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Confira a projeções para cinco indicadores |
Confira a projeções para cinco indicadores| Foto:

O economista e ex-ministro Delfim Netto escreveu em um recente artigo, em tom de brincadeira, que a economia costuma ser considerada "a mais artística das ciências e a mais científica das artes". Não está claro se as previsões econômicas embutem mais arte ou mais ciência, mas é certo que as apostas dos economistas frequentemente travam um duro combate com a realidade – e, em geral, saem perdendo.

Em sete dos últimos oito anos, o resultado final do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro ficou mais de 10% acima ou abaixo do que os departamentos econômicos de bancos e consultorias previam no início de maio – em quatro ocasiões, a diferença passou de 35%. As estimativas foram mais precisas em 2008, quando o PIB cresceu 5,08%, 9% a mais do que os economistas apostaram em maio (4,66%). Mas a "margem de erro" habitual é bem maior. De 2001 a 2008, o número oficial do PIB ficou, em média, 32% acima ou abaixo do que os palpites indicavam no quinto mês do ano. Em valores absolutos, a diferença média entre a projeção e o dado real ao longo desta década foi de 1,11 ponto porcentual.

Os dados foram levantados pela Gazeta do Povo a partir do relatório semanal Focus, no qual o Banco Central revela as expectativas de 80 bancos e consultorias para uma série de indicadores. As projeções para a taxa básica de juros (Selic) e o dólar são as que têm menor margem de erro: em oito anos, a diferença média entre as expectativas e a realidade ficou em 17% e 18%, respectivamente. Mas, no caso da inflação, a distância chegou a 40%. No saldo da balança comercial, a 63%.

Embora permaneçam relativamente altas, as margens de erro diminuíram nos últimos quatro anos – por sinal, uma época marcada por poucos sobressaltos na economia, ao menos se comparada com o intervalo 2001-2004. O erro médio da expectativa do PIB ficou em 18%, o da inflação em 20% e o da Selic em apenas 2%. Aparentemente, o mercado entende cada vez melhor o comportamento do Comitê de Política Monetária do BC: em 2005 e 2007, por exemplo, os economistas acertaram na mosca qual seria o juro básico ao fim do ano.

Outros bons palpites foram a previsão para o câmbio em 2006 – o relatório Focus indicou dólar a R$ 2,20, e a moeda fechou o ano em R$ 2,14. As estimativas para a balança comercial, historicamente as mais grosseiras, melhoraram muito. Em 2007, esperava-se um saldo positivo de US$ 40,5 bilhões, pouco acima do resultado efetivo (US$ 40 bilhões). Em 2008, a balança fechou em US$ 24,8 bilhões, 0,8% abaixo das previsões.

O que esperar

Em janeiro, o mercado previa que o PIB cresceria 2,4% em 2009. Atualmente, espera, na média, uma queda de 0,44%. Um possível alento é que os economistas ouvidos pelo BC costumam subestimar o desempenho da economia: em 2002, 2004, 2006, 2007 e 2008, o PIB cresceu mais do que eles esperavam.

Se isso ocorrer novamente neste ano, e o mercado errar sua previsão em grau parecido com o dos últimos oito anos, é possível que a queda efetiva do PIB seja mais discreta, de 0,3%, ou mesmo que haja um tímido avanço de 0,67%. Por outro lado, se desta vez os economistas estiverem superestimando a atividade econômica, pode haver retração de mais de 1,5%.

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