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Ministro Tarcísio de Freitas retomou diálogo com caminhoneiros, mas paralisação parece um caminho sem volta| Foto: Ricardo Botelho/MInfra

O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, sinalizou a alguns líderes dos caminhoneiros nesta quinta-feira (28) que vai atuar para construir pontes entre a categoria e outros poderes e órgãos do governo federal. A ideia do ministro é construir um diálogo com os transportadores autônomos a fim de evitar a greve convocada para a madrugada de segunda-feira (1º).

A conversa entre o ministros e caminhoneiros começou às 15h e se estendeu até por volta das 17h30 no Ministério da Infraestrutura, em Brasília. Segundo um dos transportadores presentes, estiveram presentes em torno de 12 pessoas, entre representantes do governo e dos transportadores autônomos.

Ao longo da reunião, o ministro fez um ponto a ponto das demandas listadas na pauta de reivindicações e disse que o que é de sua competência direta ele não medirá esforços para atender, a exemplo de novas construções de pontos de parada e descanso (PPDs) em rodovias.

Quanto às demandas que cabem a outros órgãos do governo ou poderes, o ministro acenou que irá tentar aproximar os caminhoneiros dos respectivos responsáveis, a exemplo do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, e do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.

O que explica o gesto de Tarcísio em ser uma ponte para os caminhoneiros

A pauta que líderes e representantes dos caminhoneiros levarão para a greve convocada em 1º de novembro tem 14 itens, além de um genérico 15º, que fala sobre "demais assuntos da categoria dos caminhoneiros autônomos". A questão é que nem todas essas pautas estão sob a alçada direta do Ministério da Infraestrutura.

A constitucionalidade do piso mínimo de frete, por exemplo, que é a primeira pauta da lista, está sob a alçada do STF. Líderes autônomos cobram do governo um diálogo com Fux para que o presidente da Suprema Corte paute o julgamento das ações que pedem a inconstitucionalidade do piso mínimo de frete.

Caminhoneiros querem o julgamento e articulam junto aos ministros do STF para que o piso mínimo, previsto em uma legislação que já vigora, a Lei nº 13.703/2018, seja considerado constitucional. Mesmo sendo uma pauta com a qual Tarcísio não concorda, ele se dispôs em atuar como intermediador.

"Aquilo que está na alçada dele, ele se comprometeu. A questão, por exemplo, do piso mínimo, a única única coisa que ele falou é que pode ser a ponte de trazer o ministro Fux para conversar. Ele fez o gesto, mas não falou que vai trazê-lo para uma reunião. Ele vai tentar a ponte, até porque não é da alçada do ministro", diz um representante dos transportadores na reunião.

O ministro também acenou com a possibilidade de aproximar a categoria do ministro Bento Albuquerque. "Ele já faz essa ponte com os tanqueiros (caminhoneiros que transportam combustíveis) e disse que tentaria essa intermediação", explica um líder caminhoneiro. A categoria quer discutir com o Ministério de Minas e Energia a substituição da política de preço de paridade de importação (PPI), atualmente em vigor, pela de preço de paridade de exportação (PPE), a fim de reduzir o preço do óleo diesel nas bombas.

Qual o impacto da reunião sobre a greve

A reunião agradou aos líderes caminhoneiros presentes, mas o fato é que o ministro Tarcísio de Freitas e os transportadores autônomos deixaram o encontro sem a certeza de que isso evitará uma nova greve dos caminhoneiros. Lideranças presentes entendem, contudo, que o governo não pode ser responsabilizado por isso.

"Até porque muitos líderes poderiam ter ido na reunião de hoje e não foram", diz um transportador presente na reunião. Como informou a Gazeta do Povo, o Ministério da Infraestrutura convidou diferentes lideranças para a reunião desta quinta entre a noite de terça-feira (26) e a tarde de quarta-feira (27), mas boa parte recusou o convite.

As lideranças presentes na reunião se comprometeram com Tarcísio em conversas com outros líderes e autônomos das bases da categoria para explicar o teor da reunião e apelar para que a greve não aconteça, sob a justificativa de que o Ministério da Infraestrutura atuará para aproximá-los dos respectivos tomadores de decisão. Os caminhoneiros dizem à reportagem, contudo, que não há previsão de uma nova rodada de diálogo com o ministro.

Transportadores mais próximos do governo atribuem o esvaziamento da reunião desta quinta às entidades que convocaram a paralisação: a Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística (CNTTL) e o Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC).

Já representantes dessas entidades sustentam que o movimento de paralisação é orgânico e negam ter feito pressão para que líderes rejeitassem o convite à reunião com Tarcísio. Caminhoneiros que atuam na região da Baixada Santista, por exemplo, aprovaram nesta quinta a adesão à greve.

Pela manhã, em reunião semipresencial organizada pela Frente Parlamentar Mista dos Caminhoneiros Autônomos e Celetistas, os organizadores da greve reiteraram que ela está mantida. A ala dos caminhoneiros disposta a manter a paralisação demanda que sejam recebidos pelo presidente Jair Bolsonaro, por Fux, e também tentam encaminhar outras pautas dentro do Congresso Nacional.

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