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Yunus é responsável por criar o Grameen Bank (Banco do Povo) em meados da década de 1980, que desenvolveu um sistema de microcrédito para emprestar dinheiros aos mais pobres | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Yunus é responsável por criar o Grameen Bank (Banco do Povo) em meados da década de 1980, que desenvolveu um sistema de microcrédito para emprestar dinheiros aos mais pobres| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

O economista e vencedor do Prêmio Nobel, Muhammad Yunus, de 74 anos, diz ser muito feliz por ter nascido em Bangladesh. O país, com 150 milhões de habitantes, é menor do que o território do Paraná e enfrenta dificuldades históricas por conta da superpopulação. “Lá nós temos tantos problemas que se você levanta o dedo encosta em pelo menos 100 deles. Mas se eu tivesse nascido em um país sem nenhum problema com certeza morreria de tédio”, disse Yunus, arrancando risos e aplausos da plateia que lotou o auditório do Guairão, neste domingo (3) , em Curitiba, para assisti-lo numa série de palestras do Congresso Internacional de Negócios Sociais e Empreendedorismo, promovido pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Yunus é responsável por criar o Grameen Bank (Banco do Povo) em meados da década de 1980, que desenvolveu um sistema de microcrédito para emprestar dinheiros aos mais pobres de sua terra natal. A iniciativa, que lhe garantiu o Prêmio Nobel da Paz em 2006 conta hoje com 8,5 milhões de mutuários, sendo que 97% são mulheres.

O bengalês, conhecido como “banqueiro dos pobres”, veio ao Brasil para difundir seu mais recente projeto: desenvolver o que ele batizou de “negócios sociais”, empresas que visam resolver problemas sociais e investem o lucro para dar continuidade às suas atividades.

O esforço no Brasil é capitaneado pela Yunus Negócios Sociais, empresa que tem como missão apoiar e financiar empreendedores que estejam dispostos a encarar o desafio.

O senhor veio ao Brasil difundir sua ideia de negócio social. Poderia explicar melhor como funciona esse tipo de atividade?

O negócio social tem lucro, mas direciona esse ganho apenas para o próprio negócio. É uma atividade dedicada a resolver uma questão social. Todo o dinheiro investido no negócio social, retorna novamente ao investidor ou à própria empresa. Então o negócio se mantém, mas não há dividendos. Todo o lucro obtido através da venda de um produto, por exemplo, retorna novamente à empresa para que ela continue gerando suas atividades. Assim o negócio só precisa captar mais dinheiro se quiser ampliar suas atividades. O negócio social é totalmente sustentável.

As pessoas podem investir em um negócio que vai ajudar outras pessoas e ainda receber o dinheiro de volta. Na caridade você doa dinheiro, mas ele não retorna para você. O negócio social é uma opção melhor.

Muhammad Yunus economista criador do Grameen Bank (Banco do Povo)

Como incentivar investidores tradicionais a se tornarem investidores sociais?

Eu acredito que os investidores tradicionais já dedicam parte de seu dinheiro a fundações ou a caridade. As pessoas estão acostumadas a colocar dinheiro em atividades que não foquem necessariamente o lucro. E se eles já estão acostumados a fazer doações para ações beneficentes, por que não investiriam em um negócio que vai lhe devolver o dinheiro investido e ainda ter caráter social? As pessoas podem investir em um negócio que vai ajudar outras pessoas e ainda receber o dinheiro de volta. Na caridade você doa dinheiro, mas ele não retorna para você. O negócio social é uma opção melhor.

Qual o potencial do Brasil para o desenvolvimento de negócios sociais?

Eu vejo que os brasileiros têm muita consciência social. Vejo que vocês querem mudar a vida da comunidade em que vivem, querem ajudar outros brasileiros mais necessitados. Não aprovam a forma em que eles vivem. Eu vejo que os brasileiros querem achar soluções para os problemas do país e o negócio social oferece esta oportunidade.

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