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O impacto do recuo do dólar, que gera mais investimentos e maior concorrência no mercado interno, sobre os preços foi o principal argumento do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central para acelerar o ritmo de corte dos juros na última semana, cortando a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, para 12% ao ano. A informação consta na ata da última reunião do Copom, divulgada nesta quinta-feira (14).

Na semana passada, o processo de redução dos juros foi intensificado, mas não por unanimidade. Cinco membros do Copom votaram por uma redução de 0,50 ponto percentual, mas outros dois queriam um corte menor - de 0,25 ponto percentual. Na reunião anterior do Copom, em abril, este argumento já estava presente, mas não foi suficiente para convencer a todos os diretores do BC - que acabaram, naquela ocasião, baixando os juros de forma mais lenta.

A ata divulgada hoje, porém, informa que a "maioria [dos membros do Copom] argumentou que a contribuição do setor externo para a consolidação de um cenário benigno para a inflação no horizonte de projeção, poderá ser maior do que a inicialmente contemplada, especialmente pela disciplina exercida sobre os preços de bens transacionáveis e por meio da ampliação dos investimentos, em ambiente de demanda aquecida". "Tal contribuição estaria ampliando o escopo para que as taxas de crescimento da demanda agregada e da oferta doméstica voltem a se equilibrar em um prazo relevante para as decisões de política monetária, sem comprometer a convergência para a trajetória das metas de inflação", informou o BC na ata.

Os membros da diretoria que queriam um corte menor na semana passada, de 0,25 ponto percentual, argumentaram, porém, que diante dos cortes de juros já efetuados desde setembro de 2005, na magnitude de 7,75 pontos percentuais, aliados ao crescimento da renda - que gera mais gastos - e de um quadro de "sólida expansão doméstica por bens e serviços", seria recomendável manter o ritmo mais lento de corte dos juros.

"Membros do Copom entenderam que, diante da extensão do processo de flexibilização já implementado, das incertezas remanescentes quanto aos impactos defasados do estímulo monetário já injetado na economia, do comportamento esperado dos outros fatores de sustentação do dispêndio, como o crescimento da renda, em um quadro de sólida expansão da demanda doméstica por bens e serviços transacionáveis e não transacionáveis, e do fortalecimento da atividade econômica, a manutenção do ritmo de redução da taxa básica de juros em 25 p.b. contribuiria para estender no tempo o processo de flexibilização", informou a ata.

Expansão da demanda doméstica

O Copom avaliou ainda, por meio da ata, que o ritmo de expansão da demanda doméstica pode colocar "riscos" para a "dinâmica inflacionária no médio". "O Comitê avalia que, desde sua última reunião, as influências de fatores externos e internos sobre o balanço de riscos para a trajetória esperada da inflação se exacerbaram, e atuaram em direções opostas. O setor externo, que vem atuando de forma importante para ampliar a oferta agregada, continua tendo influência predominantemente benigna sobre as perspectivas para a inflação, ao passo que o ritmo de expansão da demanda doméstica pode colocar riscos para a dinâmica inflacionária no médio prazo", diz a ata.

Definição da taxa de juros

O BC define a taxa de juros com base no sistema de metas de inflação. Para este ano e para 2008, a meta central estabelecida é de 4,5%. Como existe um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima e para baixo, pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.

Ao baixar os juros, o Banco Central estimula o consumo e, ao elevá-los, impede o crescimento dos gastos da população e, consequentemente, da inflação.

Neste momento, o Banco Central já está mirando na meta de inflação de 2008, visto que existe uma defasagem de seis meses para que um corte dos juros tenha impacto pleno na economia. A estimativa de inflação do mercado financeiro para o próximo ano, porém, está em 4%, abaixo, portanto, da meta central de 4,5%. Isso indica que as reduções de juros deverão ter continuidade.

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