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O secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, entregou o cargo após acordo para mudar o teto de gastos.| Foto: Ministério da Economia

O secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, e o secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt, pediram exoneração de seus cargos ao ministro da Economia, Paulo Guedes, nesta quinta-feira (21). O anúncio foi feito após o fechamento do mercado financeiro que teve um dia de turbulência por causa do risco de o teto de gastos ser extrapolado — o dólar fechou em alta de 1,92%, cotado a R$ 5,66, e o Ibovespa, principal índice da B3, terminou o dia em queda de 2,94%.

Segundo a assessoria da área econômica, a decisão de ambos é de ordem pessoal. Mas a saída ocorre após o anúncio de um acordo da ala política do governo com o Congresso Nacional para mexer no teto de gastos. Os secretários demissionários eram contra qualquer medida que significasse um rompimento do teto, a principal ferramenta de controle fiscal do país, que limita o crescimento das despesas públicas à correção da inflação (IPCA).

Em nota, Funchal e Bittencourt agradeceram ao ministro pela "oportunidade de terem contribuído para avanços institucionais importantes e para o processo de consolidação fiscal do país".

Junto com eles também pediram exoneração de seus cargos a secretária especial adjunta do Tesouro e Orçamento, Gildenora Dantas, e o secretário-adjunto do Tesouro Nacional, Rafael Araujo. Segundo o Ministério da Economia, todos "os pedidos foram feitos de modo a permitir que haja um processo de transição e de continuidade de todos os compromissos", tanto do Tesouro e Orçamento quanto do Tesouro Nacional.

É o fim do dream team econômico

A saída de mais integrantes do grupo de Guedes se soma a uma fileira de desligamentos anteriores que desmontaram o "time dos sonhos" original do ministro da Economia. Entre nomes que deixaram a pasta durante a gestão estão Waldery Rodrigues Júnior, ex-secretário especial da Fazenda, demitido durante outra crise relacionada ao orçamento, naquela ocasião o de 2021, e Mansueto de Almeida, antecessor de Funchal no Tesouro, que deixou o governo ainda em 2020, na primeira grande baixa da equipe econômica.

Antes dele, Marcos Cintra, que comandava a Receita Federal, já havia caído por se opor ao retorno da CPMF. Ainda na fileira de ex-integrantes da pasta, Salim Mattar (secretário especial de Desestatização, Desinvestimentos e Mercados), e Paulo Uebel (secretário especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital) se desligaram do governo por insatisfações com a demora na execução das privatizações e da reforma administrativa, respectivamente.

Por fim, Rogério Marinho, inicialmente secretário especial de Previdência e Trabalho, e Marcos Troyjo, que comandava a secretária especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais, foram promovidos. O primeiro recebeu o Ministério do Desenvolvimento Regional, o segundo está na presidência do Banco dos Brics.

Dentre os sete secretários especiais de Guedes que assumiram junto com o ministro, apenas Carlos Costa, da Secretaria Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade, segue no governo.

Descontentamento com mudança no teto de gastos

Segundo se observava nos bastidores, descontentamentos internos na equipe econômica ocorreram às vésperas da dispersão mais recente. Teriam esticado a corda as discussões sobre o respeito ou não ao teto de gastos e o anúncio formal de medidas para aumentar valores pagos em benefícios sociais e que vão contra propostas elaboradas pela Economia. A decisão foi por subir o valor do Auxílio Brasil para R$ 400, mesmo sem financiamento definido dentro do teto. A saída deve ser alterar a regra do teto de gastos, conforme sugeriu o próprio ministro na quarta-feira (20).

Conforme informação do portal O Antagonista, os quatro secretários que se demitiram nesta quinta já teriam comunicado a Guedes que se recusariam a assinar medidas que ferissem a legislação fiscal, mas a avaliação técnica acabou derrotada pelos defensores da solução política para financiar o Bolsa Família reformulado.

O Auxílio Brasil é a principal aposta do presidente Bolsonaro para entancar a queda de popularidade e melhorar a avaliação do seu governo em 2022, quando tentará se reeleger.

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