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Ofertas no comércio de fim de ano: o grande inimigo do investimento é o consumo | Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo
Ofertas no comércio de fim de ano: o grande inimigo do investimento é o consumo| Foto: Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo

Mudar de estratégia costuma ser má ideia

Começou um investimento, melhor não trocar. Mudar a estratégia pode reduzir ganhos. Além disso, para sair ganhando o investidor deve ter cuidado com mudanças de planos. O consultor Mauro Calil, da Calil&Calil, lembra que as mudanças de estratégia normalmente cobram do investidor uma "penalidade". Quem decidiu pegar o adiantamento do décimo-terceiro em fevereiro e aplicar em um fundo de renda fixa para gastar no início de 2013 – deixando os recursos parados por mais de 360 dias – pagará 17,5% de IR. Mas se o investidor mudar de ideia e resolver usar o dinheiro em junho (menos de 180 dias depois de aplicar), cairá na alíquota de 22,5% do IR.

"Muita gente diz que quer aplicar no longo prazo, mas, ao mesmo tempo, sacar os recursos a qualquer hora, caso necessário", avalia Calil. Como ter o melhor de dois mundos não é fácil, o consultor recomenda fazer diversos tipo de aplicação, com objetivo manter de prazos diferentes.

Além disso, é preciso sempre levar em conta as possíveis perdas antes de mudar o plano para o investimento. "Não adianta ter estratégia de investimento se depois a pessoa não se controla", diz Marcos Heringer, professor do Ibmec/RJ e da FGV/RJ.

Para quem está recebendo neste mês a maior parte do décimo-terceiro deste ano com a intenção de pagar à vista as contas do início do ano, como IPTU e IPVA, matrícula na escola e material escolar, dificilmente haverá muito espaço para aplicar. "O melhor é ganhar o que der na poupança", recomenda Gilberto Braga, professor de finanças do Ibmec/RJ.

O fim do ano é época de festas, confraternização e dinheiro no bolso, sobretudo por causa do 13.º salário. Também é hora de pensar nas férias de verão. Quem é organizado financeiramente, porém, pode estar pensando já no décimo-terceiro salário de 2012. Segundo especialistas, para quem vai tirar férias logo no início do próximo ano, vale a pena pegar adiantada a primeira parcela do abono de 2012 e aplicar. Mas isso só vale para os organizados.

Ao receber logo o adiantamento do abono do fim do ano, o trabalhador pega um recurso que, a princípio, ficaria no caixa da empresa empregadora e pode sair ganhando se investir. Por isso, para o consultor financeiro Mauro Calil, da consultoria Calil & Calil, o investidor que tem a opção "pode e deve" pedir o adiantamento do 13.º salário no início do ano. O problema é a tentação de gastar os recursos antes. "É uma opção lucrativa do ponto de vista financeiro, mas somente para quem é controlado nos gastos e obstinado em fazer poupança", diz Gilberto Braga, professor de finanças do Ibmec/RJ.

Na maioria dos casos, a estratégia vale para quem está com férias marcadas para fevereiro em diante, explica o advogado Gleibe Pretti, especializado em direito trabalhista e autor de O novo aviso prévio (editora Campus/Elsevier). Isso porque a legislação determina que o pagamento da primeira parcela do 13.º salário seja feito de 1.º de fevereiro a 30 de novembro. Algumas empresas, porém, oferecem o adiantamento mesmo para quem sai de férias em janeiro. Para receber a primeira parcela adiantada no momento das férias, os interessados devem solicitar o benefício ao empregador, normalmente, em janeiro.

Segundo Pretti, as empresas não são obrigadas a fazer o adiantamento antes de 30 de novembro. Por isso, a estratégia de receber a primeira parcela do décimo-terceiro em fevereiro ou março para investir o dinheiro depende da concordância da empresa. O advogado chama atenção também para o benefício fiscal de adotar a estratégia. A primeira parcela corresponde à metade do décimo-terceiro, mas os tributos – Imposto de Renda (IR) e a contribuição para o INSS – incidem apenas na segunda parcela, paga até 20 de dezembro. Em termos líquidos, portanto, o adiantamento corresponde a mais de 50% do abono de fim de ano.

Por fim, a consultora Sandra Blanco, autora do livro A bolsa para mulheres (Editora Campus/Elsevier), faz um alerta: aplicações visando ao curto e médio prazo, como uma viagem em julho de 2012 ou pagar as contas no início de 2013, devem passar longe de ações ou outras opções mais arriscadas e voláteis. A bolsa só é recomendada por especialistas quando o objetivo da aplicação é de longuíssimo prazo. É o caso do dinheiro economizado para a aposentadoria. Os mais planejados podem usar sempre o adiantamento do décimo-terceiro para aplicar em ações, mas o dinheiro não pode ser necessário a qualquer momento.

Prazo influi no tipo de aplicação

Segundo especialistas, os tipos de aplicação a serem escolhidos por quem vai investir o adiantamento do 13.º salário dependem de três variáveis principais: o valor, o objetivo (e, portanto, o prazo da aplicação) e o perfil de risco do investidor. Em geral, pequenos valores a serem usados no curto prazo podem ficar melhor na tradicional caderneta de poupança, apesar do baixo rendimento.

Na avaliação do consultor Mauro Calil, isso vale quando o objetivo do investidor é usar a aplicação em até seis meses – por exemplo, se a ideia é usar o adiantamento do 13.º salário de 2012 para pagar contas do início do ano mesmo ou para pagar uma viagem nas férias de julho. Para objetivos para dali a um ano ou um ano e meio, as opções de renda fixa (como fundos DI, de renda fixa, CDBs ou o Tesouro Direto) podem ser mais vantajosas. É o caso de quem usará o adiantamento para gastar no fim de 2012 ou para pagar as contas do início de 2013.

A diferença se explica por causa do Imposto de Renda (IR). Nos fundos conservadores, CDBs e títulos públicos (Tesouro Direto), quanto menor o tempo de investimento, maior a alíquota do tributo. A aplicação por até 180 dias paga 22,5% de IR. Por isso, se a ideia é receber o adiantamento do décimo-terceiro em fevereiro e guardá-lo para usar em julho, esses tipos de aplicação não compensam na comparação com a poupança.

Quanto menores os valores e os prazos, contudo, menores serão as diferenças entre os tipos de aplicação. Simulações feitas pelo professor de finanças Marcos Heringer, do Ibmec/RJ e da FGV/RJ, mostram isso. Um profissional com salário mensal de R$ 3 mil pode receber R$ 1,5 mil de adiantamento. Esse valor aplicado por três meses na poupança renderia ganho de R$ 26,97. Aplicado num fundo DI com taxa de administração de 2%, o ganho seria de apenas R$ 21,95. Com a tendência de queda na taxa básica de juros (a Selic baliza os investimentos em renda fixa) em queda, os cálculos de Heringer mostram que a poupança pode ganhar do fundo DI até mesmo na aplicação por um ano.

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