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Puxados pelo varejo, setores da economia apresentam recuperação em “V”, diz governo
| Foto: Henry Milleo/Arquivo/Gazeta do Povo

O governo afirma que alguns setores da economia já apresentam uma recuperação econômica em “V”, ou seja, estão se recuperando rapidamente após o forte tombo registrado em abril e maio em virtude da recessão causada pela pandemia do novo coronavírus. O varejo é quem está se saindo melhor, junto com o setor agrícola, que quase não foi afetado pela crise da Covid-19.

As conclusões fazem parte de nota técnica divulgada nesta quinta-feira (10) pela Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia. A secretaria diz que as pesquisas mensais divulgadas pelo IBGE referentes ao começo do terceiro trimestre deste ano indicam que a economia brasileira está se recuperando rapidamente após o pico da crise do coronavírus. No segundo trimestre, a economia encolheu 9,7% na comparação com os três primeiros meses do ano.

Parte dessa queda, porém, tende a ser revertida neste terceiro trimestre. Segundo a SPE, as pesquisas mensais da Indústria (PIM) e do Comércio (PMC) sinalizam que o nível de atividade atual está próximo ao valor anterior à pandemia. Ela destaca ainda que o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) mostra que o setor agrícola foi muito pouco afetado.

Somente o setor de serviços tem apresentado uma recuperação mais lenta. Ele ainda precisa avançar 17% para retornar ao patamar pré-crise, ou seja, aos indicadores de fevereiro de 2020. “O setor de serviços foi o mais afetado pela quarentena. Diversos segmentos, como restaurantes, alojamento e transportes, foram severamente abalados pelas medidas de distanciamento social”, diz a SPE em nota, acrescentando que o setor só deve ter um bom desempenho nos últimos três meses do ano.

Varejo

Em relação ao varejo, que vem se recuperando fortemente da crise, a secretaria destaca o aumento de 9,9% em julho nas vendas de alimentos e supermercados quando comparadas ao mesmo mês de 2019. Outro destaque foi a comercialização de móveis e eletrodomésticos, que superou em mais de 26% o mesmo nível do ano passado.

Resultados semelhantes também foram verificados para os segmentos de artigos farmacêuticos, médicos e de perfumaria (13,4%) e material de construção civil (22,7%), também na comparação com julho de 2019.

Os números levantados pela SPE fazem parte da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada pelo IBGE. Ao todo, o volume de vendas do varejo restrito cresceu 5,2% em julho de 2020. Considerando o varejo ampliado, que inclui automóveis e materiais de construção, a alta foi de 7,2%.

Em nota, a secretaria reconhece que alguns setores do varejo, como tecidos, vestuário, calçados, veículos e combustíveis, ainda estão abaixo do nível de julho de 2019. Contudo, diz que as variações na margem, comparada às de junho deste ano, indicam que estes setores também têm se recuperado, ainda que mais lentamente que as demais atividades do comércio.

Indústria

Em julho, segundo o IBGE, a indústria começa a apresentar sinais de recuperação, ainda que esteja num ritmo bem mais lento de retomada que o varejo. A produção industrial cresceu 8% na comparação com junho, terceira alta seguida, mas ainda insuficiente para recuperar as perdas da pandemia e o nível pré-pandemia. Em relação a julho de 2019, a indústria recuou 3%.

O fato positivo está na recuperação da indústria em julho em 12 das 15 regiões pesquisadas pelo IBGE. “O comportamento reflete, em grande medida, a ampliação do movimento de retorno à produção de unidades produtivas, após paralisações/interrupções por conta dos efeitos causados pela pandemia da Covid-19”, diz o IBGE em nota.

Produção agrícola

Sobre a produção agrícola, a conclusão da SPE, com base em dados do IBGE, é que o setor praticamente não foi afetado pela crise do novo coronavírus. A estimativa da safra de grãos para este ano é de 251,7 milhões de toneladas, aumento de 10,2 milhões de toneladas em relação à 2019, um crescimento de 4,2%.

O destaque é a expansão das lavouras de trigo (38,0%), arroz (7,2%) e soja (6,6%) em relação à produção de 2019. "Esse resultado mostra que o desempenho das principais culturas brasileiras continua forte e sugere que o setor foi pouco afetado pela pandemia”, afirma a SPE.

Políticas de proteção surtiram efeito, diz governo

A secretaria atribui os resultados positivos da economia no terceiro trimestre às “políticas de proteção do governo federal implementadas para o curto prazo”, mas destaca que é necessária a retomada da agenda de reformas e consolidação fiscal para que os efeitos sejam duradouros.

“Reiteramos que o diagnóstico do baixo crescimento da economia brasileira é a baixa produtividade, que decorre da má alocação de recursos. Desse modo, o caminho que resulta em elevação do bem estar dos brasileiros é adotar as medidas que busquem a correção da má alocação por meio de incentivos à expansão do setor privado pelas vias de mercado”, afirma a SPE, destacando como importantes medidas já aprovadas ou em tramitação como os novos marcos legais do saneamento, do gás elétrico e da cabotagem e a nova lei de recuperação judicial e falências.

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