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O Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Extração do Ferro e Metais Básicos (Metabase) de Itabira (MG) e região ameaça promover até a ocupação de minas da Vale no município, em protesto contra as demissões programadas pela empresa.

A informação oficial é que desde o final de outubro, quando a mineradora anunciou o corte de produção de 30 milhões de toneladas - correspondente a 9,2% da previsão deste ano -,1,3 mil pessoas já foram demitidas, aproximadamente 20% em Minas Gerais.

O presidente do sindicato, Paulo Soares de Souza, afirmou que os números estão subestimados e acusa a empresa de programar um corte de aproximadamente 10 mil empregados em todo o País, sendo 7 mil no Estado. "Esse processo de demissão é maior e disparado", disse nesta quarta-feira (03).

Minas Gerais responde por 80% dos 5.500 funcionários no Brasil e no exterior que serão colocados em férias coletivas até fevereiro. "Estamos preparando uma paralisação (das atividades da empresa). A idéia é ocupar as minas", avisou Souza, que espera envolver na manifestação prefeitos de cidades da região do chamado Quadrilátero Ferrífero e autoridades do governo do Estado.

Para o sindicalista, a negociação da mineradora por um acordo visando a suspensão de contratos de trabalho irá somente facilitar as demissões. Conforme o Metabase, a Vale possui cerca de 3,5 mil empregados diretos nas minas do Cauê e Conceição, em Itabira - cidade da região central de Minas, onde nasceu, em 1942, a então Companhia Vale do Rio Doce (CVRD). Segundo o sindicato, a mineradora emprega pelo menos outros 3 mil trabalhadores terceirizados no município.

Além das minas de Itabira, o sindicato afirma que a Vale deverá suspender ou reduzir a produção em outras importantes minas do Estado, como Brucutu (São Gonçalo do Rio Abaixo), Alegria (Mariana), Fábrica Nova (Mariana) e Timbopeba (Ouro Preto). "A empresa está com mais de 70 projetos fora do País. Ela fez um programa de expansão muito rápido e acelerado, mas a crise veio e pegou na contramão. Depois de 63 anos, estão parando a mina do Cauê", lamentou Souza.

Fora da gaiola - Após 22 anos de Vale, o técnico em mecânica Wander Alvarenga Bersan, de 43 anos, foi comunicado no último dia 12 sobre sua demissão. Bersan, que trabalhava na usina de beneficiamento da mina do Cauê, em Itabira, ainda tenta se acostumar com o "baque".

"É sempre inesperado, embora eu estivesse acompanhando todo esse cenário. A gente toma um baque. Me sinto um canarinho fora da gaiola, que você solta e ele não sai. Ou se sai, fica meio bobo "

Antes do estouro da crise internacional, que reduziu a demanda mundial pelo minério de ferro, a Vale estimava para o ano de 2009 a abertura de 800 novas vagas somente nas minas de Itabira, sendo 540 empregos diretos e 260 terceirizados. "A realidade de um mês e meio para cá mudou demais, da água para o vinho", constatou Bersan.

A mineradora, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que não comentaria as declarações do presidente do Metabase de Itabira. A empresa reafirmou os números divulgados e a disposição de preservar ao máximo os postos de trabalho.

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