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A Europa iniciou o ano de 2006 enfrentando uma potencial crise de energia, depois que a Rússia começou domingo a cortar em 25%, o suprimento de gás para a Ucrânia devido a uma grave disputa sobre preços.

A Europa recebe cerca de um quarto de seu gás da Rússia, e a maior parte do suprimento é transportada por meio da Ucrânia. Num momento de picos de consumo na Europa, por causa do clima frio, os russos desejam que a Ucrânia pague mais pelo gás.

O fornecimento de gás natural russo que chega à Áustria passando pela Ucrânia e que cobre 60% do consumo na república alpina, se reduziu em um terço na noite de domingo, advertiu nesta segunda-feira consórcio petroleiro austríaco OMV.

Por enquanto, a situação está sob controle e a queda do gás importado foi compensado com reservas, mas se a situação se agravar, a OMV não pode descartar totalmente que aconteça um problema limitado de abastecimento no setor dos grandes consumidores.

A Hungria registrou queda de aproximadamente 40% no recebimento de gás vindo da Ucrânia, segundo informaram fontes da companhia petrolífera húngara Mol. Diante desse quadro, a Mol anunciou que se via "obrigada" a reduzir as exportações de gás à Bósnia e à Sérvia.

Na Romênia, a redução no fornecimento de gás chega a 5 milhões de metros cúbicos por dia o recebimento. A informação foi divulgada nesta segunda-feira pelo ministro da Economia romeno, Codrut Seres.

O fornecimento de gás natural russo à Eslováquia, e que chega ao país por meio de um gasoduto da Ucrânia, sofreu uma redução de 30%, informaram nesta segunda-feira fontes da empresa Slovensky Plynarensky Priemysel (SPP).

A Eslovênia já registra redução no abastecimento do gás da Rússia comparáveis à de Áustria e outros países da região.

- Estamos sentindo a redução como todos os demais países europeus, nossa posição é similar à da Áustria e outros países - disse Janez Mozina, o administrador-geral da companhia de gás eslovena, Geoplin.

Ele, no entanto, não quis precisar a queda em percentual. Cerca de 55% do gás da Eslovênia vem da Rússia, indicou Mozina.

Analistas dizem que a Ucrânia pode desafiar a Rússia e continuar utilizando gás de seus gasodutos, reduzindo o volume destinado aos clientes europeus. Fontes da indústria disseram que as instalações da Europa estão dispostas a usar estoques e a pedir mais gás de outros fornecedores, como Noruega e Holanda, para garantir o suprimento a consumidores industriais.

A gigante estatal russa Gazprom garantiu que o fornecimento para a Europa não será atingido devido à crise.

- Nossos membros esperam que haja gás suficiente em estoque para os próximos dois ou três meses - disse Wulf Binde, especialista da associação de consumidores VIK, da Alemanha, que é a maior compradora de gás da Rússia.

Segundo Binde, pode haver alguma dúvida sobre a capacidade de gasodutos dentro da Alemanha se houver necessidade de o país buscar gás com outros fornecedores.

- O gás terá que ser movimentado dentro da Alemanha, e isso pode ser um problema - afirmou.

Autoridades da União Européia (UE) farão um encontro de emergência em 4 de janeiro para debater o problema. O gás russo vai também para França e Áustria, além de outros mercados da Europa central, como Polônia e Hungria, que disseram estar se preparando para eventuais cortes de fornecimento.

A Grã-Bretanha, que conta com importações de gás da Bélgica para atender à demanda do inverno, também pode sentir efeitos da crise. Se houver desconforto em outros países da Europa com os mercados internos, a exportação para a Grã-Bretanha poderá não ser prioridade, dizem agentes do mercado. O fornecimento na Inglaterra já está apertado, pois a produção em antigos campos de gás no Mar do Norte vem caindo.

Os preços do gás, que já estão perto de recordes devido à alta do petróleo, também podem subir por causa da crise do gás entre Rússia e Ucrânia. Os incidentes de domingo ressaltam as preocupações na Europa sobre a segurança e a confiança futura na Rússia, e colocará em teste a política energética da UE.

- A UE não fez esforços para intervir (entre Rússia e Ucrânia) - disse Jonathan Stern, especialistas em gás russo do Instituto Oxford de Estudos Energéticos. - Durante anos dissemos para a Rússia praticar preços de mercado e, agora, o que vamos dizer? Que os preços de mercado (para a Ucrânia) não são uma boa idéia?

O corte de fornecimento de gás russo para a Ucrânia ocorre logo depois de a Rússia assumir a presidência do G-8, querendo se reafirmar como uma fonte confiável de energia. O monopólio estatal russo Gazprom divulgou que reduziu em 25% o fornecimento para a Ucrânia, após Kiev recusar um aumento de 400% no preço do produto.

A companhia de energia Naftogaz, da Ucrânia, acusou a Rússia de promover uma retaliação arriscada. "A Naftogaz declara que tais ações são inaceitáveis pois arriscam a distribuição de gás para a Europa", informou a empresa, em nota às agências de notícia internacionais. Apesar de a Rússia afirmar que se trata somente de negócios, o impasse acentuou os temores de que o Kremlin esteja preparado para usar seus vastos recursos energéticos como arma política.

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