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Polêmica e com a imagem ainda arranhada após o acidente de Fukushima, a energia nuclear vem buscando argumentos para sobreviver, em meio a questionamentos sobre dois de seus principais riscos: a destinação dos rejeitos radioativos e a possibilidade de acidentes de grande proporção, como ocorreu no Japão. Em relação à destinação de rejeitos, soluções definitivas vêm sendo buscadas em todo o mundo. Há alternativas em testes na França e na Rússia, e outras já em uso na Índia, Japão e Grã Bretanha.

Esses países já fazem a reciclagem das cápsulas de urânio usadas como combustível das usinas nucleares com uma tecnologia conhecida desde a década de 1940, mas que ainda é considerada cara. Mesmo assim, o reaproveitamento do "lixo nuclear", rico em urânio, está no horizonte de vários países, inclusive do Brasil.

De acordo com o presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva, o país poderá ter uma planta de reciclagem em 40, 50 anos, quando o parque nuclear ganhar mais escala. "Agora não se justificaria", disse à reportagem.Depois de usada, cada pastilha de urânio contém 97% de material radiativo reaproveitável, sendo 96% de urânio e 1% de plutônio.

Especialistas entendem que se uma solução definitiva para o rejeito nuclear for encontrada, a resistência à instalação de novas usinas será mais fácil de derrubar.

Rússia

A reciclagem da pastilha de urânio vem sendo desenvolvida com grande ênfase na Rússia, um dos países que mais incentiva esse tipo de energia, e no futuro pretende se tornar uma espécie de banco para receber o material usado do mundo inteiro. Recicladas, as pastilhas voltariam para seus países de origem para serem reutilizadas.

A estatal russa Rosatom trabalha no momento para reduzir o preço da reciclagem. Na França ela custa em torno dos US$ 1.000 por quilo de urânio reprocessado. A meta é chegar a US$ 600/kg.

"Com um percentual de 97% para reaproveitamento, é um produto bom, útil e rentável. Muitos países já tem essa tecnologia, mas nem todo mundo desenvolve porque é caro", explica Mikhail Baryshnikov, chefe para Projetos de Gestão de Combustível Nuclear Irradiado (SNF) da Rosatom.

"Quando você armazena o lixo (em piscinas), demora milhões de anos para chegar a um determinado nível aceitável de radiação. Quando você reprocessa, e separa o urânio, o resto (3%) demora "só' cem anos. Ou seja, além de conseguir reaproveitar 97% do lixo, que é uma solução econômica, há também uma solução ecológica. É bom para gerações futuras", afirma.

Segundo ele, os Estados Unidos tem, por exemplo, 75 mil toneladas de combustível usado, "e eles estão só esperando uma solução econômica viável para reutilizarem", afirma.

O processo de reaproveitamento é caro porque precisa de uma grande planta e muita solução química, uma tecnologia muito avançada. Atualmente, a Rússia tem 22 mil toneladas de combustível usado e apto ao reprocessamento, mas paga pelo armazenamento desse volume.

Na estimativa da Rosatom, reprocessar será mais barato do que armazenar. "Por isso estamos desenvolvendo essa tecnologia", disse Baryshnikov.

A maioria das instalações comerciais de reprocessamento opera na França, no Reino Unido e na Rússia, com uma capacidade de cerca de 5 mil toneladas por ano e com uma experiência acumulada de 80 mil toneladas em mais de 50 anos.

Uma nova instalação de reprocessamento com uma capacidade 800 toneladas/ano está em processo de comissionamento no Japão. A França e o Reino Unido também fazem reprocessamento de instalações de outros países, notadamente do Japão, que fez mais de 140 transferências de combustível usado para a Europa desde 1979.

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