Falta de preparo da mão de obra é entrave para os empresários
A expectativa de aumento nas contratações deve elevar ainda mais a dificuldade de alguns setores da economia que já encontram barreiras para encontrar mão de obra especializada. O presidente do Sindicato das Indústrias Metal-Mecânicas do Paraná (Sindimetal-PR), Alcino de Andrade Tigrinho, ressalta o trecho da pesquisa da Manpower que diz que 64% dos empresários brasileiros têm dificuldades para preencher as vagas com profissionais qualificados.
O dirigente lamenta o fato de as empresas terem perdido capital humano qualificado durante a crise. "Esses profissionais ou já estão trabalhando [em outras empresas], ou mudaram de área. Agora, os empresários precisam investir novamente em treinamento", diz.
O tema da escassez de mão de obra também foi debatido durante o seminário "Projeto País: Governança e Gestão Desafios da Infraestrutura", realizado no mês passado pelo Instituto de Engenharia do Paraná (IEP). O evento reuniu engenheiros de todo o país em Curitiba para elaborar estratégias que deverão ser entregues aos candidatos à Presidência da República em um congresso nacional da categoria, em agosto. Segundo o IEP, o Brasil forma 32 mil engenheiros por ano, número considerado insuficiente para a atual demanda do mercado de trabalho.
Números
Estudo indica alta de 40% sobre 2009
A pesquisa realizada pela Manpower, multinacional norte-americana da área de recursos humanos, mostra que o número de contratações no Brasil terá um aumento de 40% neste trimestre em relação ao mesmo período do ano passado. Caso os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, sejam usados como base, o levantamento indica que o país poderá criar 880 mil vagas entre os meses de julho e setembro de 2010. Trata-se de uma marca que superaria os resultados de 2008, ano em que houve recorde de contratação no período, com abertura de 725 mil postos de trabalho. No terceiro trimestre do ano passado, os mercados ainda se recuperavam da crise econômica mundial e foram gerados 633 mil empregos.
Metodologia
Vale ressaltar, entretanto, que o estudo da Manpower capta a expectativa de empresários e executivos do setor de recursos humanos para os próximos meses, enquanto o Caged é o número oficial de criação de empregos com carteira assinada no Brasil.
Enquanto os especialistas apontam para uma desaceleração da economia brasileira, a expectativa de contratações para este terceiro trimestre do ano vai em sentido contrário e deve levar o mercado de trabalho do país a crescer mais que o da China. Se confirmado, o desempenho do emprego no Brasil seria o segundo melhor em todo o mundo. Esse cenário é apontado em pesquisa realizada pela multinacional de recursos humanos Manpower, que entrevistou 61 mil diretores e gerentes de empresas públicas e privadas em 36 países.
De acordo com o levantamento que ouviu 850 empregadores no Brasil , o país terá uma geração de vagas 40% maior do que entre os meses de julho e setembro de 2009; resultado inferior apenas ao da Índia, que deve apresentar expansão de 42% no mesmo período. Nesse bom contexto nacional, o Paraná está em destaque, com a maior perspectiva de contratações dentre as cinco regiões pesquisadas, ao lado da cidade de São Paulo a expectativa para ambos é de crescimento de 44% na abertura de vagas.
"A posição do país confirma a visão de que o Brasil fez o dever de casa, e que a situação econômica aponta para o progresso", avalia o diretor comercial da Manpower do Brasil, Pedro Guimarães. Todos os oito setores econômicos avaliados apontam para um forte crescimento no volume de contratações, oscilando de um piso de 24% na administração pública e educação ao teto de 52% no setor de serviços.
Com o maior número de lançamentos dos últimos cinco anos, o setor imobiliário deve apresentar uma expansão de quase 50% no número de empregos neste trimestre. Os números da pesquisa são comprovados pela expectativa dos agentes do mercado local.
Salto
De acordo com o Conselho Regional dos Corretores de Imóveis do Paraná (Cresci-PR), o número de inscritos ativos no órgão saltou de 8 mil em janeiro para 9 mil em junho, e deve fechar o ano com 10 mil corretores um crescimento de 25% em 12 meses.
O diretor de atendimento da Lopes Consultoria de Imóveis, Luiz Augusto Brenner Rose, estima um crescimento acima dos 30% no número de corretores contratados pela empresa na mesma base de comparação da pesquisa mundial. "O mercado retomou [a expansão] com muito vigor. E os corretores são apenas a ponta de um iceberg de toda uma cadeia, que também envolve engenheiros e empresas de publicidade, transporte e logística", avalia.
O diretor-geral da Galvão Vendas, Gerson Carlos da Silva, explica que o setor passa por um intenso processo de contratação nos últimos meses para atender à demanda atual e aos lançamentos futuros. Nos últimos 18 meses, a Galvão quase quadruplicou seu número de colaboradores, passando de 80 no início de 2009 para os atuais 300 patamar recorde que supera o período pré-crise. "Devemos contratar outros 200 corretores para os 20 lançamentos programados até o fim do ano. Enfrentamos um verdadeiro blacaute de mão de obra no setor, e estamos contratando pessoas sem qualificação prévia para passarem por um processo de formação", diz.
Evolução financeira
Incentivado pela esposa, corretora de imóveis, o técnico em redes de informática Alex Cordeiro trocou o mundo dos mouses e teclados pela pasta de couro. Segundo ele, a recém-iniciada carreira de corretor lhe abriu perspectivas de evolução pessoal e financeira. "Trabalhando com informática, eu conseguia apenas pagar as contas e não tinha condições sequer para trocar de carro. Trabalhando oito meses como corretor de imóveis consegui juntar dinheiro para casar e, até o fim do ano, pretendo comprar meu primeiro imóvel na planta como forma de investimento", conta. O salário saltou de R$ 1,7 mil para uma renda média de R$ 5 mil ao mês. "Na área imobiliária tem meses em que você não vende nada, mas o mês seguinte pode compensar e ainda render umas sobras", garante.
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