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Aparelhos usados ​​na extração de petróleo no campo offshore de Manifa, com operação da Aramco, na Arábia Saudita
Aparelhos usados ​​na extração de petróleo no campo offshore de Manifa, com operação da Aramco, na Arábia Saudita| Foto: Simon Dawson/Bloomberg

A demanda global por petróleo poderá atingir um pico nos próximos 20 anos, de acordo com uma avaliação incluída no prospecto da oferta pública inicial (IPO) da Saudi Aramco. Considerada a maior petrolífera do mundo, a estatal saudita incluiu no documento a previsão de um consultor da indústria IHS Markit, que aponta chances de um pico de demanda por petróleo por volta de 2035 e que passaria a diminuir a partir de 2040.

Um segundo cenário divulgado no prospecto prevê uma transição mais rápida dos combustíveis fósseis, levando o pico de demanda para o final da década de 2020.

Embora a companhia não apoie explicitamente essas previsões de procura pela commodity, os diretores da empresa acreditam que os dados fornecidos pelo consultor são "confiáveis", o que fez com que sua inclusão no documento de 658 páginas chamasse a atenção de investidores em todo o mundo: indica que as opiniões das autoridades sauditas sobre o futuro do setor energético podem estar mudando.

Em fevereiro, o CEO da Aramco, Amin Nasser, descartou preocupações com o aparecimento de alternativas ao petróleo (classificadas por ele como "não baseadas na lógica e nos fatos") e disse que elas surgiram "principalmente em resposta a pressões e exageros". Um ano antes, em um evento da indústria em Houston, ele afirmou que "não estava perdendo o sono devido ao pico de demanda". O ministro do Petróleo da Arábia Saudita, Khalid Al-Falih, foi igualmente desdenhoso em 2017 ao dizer que as conversas entre executivos, analistas e ativistas de energia estavam "equivocadas".

Agora, no prospecto de sua IPO, a Aramco reconhece que as políticas de mudança climática "podem reduzir a demanda global por hidrocarbonetos e impulsionar a mudança para combustíveis fósseis com menor intensidade de carbono, como gás ou fontes alternativas de energia". A pressão social para reduzir a poluição e as emissões de carbono "já levou a uma variedade de ações que visam reduzir o uso de combustíveis fósseis", destaca o documento.

As novas previsões da Aramco apresentam um futuro de prazo mais longo se comparadas àquelas que a companhia forneceu em abril. Há pouco mais de seis meses, a empresa dava aos investidores uma visão do mercado de petróleo até 2030 e não forneceu qualquer indicação de pico de demanda ; agora, fornece uma perspectiva até 2050 além dos cenários da IHS Markit.

Cenário

Grandes empresas europeias como a Shell já declararam preocupações com o pico da demanda por petróleo. Ainda assim, a Aramco pode se consolar com o fato de que, como uma das produtoras de menor custo, sua participação no mercado pode aumentar à medida que a demanda cai. Mesmo em um caso de baixa, com um eventual pico de demanda no final da década de 2020, a participação de mercado da Arábia Saudita pode aumentar de 15% a 20% até 2050, de acordo com o prospecto.

Estimativas também mostram que as reservas do país poderão sustentar a produção nas próximas décadas à medida que a empresa melhore a exploração dos campos. A companhia poderá continuar extraindo até 11 milhões de barris de petróleo bruto e condensado por dia até a década de 2030, e possivelmente subir para 13 milhões de barris por dia na década de 2040, segundo analistas da consultoria Sanford C. Bernstein.

O documento também fornece informações sem precedentes sobre o desempenho financeiro, a estratégia e os riscos comerciais da petrolífera saudita, à medida que o maior produtor mundial de petróleo se prepara para sua primeira venda de ações, no início de dezembro. O governo saudita ainda não informou quantas ações planeja vender, tampouco a faixa de preço indicativa dos papéis.

O príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman afirmou anteriormente que a Aramco deve ser avaliada em US$ 2 trilhões, mas banqueiros que tentaram avaliar a empresa sugeriram que ela pode valer entre US$ 1,1 trilhão e US$ 2,5 trilhões. Os investidores começarão a licitar a compra de ações da companhia petrolífera em 17 de novembro.

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