• Carregando...
Não é preciso desistir daquela viagem dos sonhos porque o dólar subiu. | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Não é preciso desistir daquela viagem dos sonhos porque o dólar subiu.| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Pressões internas, principalmente relativas às Eleições, e externas, como a política de juros e os conflitos comerciais encabeçados pelos Estados Unidos – e regados à tweets e declarações polêmicas de Donald Trump – já estavam no radar dos analistas para o câmbio de 2018. Mas nem todos apostavam em uma oscilação acima dos R$ 4. Pois bem, o dólar fechou a R$ 4,03 nesta terça-feira (21), pressionado por uma nova rodada de pesquisas eleitorais. Nas casas de câmbio, isso significou a compra do dólar turismo por preços acima de R$ 4,20.

Um levantamento do site de pesquisa de cotações MeuCâmbio.com.br mostra que a imensa maioria dos viajantes brasileiros não costuma se preparar para cenários como este. Apenas 23,72% deles conseguem se planejar e driblar a instabilidade do dólar por meio do fracionamento de suas compras.

Reunimos, abaixo, quatro dicas que podem amenizar o efeito da alta da moeda norte-americana em planos como viagens internacionais e intercâmbios. Confira:

1) Fique de olho na cotação diária, nas casas mais em conta e compre dólar aos poucos

A recomendação geral diante de uma viagem internacional ou mesmo de um intercâmbio é que comprando a moeda do país de destino aos poucos e aproveitando os momentos de baixa, o peso final de eventuais altas dessa moeda fique mais diluído e não force mudanças radicais no que já foi planejado. Como fazer isso?

LEIA TAMBÉM: Por que o dólar turismo é mais caro que o comercial

Primeiro, é preciso ficar de olho na cotação diária do dólar comercial. Em dias de baixa, vale pesquisar as casas de câmbio para saber também qual o recuo na cotação do dólar turismo, sempre mais caro que o comercial porque engloba custos administrativos e é usado em volume menor no mercado. Aproveitar alguns dias de recuo podem significar uma economia grande quando a viagem chegar.

Há alguns recursos para essa pesquisa nas casas de câmbio. Uma dica é acompanhar, sistematicamente, o ranking do VET (Valor Efetivo Total) das casas de câmbio, no site do Banco Central. O VET engloba não só a cotação da moeda, mas também a taxa de câmbio, o IOF e outras tarifas de cada casa de câmbio. Embora o VET seja atualizado apenas mensalmente, ele é um indicativo importante sobre quais casas de câmbio são, em geral, mais baratas.

Além disso, e principalmente nos dias de queda do dólar, vale também consultar plataformas como MelhorCâmbio.com e MeuCâmbio.com.br, que reúnem e comparam ofertas de casas de câmbio.

2) Aproveite os programas e também o mercado secundário de milhas

Depois de recuar dois anos seguidos, o estoque de pontos em programas de fidelidade cresceu 13% em 2017 na comparação com o ano anterior, segundo dados do Banco Central. Além disso, a quantidade de pontos expirados caiu 32%, mostrando que o consumidor tem buscado mais maneiras de converter milhas em benefícios. No ano passado, os pontos de programas de recompensa somaram 209,3 bilhões, ante 184 bilhões em 2016.

Ainda assim, tem muita gente que ainda não aproveita esse tipo de recurso. Dados da Associação Brasileira das Empresas do Mercado de Fidelização (ABEMF) mostram que cerca de 10% da população brasileira usa esses programas. Em países onde o setor é mais maduro, essa fatia sobe para 45%.

Mas não basta ter vontade de viajar. Para entrar nesse mundo, é preciso ter as finanças organizadas, já que será vantajoso usar o mais o cartão de crédito para acumular pontos. Sem controle sobre o orçamento doméstico, essa opção é arriscada. Também é preciso saber se o seu cartão de crédito é elegível para algum programa de pontos e milhas. E nem todos são.

Além disso, é preciso escolher o programa certo, ou seja, um que esteja ligado às companhias aéreas que operam nos destinos da sua preferência. O Smiles é da Gol, o Multiplus da Latam, o Amigo da Avianca e o TudoAzul, da Azul, por exemplo.

LEIA TAMBÉM: Brasileiros estão aproveitando melhor os pontos de fidelidade mesmo com o dólar alto

Além dos programas tradicionais, há uma espécie de mercado secundário que tem crescido – plataformas nas quais se pode vender milhas ou comprar passagens mais baratas. O lote mínimo costuma ser de 10 mil milhas – que vale, em média, de R$ 200 a R$ 300.

As empresas desse setor compram milhas vendidas pelos usuários e usam o estoque acumulado para emitir passagens, cobrando uma taxa. Na MaxMilhas, por exemplo, a comissão vai de 12% a 30%, a depender de fatores, como a companhia aérea.

3) Atenção para aquelas despesas mais sujeitas ao câmbio

Passagens e estadia são despesas que podem ser melhor planejadas e até quitadas antes da viagem em si. Mas em tempos de disparada do dólar é preciso cuidar com outras despesas mais sujeitas ao comportamento do câmbio.

Ainda em abril, quando a cotação do dólar começou a passar dos R$ 3,70, o planejador financeiro José Faria Júnior, da Planejar, deu algumas dicas sobre como cortar despesas diante de um dólar alto.

Ele ressaltou que as despesas como transporte, alimentação e passeios estão entre aquelas mais sujeitas à flutuação das moedas estrangeiras. Sem grandes prejuízos para a viagem, portanto, vale pesquisar pequenas mudanças como a troca de trechos que seriam feitos de táxi ou Uber por ônibus e metrô.

Pesquisar um ou outro passeio do qual você não pretende abrir mão e tentar garanti-lo com certa antecedência, ficando de olho nas ofertas e na cotação do dólar. Também vale incluir mais passadas em supermercados e mercearias como parte da rotina de alimentação, ao invés de contar apenas com refeições fora do hotel ou imóvel alugado para a viagem. São pequenas mudanças que exigem um pouco mais de pesquisa e planejamento, mas que podem fazer a diferença no custo final da viagem.

4) É possível se planejar também com o cartão de crédito

Embora o mais recomendado pelos especialistas seja sempre levar uma parte do dinheiro da viagem em espécie e outra em cartões pré-pago, alguns artifícios já permitem evitar a incerteza do câmbio também no cartão de crédito.

Desde novembro de 2016, o BC permite que os bancos ofereçam aos clientes a possibilidade de travar, no cartão de crédito, a cotação do dólar referente ao dia da compra. Assim, seria possível escolher um dia de cotação baixa para efetuar uma compra desejada ao invés de ficar sujeito à cotação da moeda no dia do vencimento da fatura. A Caixa Econômica Federal é um dos bancos que oferecem essa vantagem.

Outro artifício oferecido por alguns bancos é a possibilidade de carregar o cartão de crédito com moedas estrangeiras como se ele fosse um cartão pré-pago. Neste caso, a cotação que vale é aquela do dia do carregamento e as compras internacionais serão descontadas somente desse montante planejado. O Itaú Unibanco é uma das instituições que já oferecem isso em alguns dos seus cartões.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]