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Quatro empresas estrangeiras confirmaram interesse em participar da primeira fase do leilão do trem-bala brasileiro, prevista para 29 de maio do ano que vem.A japonesa Mitsui, a francesa Alstom, a canadense Bombardier e a espanhola CAF já estão se movimentando para fornecer a tecnologia e operar o sistema que ligará Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro.

O diretor da Mitsui no Brasil, Kazuhisa Ota, disse que a empresa está formando um consórcio com outras grandes companhias japonesas, como Toshiba, Hitachi e Mitsubishi Heavy Industries -que lideraria a parte tecnológica do grupo.Para o executivo, a mudança no modelo da licitação, que separou a operação da infraestrutura do TAV (Trem de Alta Velocidade), foi bem-vinda.

Agora, diz Ota, empresas estrangeiras que detêm a tecnologia ficam menos expostas aos riscos da obra civil do projeto. "Essa modelagem nova resolve muita coisa, facilita as coisas." "O risco da construção civil foi eliminado porque o governo assumiu o risco", disse o diretor-presidente da CAF no Brasil, Paulo Fontenele. "Estamos vendo [o leilão] com muita serenidade."

A CAF e a também espanhola Renfe formarão consórcio para participar da primeira fase da disputa. "Estamos trabalhando, nossos estudos estão prontos. Estamos montando um consórcio a partir da Espanha", disse Fontenele. O grupo espanhol deverá ter também parceiros brasileiros.

Segundo o diretor-presidente da empresa no país, todo o material rodante a ser utilizado, caso o consórcio seja o vencedor, será fornecido pela CAF, que já possui uma fábrica de vagões em Hortolândia (a 109 km de São Paulo). "Queremos fabricar em Hortolândia e já estamos estudando a ampliação da fábrica."

A francesa Alstom informou, por meio de nota, que há uma equipe "totalmente dedicada a analisar todo o pacote das condições, a fim de ter um posicionamento preciso sobre o projeto".

"A Alstom tem intenção de seguir na sua parceria com a operadora nacional francesa SNCF e, neste âmbito, Alstom e SNCF reafirmam o interesse no projeto", diz o comunicado. "[Alstom e SNCF] vão continuar discutindo com todas as partes interessadas a fim de ajudar a trazer a tecnologia de trens de alta velocidade para o Brasil."

Outra companhia estrangeira de olho no leilão é a canadense Bombardier, que acompanha "o processo de perto há alguns anos". A empresa canadense diz que, "quando a hora certa chegar, anunciará o modelo da possível participação"

Para a Bombardier, o TAV que ligará os dois maiores centros urbanos brasileiros é essencial para o desenvolvimento econômico e social da região. A empresa avalia que o acesso entre Rio e São Paulo chegou ao limite pelos meios de transporte disponíveis.

Outras interessadas

Segundo fonte do governo que acompanha o tema, o leilão do trem-bala atrai também o interesse de empresas da Coreia do Sul e da Alemanha. A companhia alemã seria a Siemens.

Procurada, a Siemens afirmou que não comentaria o assunto. Já a operadora alemã de ferrovias Deutsche Bahn disse não ter interesse em atuar como operadora no projeto. Porém, seu grupo de consultoria e engenharia, DB International, já atua no Brasil em projetos como a otimização das operações da SuperVia, no Rio de Janeiro.

"A DB International não é construtora ou operadora, ela assume consultoria profissional ou funções de controle em certas fases de projetos de construção... É possível que haja um papel de consultoria no consórcio no futuro", afirmou a companhia.

O leilão do trem-bala deveria ter ocorrido em dezembro de 2010, mas a licitação foi adiada para abril de 2011 e depois para julho daquele ano.Como nenhuma empresa ou consórcio entregou proposta naquela ocasião, o governo mudou o modelo da licitação, dividindo o projeto em duas partes.

Dúvidas

A presidente Dilma Rousseff é entusiasta do projeto, que tem investimento total estimado em 33,6 bilhões de reais e é prioridade no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

A versão final do edital do leilão da primeira fase do trem-bala ainda não foi divulgada, e por isso persistem algumas dúvidas a respeito das regras que permitirão ou não a presença de alguns grupos estrangeiros na disputa.

Para a escolha do operador do trem-bala, o governo incluiu algumas exigências qualitativas, como a necessidade de o operador já atuar há pelo menos 10 anos com o serviço de transporte de alta velocidade e não ter sido responsabilizado nesse período por nenhum acidente fatal em suas linhas.

"Temos que saber qual é a definição de "acidente'. É um atropelamento? Só saberemos quando sair o edital", afirmou o professor do departamento de transportes da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), Telmo Giolito Porto.

Segundo a fonte do governo, que preferiu não se identificar, as novas regras deixam de fora um possível operador chinês para o projeto brasileiro.A taxa interna de retorno do projeto deve ser de 6,32 por cento ao ano durante o prazo de 40 anos da concessão. A minuta do edital estabelece ainda tarifa-teto de 0,49 real por quilômetro percorrido, a ser cobrada na classe econômica no trajeto de 412 quilômetros entre as cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro.O critério para escolha do vencedor do leilão será o da melhor relação entre o valor de outorga oferecido pelo investidor e o menor custo de investimento que esse operador exigir para a construção da infraestrutura da ferrovia.

O leilão de infraestrutura está previsto para o início de 2014. O prazo máximo para a construção do trem-bala, segundo a minuta de edital, é 2020. Mas a meta do governo é ter a obra pronta em 2018.

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