• Carregando...

Após a divulgação, na noite de quinta-feira, das novas tarifas de geração para 81 usinas que poderão renovar seus contratos de concessão, executivos do setor já começaram a calcular o impacto que os valores atualizados para baixo pelas próximas três décadas podem causar nas finanças das companhias. Contas preliminares indicam uma redução média de mais de 70% nas receitas dessas unidades.

O governo até complicou o trabalho das empresas, apresentando as novas tarifas de cada usina definidas por quilowatt/ano (kW/ano) em vez do tradicional megawatt-hora (MWh). Mas cálculos iniciais feitos pelo presidente da Associação Brasileira de Investidores em Auto Produção de Energia (Abiape), Mário Menel, ajudam a ter um panorama inicial da "devastação tarifária" promovida pela renovação dos contratos.

Considerando um fator de 0,55 correspondente à produtividade média de todas as usinas do setor interligado brasileiro, o executivo chegou a um resultado médio de R$ 23,46 por MWh para o grupo das 81 unidades em processo de renovação. O valor é 72,4% menor que a média de R$ 85 por MWh praticada no país atualmente. "Não temos um parâmetro de referência totalmente esclarecido ainda, mas já dá para perceber que o impacto foi enorme. Cada companhia terá de fazer suas próprias contas", avaliou Menel.

Pelos cálculos do executivo, mesmo a maior tarifa dessas usinas ainda estará abaixo da média atual brasileira. A usina de Forquilha, da Companhia Estadual de Geração e Transmissão de Energia Elétrica (CEEE-GT), teve valor fixado em R$ 324,4 por kW/ano, que, segundo a fórmula de Menel, corresponderia a cerca de R$ 67,34 por MWh. A energia mais barata, do complexo Ilha Solteira, da Cesp, custaria apenas R$ 5,94 por MWh (ou R$ 28,6 por kW/ano, na tabela do governo).

Indenização

Menel também destacou que o volume das indenizações divulgadas ontem pelo Ministério de Minas de Energia (MME) – que ficaram em torno de R$ 20 bilhões para 15 usinas e nove transmissoras – não passou nem perto das expectativas do setor que, por valores contábeis, chegavam a R$ 47 bilhões.

Somente a Eletrobras esperava receber R$ 30 bilhões e terá de se contentar com menos da metade, cerca de R$ 14 bilhões. A Cesp, que pedia R$ 9 bilhões, ficou com pouco menos de R$ 1 bilhão.

Tumulto à vista

"Com certeza o governo só divulgou as tabelas no início da noite para não tumultuar muito o mercado, mas ainda haverá muita repercussão na bolsa de valores a partir de segunda-feira", disse Menel.

Ele ponderou, no entanto, que ainda assim as principais companhias do setor sairão do processo bem capitalizadas por esse volume de ressarcimento – o saque das indenizações poderá ser feito à vista. As empresas terão até 4 de dezembro para revisarem seus cálculos e decidirem se querem ou não renovar os contratos sob as novas condições impostas pelo governo.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]