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Lista inclui 2,8% das importações do estado

Fernando Jasper

Os 102 produtos incluídos na lista de retaliação divulgada pela Camex respondem por pouco menos de 3% do que o Paraná importa dos Estados Unidos. Na média de 2008 e 2009, o estado comprou dos EUA – seu quinto principal fornecedor internacional – aproximadamente US$ 714 milhões por ano em mercadorias. Desse total, os produtos que pagarão taxas mais altas responderam por apenas US$ 20 milhões, ou 2,8%. Incluindo na conta as importações de outros países, a lista da Camex corresponde a apenas 0,17% de tudo o que o Paraná compra do exterior.

No estado, o produto mais afetado pelo aumento das taxas é o trigo, cuja alíquota de importação subirá de 10% para 30%. No ano passado, as compras do grão norte-americano somaram US$ 3,7 milhões. Mesmo se confirmada, a retaliação brasileira não deve causar transtorno aos moinhos paranaenses – a maior parte do trigo importado pelo estado vem do Paraguai (US$ 82,6 milhões em 2009) e da Argentina (US$ 23,9 milhões).

Do grupo de máquinas e equipamentos, principal categoria que o estado importa dos EUA, apenas três produtos, pouco expressivos na pauta, estão na lista da Camex: congeladores, cortadores de grama e leitores de códigos de barras. Adubos e fertilizantes, em segundo lugar no ranking das importações, ficaram de fora da retaliação.

Brasília - Uma série de produtos norte-americanos poderá ficar mais cara para o consumidor brasileiro daqui a 30 dias. Esse é o prazo para a entrada em vigor da retaliação comercial que o país pode promover contra os Estados Unidos – uma medida autorizada pela Organização Mundial do Comércio (OMC) por causa dos subsídios que Washington concede aos produtores de algodão. Na lista de retaliação, foram incluídos 102 itens, que vão desde alimentos, como frutas e ketchup, até automóveis e insumos, como o trigo, cuja tarifa vai subir de 10% para 30%. O objetivo é elevar o custo desses bens e, consequentemente, estimular a substituição pelo consumo de equivalentes nacionais ou importados de outros países.

"Não esperamos um aumento de preços no mercado. Apenas os produtos americanos ficarão mais caros’’, explicou a secretária-executiva da Câmara de Comércio Exterior (Camex), Lytha Spíndola. "Espera-se que ocorra um desvio de comércio para produtos de outros fornecedores."

Autoridades dos EUA, no entanto, ainda tentam negociar uma saída que evite que a retaliação seja colocada em prática. O USTr, espécie de Ministério de Comércio Exterior americano, informou ontem que está "desapontado" com a publicação do rol de retaliação. Hoje é a vez do secretário de Comércio americano, Gary Locke, chegar ao país para buscar um acordo.

Mas o governo brasileiro, apesar de seguir aberto ao diálogo, alega ainda não ter recebido uma proposta satisfatória. "Temos recebidos indicações em vários níveis políticos sobre negociação, mas nada concreto’’, afirmou o diretor do Departamento Econômico do Itamaraty, Carlos Márcio Cozendey.

Com a lista, o governo espera que os setores afetados pela medida pressionem o Congresso americano a retirar ao menos parte do subsídio ao algodão. A retaliação, que tem prazo de vigência de um ano, pode ser renovada enquanto os EUA continuarem a conceder incentivos ilegais e que distorcem o mercado mundial do produto.

O valor estimado para o impacto da sobretaxação de bens nos próximos 12 meses é de US$ 591 milhões. Essa quantia é calculada a partir da importância da variação do preço de cada produto na decisão de consumo dos consumidores. Por exemplo, o aumento de 18% para 36% nas alíquotas de importação de artigos de higiene pessoal, como xampus e cremes dentais americanos, seria suficiente para estimular a escolha de outras marcas, que não sofrem a penalidade.

"A OMC autoriza tarifas adicionais de até 100 pontos porcentuais, mas a maior parte da lista não foi aplicada nesse patamar, que seria proibitivo ao comércio’’, afirmou Cozendey.

Propriedade intelectual

Como o direito de retaliação conquistado pelo Brasil para 2010 chega a US$ 829 milhões, o restante desse potencial, US$ 238 milhões, estará voltado para propriedade intelectual e serviços – cuja implementação será divulgada posteriormente. É nesta medida, chamada de "retaliação cruzada", que o governo brasileiro imagina que deve haver um impacto mais forte sobre o governo norte-americano. Os produtos que serão objeto da retaliação cruzada ainda serão colocados em consulta pública, no fim deste mês.

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