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Fabricantes de produtos de madeira puxaram para cima a média da indústria | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
Fabricantes de produtos de madeira puxaram para cima a média da indústria| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

Análise

Atividade aumentou e receita diminuiu

Pesquisa publicada na segunda-feira pela Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) mostrou que o faturamento do setor caiu bastante tanto em relação a dezembro (-21,7%) quanto na comparação com janeiro de 2011 (-16%). E a Fiep advertiu que, por causa da quebra da safra agrícola e da forte base de comparação, existe o risco de que o primeiro semestre deste ano seja mais fraco que o do ano passado.

Alguns pontos do levantamento da federação (nível de emprego, horas trabalhadas e uso da capacidade instalada) já sugeriam que, apesar de ter vendido menos, a indústria paranaense provavelmente havia produzido mais em janeiro que no mesmo mês do ano passado – impressão que acabou confirmada ontem pelo IBGE.

Assim, o cruzamento das duas pesquisas sugere que a indústria do Paraná foi pega de surpresa no começo deste ano: aumentou a produção, na expectativa de uma demanda mais forte, mas acabou vendendo menos.

No entanto, produção e vendas não têm de estar, necessariamente, sincronizadas. O que foi fabricado em janeiro pode ter sido vendido em fevereiro ou mesmo em março. Por isso, ainda é difícil visualizar perspectivas mais nítidas para o desempenho do setor neste ano. Os levantamentos dos próximos meses é que devem indicar, com mais precisão, se a indústria paranaense continuará "descolada" da realidade nacional ou se cairá no marasmo que desde 2011 caracteriza boa parte da produção brasileira.

A produção industrial do Paraná diminuiu bastante na passagem de dezembro para janeiro. Mesmo assim, começou o ano em ritmo mais intenso que o visto no início de 2011. Foi o que mostrou a Pesquisa Industrial Mensal referente ao primeiro mês do ano, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).Segundo o levantamento, em janeiro a atividade da indústria paranaense caiu 11,5% em relação a dezembro, na série livre de influências sazonais. Essa retração, que "devolveu" boa parte do avanço de 15,3% acumulado de outubro a dezembro do ano passado, foi a segunda mais forte dentre os 14 locais pesquisados pelo IBGE, inferior apenas à sofrida pelo Pará (-13,4%). Na média nacional, a produção caiu 2,1%.

Por outro lado, na comparação com janeiro de 2011 a indústria do Paraná elevou sua produção em 4,8%. Quinto mais alto do país, o crescimento ocorreu na contramão da média da indústria brasileira, que, nesse mesmo tipo de comparação, recuou 3,4%.

Das 14 atividades industriais monitoradas pelo IBGE no estado, nove produziram mais em janeiro deste ano que no mesmo período do ano passado. Os segmentos que mais se destacaram foram os de edição e impressão, com alta de 32,8%; máquinas e equipamentos (32,7%); madeira (30%); e alimentos (4,9%). O instituto atribuiu esses resultados à maior fabricação de produtos como livros didáticos, colheitadeiras, máquinas para panificação, madeira serrada, painéis de madeira, café e farelo de soja.

Entre as cinco atividades que produziram menos em janeiro, duas registraram quedas de dois dígitos: a indústria de produtos químicos, com atividade 20,8% menor que a do primeiro mês de 2011; e a de veículos, com baixa de 35,8%.

Principal responsável pelo crescimento de 7% da indústria paranaense em 2011, a produção de veículos foi justamente a que exerceu a maior "influência negativa" para o resultado geral do setor em janeiro. O fraco desempenho das montadoras se deve principalmente à paralisação das atividades da Volvo, cujos funcionários estiveram em férias coletivas entre 1.º e 23 de janeiro.

"A concessão de férias, normalmente fracionada entre os meses de dezembro e janeiro, ocorreu concentrada em janeiro", disse, em nota enviada à imprensa, o diretor-presidente do Ipardes, Gilmar Mendes Lourenço.

De acordo com o economista Rodrigo Lobo, da Coordenação de Indústria do IBGE, o desempenho da indústria automotiva foi ruim em todos os estados onde há produção de caminhões. "Várias empresas do setor concederam férias em janeiro. No Rio de Janeiro, por exemplo, a produção de veículos caiu 68%", diz.

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