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A Companhia Brasileira de Televisão (CBTV), que arrendou a Central Nacional de Televisão (CNT) em agosto de 2006, demitiu na semana passada 25 profissionais, entre os quais seis jornalistas, da sede da emissora em Curitiba. De acordo com o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (Sindijor-PR), uma equipe muito pequena foi mantida na capital paranaense – o quadro de jornalistas teria sido reduzido a duas pessoas.

A CBTV Comunicações pertence ao empresário Nélson Tanure, que comanda a Docas Investimentos, o Jornal do Brasil, a Gazeta Mercantil e a revista Forbes Brasil, e que no ano passado tentou adquirir a Varig. Quase todas as companhias passavam por sérias dificuldades financeiras quando foram compradas por Tanure e, em seguida, sofreram profundos cortes de pessoal.

"Pedimos à direção da CBTV, na última segunda-feira, que nos enviasse as rescisões de contrato, para analisarmos se há algum problema. Eles não têm a obrigação, mas prometeram fazer isso. Por enquanto, não recebemos os documentos", disse o diretor de defesa corporativa do Sindijor-PR, Márcio Rodrigues.

Ao arrendar a CNT, a CBTV anunciou a intenção de fazer uma grande mudança na programação da emissora, que hoje é quase totalmente "alugada" para igrejas evangélicas e programas de vendas. A proposta era ampliar a cobertura jornalística e os programas de conteúdo local. No entanto, ocorre exatamente o oposto no Paraná.

Com o arrendamento, a "cabeça de rede" passou a ser o Rio de Janeiro, de onde Tanure comanda todos os seus negócios. Diretor da CNT até agosto do ano passado, Flávio Martinez – irmão do fundador da rede, José Carlos Martinez, morto em 2003 –, reitera que um dos objetivos do contrato com a CBTV, que tem a duração de cinco anos, é "incrementar a programação local". "O espírito é aumentar [o número de funcionários], mas eu não posso falar por eles [CBTV], não sei qual é a estratégia deles", disse Martinez, demonstrando um certo desconforto com as demissões no Paraná.

O diretor comercial da CBTV, Márcio Tanure, não foi localizado para comentar o assunto, mas uma fonte da companhia informou que os cortes em Curitiba ocorreram por questão de "estratégia comercial". "Houve demissões no Paraná, mas estão sendo contratados profissionais no Rio de Janeiro", disse.

Denominada Rede OM até 1993, a rede atingiu seu auge um ano antes, quando se tornou a primeira rede nacional de televisão estabelecida fora do eixo Rio – São Paulo. Na época, chegou a ter Galvão Bueno como narrador esportivo, transmitindo jogos da Taça Libertadores da América e corridas da Fórmula Indy. Pela emissora passaram apresentadores famosos e controvertidos como Luiz Carlos Alborghetti, Ratinho, Sérgio Mallandro e Clodovil.

A pujança do início dos anos 90 coincidiu com o escândalo PC Farias, e a proximidade entre José Carlos Martinez e o então presidente Fernando Collor – ambos eram do mesmo partido, o PRN – alimentou rumores de que a emissora teria sido beneficiada com o esquema montado pelo tesoureiro da campanha de Collor. A questão nunca foi além da especulação, mas, depois do impeachment, a audiência e o número de funcionários da rede encolheram consideravelmente.

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