remuneração dos temporários". Wasmália alertou, porém, que o movimento de reivindicação de aumento pelos temporários não pode ocorrer junto com o dos servidores públicos lotados no IBGE. A Secretaria de Relações do Trabalho do ministério deixou claro que a associação de servidores do IBGE não representa os temporários. A inclusão desses servidores temporários no quadro permanente só pode ocorrer por meio de concurso público.
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