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Meses de atividade nos bastidores podem levar na semana que vem a um progresso dramático nas negociações comerciais globais, quando representantes de Estados Unidos, União Européia, Brasil e Índia se reúnem em Potsdam, na Alemanha, disse na quinta-feira a negociadora-chefe dos EUA.

"Estamos realmente esperando que possamos avançar a bola e idealmente avançá-la dramaticamente", disse Susan Schwab à Reuters. "Os Estados Unidos estão comprometidos em fazer a nossa parte", afirmou.

Há pressa, porque os EUA vão entrando em clima de eleição presidencial e a autorização para que a Casa Branca negocie tratados comerciais sem interferência parlamentar na prática já expirou.

Por isso, muitos consideram que a reunião do chamado G4 na semana que vem será a última chance de sucesso da Rodada Doha de negociações globais, lançada em novembro de 2001.

Schwab rejeitou essa idéia, mas disse esperar que o G4 obtenha avanços a respeito "do contorno de um acordo" que possa ser recomendado por eles aos demais países da Organização Mundial do Comércio.

"Fomos capazes de demonstrar que, se você fica firme e está disposto a arregaçar as mangas e chegar a um nível exaustivo de detalhes, pode verdadeiramente fazer progressos. E estamos fazendo progressos", disse Schwab.

Mas ela ressaltou que qualquer avanço deve incluir novas aberturas para mercados industriais e de serviços, além de cortes em subsídios e tarifas agrícolas.

Alguns países em desenvolvimento recentemente pediram para serem poupados de cortes reais de tarifas nos seus setores industriais, mas para Schwab isso seria "o sinal de morte para a rodada (Doha) de desenvolvimento". "Estou esperando que os atores sérios nesta negociação entendam que, se você quer um resultado de desenvolvimento, realmente tem de cortar as taxas aplicadas."

O diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, suspendeu em julho de 2006 as negociações da Rodada Doha devido a discordâncias entre os principais envolvidos sobre até que ponto deveria haver cortes em subsídios e tarifas agrícolas.

Os EUA propuseram reduzir em 53 por cento o teto de seus subsídios domésticos que distorcem os mercados, que passaria a ser de 22,5 bilhões de dólares. Muitos países se queixam de que isso na verdade permitiria a Washington ampliar seus subsídios, já que atualmente o país não atinge o teto.

Os norte-americanos, por sua vez, pressionam a União Européia e países em estágio intermediário de desenvolvimento a fazer cortes mais profundos nas suas tarifas agrícolas, por considerarem isso vital para criar novos fluxos comerciais e, dessa forma, reduzir a pobreza no mundo.

Na época da suspensão das negociações, em 2006, Schwab disse que seria impossível Washington considerar cortes ainda mais profundos nos seus subsídios sem ter uma idéia clara sobre quais novos mercados teria acesso.

A representante comercial dos EUA comparou a situação atual a uma "caixa preta", já que países desenvolvidos, como os da UE, exigem a exclusão de vários "produtos sensíveis" dos cortes tarifários, enquanto países em desenvolvimento, como a Índia, pretendem incluir muitos outros "produtos especiais" numa lista que não sofreria redução nenhuma de tarifas.

Para superar esses problemas, os negociadores tentam identificar claramente quais produtos agrícolas estão neste cabo-de-guerra entre abertura de mercados e proteção doméstica.

"Acho que estamos definitivamente mais próximos (de um acordo) do que em julho passado. Acho que temos uma melhor sensação de onde precisamos ir", disse Schwab. "Os Estados Unidos estão plenamente comprometidos com este processo e com fazê-lo funcionar e ter sucesso, inclusive mais dispostos a melhorar nossa oferta com evidências de mais acesso real a mercados sobre a mesa."

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