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Sueli já marcou reunião com o diretor da escola onde estudam seus três filhos; ela chegou a procurar outros colégios, mas não achou diferenças significativas de preço | Antônio More/ Gazeta do Povo
Sueli já marcou reunião com o diretor da escola onde estudam seus três filhos; ela chegou a procurar outros colégios, mas não achou diferenças significativas de preço| Foto: Antônio More/ Gazeta do Povo

Interior

Inadimplência pressiona índice

Em Maringá, as instituições de ensino pesquisadas ainda não definiram o valor das mensalidades de 2011, o que deve ocorrer somente após uma reunião marcada para a segunda quinzena deste mês pelo Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Noroeste do Paraná (Sinepe/Nopr).

De acordo com o presidente da entidade, José Carlos Barbieri, a tendência é de que o aumento não deva passar dos 10%. "Na reunião, nós vamos sugerir um índice, mas isso vai depender das escolas, já que cada administração tem seus custos, despesas e investimentos", explica.

Além das taxas de serviço e impostos pagos pelas instituições, Barbieri informou que a inadimplência dos pais de alunos e o investimento em melhorias também vão influenciar no aumento das mensalidades. "As escolas que investem em reformas estão tendo dificuldades, já que a mão de obra na construção civil é pequena e cara para atender à demanda. Além disso, a taxa de inadimplência nas instituições de ensino de Maringá varia entre 3,5% e 9%, e isso também acaba influenciando no reajuste", justifica.

No ano passado, as mensalidades tiveram aumentos entre 4% e 12% na região Noroeste. Segundo o banco de dados da Secretaria de Estado da Educação (Seed), Maringá conta com cerca de 140 estabelecimentos de ensino particulares que vão da educação infantil até o ensino médio. Em Foz do Iguaçu e em Ponta Grossa, também não há definição sobre reajuste de mensalidades.

Colaboraram Denise Paro, da sucursal em Foz do Iguaçu, e Ismael de Freitas, da sucursal em Ponta Grossa.

Marcus Ayres, da Gazeta Maringá

  • Veja como foram os reajustes nos últimos cinco anos

As escolas particulares de Curitiba iniciaram a temporada de rematrículas com reajuste nas mensalidades entre 5,5% e 7,5%, em média. Esta é a quinta vez em sete anos que os aumentos de mensalidade estão acima da inflação apontada pelo Índice Nacional de Preços ao Con­sumidor (INPC), medido pelo IBGE e que foi de 4,29% no período de 12 meses encerrado em agosto. Os porcentuais de au­­mento de mensalidade para 2011 foram levantados pela reportagem da Gazeta do Povo com as secretarias de dez estabelecimentos de ensino em Curitiba –em um deles, o reajuste chegou a 18%.

O Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (Sinepe) preferiu não divulgar um porcentual de aumento médio para as 2 mil escolas afiliadas no estado. Alguns colégios ainda não definiram quais serão os valores cobrados em 2011. Segundo Ademar Pereira, presidente do Sinepe, a disparidade ocorre porque a planilha de custos das escolas inclui ainda outros valores, que não estão vinculados à inflação. "Cada escola faz uma relação de seus gastos, e o reajuste pode aumentar de uma instituição para outra. Ao longo do ano, a escola pode fazer investimentos e depois justificar o aumento em sua planilha de custos", afirma.

Salários

Pereira também cita o pagamento de salários e aluguel como indutores de reajuste de mensalidade. "Temos de definir o nosso preço agora e manter até dezembro do ano que vem. O reajuste dos professores será definido em março. Não sabemos qual será o valor, mas sempre supera a inflação. Além disso, o aluguel é reajustado pelo IGPM, que costuma ficar entre 8% e 9% ao ano", justifica.

Agnelo Silva Lopes, tesoureiro do Sindicato dos Professores do Paraná (Sinpropar), refuta a responsabilidade da categoria sobre os aumentos de mensalidade. "O aumento dado a nós neste ano foi de 5,75%, nos quais há apenas 1% de aumento real. Se [o responsável pelo aumento nas mensalidades] fosse o salário dos professores, deveria ser nos mesmos porcentuais. A categoria não tem recebido ganhos reais suficientes para causar reajuste de mensalidades", argumenta.

Sandro Silva, economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeco­nômicos (Dieese-PR), também acredita que a explicação dada pelas escolas para os aumentos é insuficiente. "Ano após ano, as escolas estão aumentando os preços acima da inflação. Os investimentos destas empresas não devem ser pagos pela mensalidade cobrada dos pais, pois são um risco da atividade capitalista", defende.

Negociação

O economista aconselha os pais a discutir o valor proposto com as instituições de ensino. "É importante que os pais cobrem a divulgação da planilha de custos do colégio e seu filho. Com isso, é possível negociar uma queda de preços", sugere. A empresária curitibana Sueli Fiori Sequinelo conta ter recebido 10% de aumento na mensalidade de cada um dos três filhos. A família já tem reunião marcada com o diretor da escola para negociar uma redução no valor. "Se o aumento ficasse só na mensalidade, não seria um problema tão grande. Mas existem ainda outros gastos, como uniforme e material. Dá quase para ficar louca", desabafa.

Sueli fez algumas tomadas de preço, à procura de opções mais econômicas em outros colégios da cidade. No entanto, ela avalia não haver diferença considerável de preço entre as escolas, e refuta a hipótese de transferir os filhos. "Não tem como escolher por uma qualidade mais baixa de ensino. A educação é algo que eles vão levar para a vida toda. Além disso, as crianças adoram a escola em que estudam", explica.

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Interatividade

Qual a melhor maneira de negociar com as escolas para evitar reajustes abusivos nas mensalidades?

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