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No mercado dos vinhos, os consumidores estão trocando marcas mais caras por outras mais baratas, importadas ou nacionais: impacto do câmbio foi repassado apenas parcialmente. | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
No mercado dos vinhos, os consumidores estão trocando marcas mais caras por outras mais baratas, importadas ou nacionais: impacto do câmbio foi repassado apenas parcialmente.| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

A alta do dólar de quase 45% no acumulado do ano chegou aos preços de forma mais lenta do que em desvalorizações cambiais passadas, já que a atividade econômica mais fraca criou dificuldades para o repasse integral dos aumentos para os consumidores.

Alguns segmentos mais ligados à importação, como o de alimentos e bebidas, por exemplo, realizaram reajustes menores após intensificarem a negociação com fornecedores.

De acordo com Adilson Carvalhal Júnior, presidente do conselho deliberativo da Associação Brasileira de Exportadores e Importadores de Alimentos e Bebidas (Abba), os importados estão em média 25% a 30% mais caros desde o começo do ano.

“Varia se o importador conseguiu um preço melhor, mas de maneira geral é isso. Tivemos que negociar bastante porque se fôssemos repassar todas as altas do câmbio os preços ficariam inviáveis, cerca de 50% a 60% mais altos” afirma.

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No mercado dos vinhos, os consumidores estão trocando marcas mais caras por outras mais baratas, importadas ou nacionais. Segundo Carvalhal, essa é uma tendência. “Se ele consumia o vinho tal, agora está procurando um mais em conta”, afirma.

Isso mostra porque o consumo da bebida aumentou 4,6% no primeiro semestre do ano se comparado ao mesmo período de 2014, crescimento que acontece no momento em que as famílias reduziram suas compras em 0,9% no primeiro trimestre, de acordo com dados do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin).

Aumentos pela frente

O economista André Braz, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (FGV/Ibre), afirma que a economia não está aquecida o suficiente para garantir os repasses para os consumidores por causa do câmbio desvalorizado. “Tem vários produtos que poderiam ter uma alta maior de preços agora, mas isso não se apresenta porque não há demanda suficiente para garantir isso. Mas, no futuro, acredito que já haja condição e que isso vá acontecer”, afirma.

Segundo o pesquisador, mesmo produtos que sofreram aumentos, como a gasolina, que teve o preço reajustado em 6%, e o diesel, em 4%, nas refinarias no começo deste mês, podem sofrer novos efeitos do câmbio no ano que vem, já que a desvalorização acumulada ainda não foi corrigida pela Petrobras. Nas bombas, o valor da gasolina aumentou 6,4% em Curitiba, de R$ 3,171 para R$ 3,373 por litro. No estado todo, o preço do litro subiu 5,8%, passando de R$ 3,252 para R$ 3,44, conforme dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP).

O mesmo pode acontecer com a energia elétrica produzida por Itaipu, já que o cálculo para a definição da tarifa da usina neste ano levou em consideração um dólar a R$ 2,60 e o acúmulo de altas faria diferença na conversão do valor de geração de dólares para reais pelas distribuidoras. A afirmação foi feita pelo diretor-geral da usina, Jorge Miguel Samek, durante evento na FGV Energia. Segundo Samek, o valor da energia gerada por Itaipu deve ser mantido em cerca de US$ 37 por megawatt-hora (MWh) em 2016, mesmo patamar deste ano.

Colaborou Fernando Jasper
Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Eletrônicos apostam em lançamentos para superar impacto do câmbio

A indústria de eletrônicos, altamente dependente de componentes e peças importadas, investe no lançamento de novos produtos para combater o impacto do dólar nos preços. “Os eletrônicos de consumo têm um ciclo de vida menor. Por isso, normalmente fica difícil repassar a variação cambial porque os modelos são modificados e quando você vai fazer o repasse do aumento aquele modelo já foi substituído”, afirma Humberto Barbato, presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee).

Segundo Barbato, a indústria de eletrônicos registrou uma deflação de 2% de janeiro a agosto deste ano, principalmente porque os produtos são lançados com preços maiores, que são reduzidos ao longo do tempo. Inclui-se nesta lista computadores, tablets e celulares.

Lei do Bem

Apesar disso, as perspectivas do segmento para 2016 não são boas para os consumidores já que os eletrônicos devem sofrer impactos diretos com o fim dos benefícios fiscais da Lei do Bem a partir de dezembro, que zerava as alíquotas de PIS/Cofins. Barbato estima altas de cerca de 10% no preço dos produtos já ainda neste fim de ano.

O consultor Carlos Tortelli, da Consult, afirma que o investimento em inovação da indústria ficará comprometido com o fim dos benefícios fiscais. “Isso é trágico para as indústrias que planejaram seus investimentos com essa dedutibilidade. Além disso, passamos a péssima imagem de insegurança jurídica aos investidores que, por falta de caixa, o governo opta por suspender benefícios. O consumidor com certeza será penalizado com aumentos”, diz.

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