O ministro Fernando Haddad, da Fazenda, afirmou nesta quarta (4) que o modelo de ajuste fiscal escolhido pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para as contas públicas levou a um “mau humor” de setores da economia que passaram a ser alvos de pagamento de impostos – entre eles a reoneração gradual da folha de pagamentos a partir do ano que vem.
Segundo o ministro, o governo Lula recebeu uma “herança” de Jair Bolsonaro (PL) com “calote” no pagamento de precatórios previdenciários e descontrole das contas públicas que levaram a uma “economia criativa” sem cumprir o teto de gastos.
“É o primeiro ajuste fiscal feito em cima de quem não paga ou não pagava a conta, e aí eu até entendo um certo mau humor desse pessoal mau acostumado que tem que botar, pela primeira vez na vida, a mão no bolso e pagar alguma coisa para sustentar o Estado brasileiro”, disparou em entrevista à GloboNews.
Além dessa herança, disse, o governo Lula decidiu ajustar as contas para corrigir os atos de Bolsonaro e, ainda, enfrentar o “déficit colossal” que se arrasta desde 2015 e que “ninguém quis resolver”. Isso está sendo feito, segundo ele, com o novo arcabouço fiscal que limita o crescimento da despesa em 2,5% “limitando o gastro tributário dos campeões nacionais, sem afetar o crescimento da economia”.
O ministro afirma que, apesar da resistência de setores da economia que passaram a ser taxados, parlamentares se sentiram sensibilizados pelos números apresentados pela Fazenda, “fazendo o ajuste em cima de quem pode arcar com ele”.
“Tem um caminho de prosperidade no Brasil que atende a todos os interesses, mas não atende à gula de ninguém. Uma coisa é querer que o empresário tenha o seu lucro devido, o trabalhador [tenha] o seu salário devido, o cidadão [tenha] os seus benefícios devidos. Outra coisa é atender à gula de certos setores que acham que o Estado tem que trabalhar para eles”, pontuou.
Haddad ainda afirmou que não há uma nova reforma da Previdência no radar da equipe econômica mesmo após o IBGE mostrar um cenário preocupante com o pagamento de aposentadorias no futuro por causa do envelhecimento da população. Ele afirmou que, no momento, a discussão é em cima da reforma dos regimes especiais de estados e municípios, na ordem de R$ 600 bilhões, e que deve ser discutida pela Câmara dos Deputados na volta do recesso branco das eleições.
Também apontou que, com os sucessivos números positivos da economia brasileira, há todas as chances do Brasil conquistar novamente o chamado “grau de investimento”, e que há bancos prevendo um crescimento do PIB neste ano em torno de 3,1%.
O ministro também afirmou que Lula fez certo ao indicar o economista Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central, que já o havia indicado ao cargo de diretor da autarquia e que ele conhece tanto a parte política como técnica da condução das políticas monetárias.
No entanto, evitou comentar um possível aumento da taxa básica de juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que parte do mercado financeiro já projeta como uma forma de segurar a inflação por causa do aquecimento da economia.
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