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O aposentado Milton Marques Filho, está pedindo reembolso ao plano de saúde por uma tomografia de retina: ele teve de pagar R$ 300 pelo exame, que não é coberto | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
O aposentado Milton Marques Filho, está pedindo reembolso ao plano de saúde por uma tomografia de retina: ele teve de pagar R$ 300 pelo exame, que não é coberto| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo
  • Veja a opinião dos curitibanos sobre os planos de saúde

Semanas após os médicos paranaenses anunciarem que vão se descredenciar dos planos que não reajustarem o valor das consultas, um levantamento da Paraná Pesquisas, feito a pedido da Gazeta do Povo, revela que 60% dos curitibanos não concordam com a decisão. A pesquisa também mostra que 52% preferem buscar outro profissional que atenda pelo plano a pagar de forma particular pela consulta, colocando em xeque uma das principais apostas do movimento médico: a fidelidade do paciente. Pelo estudo, apenas 22,75% dos curitibanos afirmam que pagariam diretamente o profissional, sem exigir reembolso, para não precisar trocar de médico.

"O médico é uma escolha do paciente. Ele tem a opção de pagar particular e continuar com o profissional descredenciado ou buscar outro médico. Quando falamos na possibilidade de descredenciamento, deixamos na mão de cada profissional a avaliação quanto a sair ou não dos planos de saúde. O importante é que todos os exames e demais procedimentos continuam cobertos, já que o plano de saúde é do paciente, não do médico. Esse, aliás, é um entendimento da própria ANS [Agên­cia Nacional de Saúde Suplemen­tar]", afirma o presidente do Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR), Carlos Ro­­berto Goitacaz Rocha.

Alguns grupos de profissionais, porém, estão caminhando para não deixar tal opção ao consumidor. Contingentes de cidades como Ivaiporã e União da Vitória pediram, em massa, a saída dos planos, ao mesmo tempo em que algumas especialidades, como a Endo­crinologia, estão ameaçando uma grande debandada da saúde suplementar. A Ginecologia e Obste­trícia está oficializando a cobrança de uma valor adicional para que o médico que faz o pré-natal possa ficar, 24 horas, à disposição da paciente também para o parto (veja mais nesta página).

Na Lei dos Planos de Saúde (9.656/1998) ou nas resoluções da ANS não há qualquer número ou índice que determine a quantidade de profissionais credenciados, por especialidade ou não, que cada operadora deve ter em sua rede. Ao mesmo tempo, conforme a Gazeta do Povo mostrou em junho, a lista da rede credenciada disponível nos sites e livretos dos planos de saúde nem sempre está atualizada. "Isso é bastante complicado. Muitas vezes, é justamente por causa de um médico, clínica ou hospital que o consumidor opta por um plano. A operadora que tem em sua lista o nome de um prestador que não é mais credenciado está fazendo propaganda enganosa", alerta a diretora do departamento jurídico do Procon-PR, Marta Favreto Paim. No órgão, só nos últimos três meses, quando o movimento dos médicos se intensificou, os atendimentos relativos a planos de saúde somaram 439.

No primeiro semestre, os motivos que mais levaram os consumidores ao Procon-PR foram dúvidas sobre cobrança (225), sobre contrato (148) e sobre negativa de atendimento (100), como a não liberação de exames. É nesta última categoria que o aposentado Milton Marques Filho se encaixa. Há cerca de um mês, sua oftalmologista pediu a realização de uma tomografia de retina. "Ela me alertou que o exame não era coberto pelo plano (Unimed empresarial). Tive de pagar R$ 300 do bolso e não acho justo, já que tenho plano de saúde. "

Ele pretende pedir o reembolso do exame ao plano. A Unimed Paraná, responsável pelo plano empresarial de Marques, informou que ele não chegou a requerer o exame e que a tomografia de retina não está no rol de procedimentos obrigatórios da ANS. "Procedimentos que não têm cobertura ou não foram aprovados ou ainda não dispõem de segurança técnica sobre seu uso", frisa a Unimed PR.

Negociações

O controle de quantos médicos pediram o descredenciamento e de quais planos é dificílimo. A Associação Médica do Paraná (AMP) pediu que os médicos comunicassem à entidade os seus desligamentos, mas, até agora, apenas 150 comunicados foram recebidos, a maior parte não mencionando o nome da operadora. "Cerca de um terço apenas mencionou nomes, entre eles a Amil, a Sanepar, a Cassi (dos funcionários do Banco do Brasil) e a Fundação Copel. A expectativa é que esses 150 comunicados gerem entre 300 e 320 descredenciamentos efetivos, porque podem se referir a mais de um plano", diz o assessor jurídico da AMP, Fabiano Araújo. Na próxima quarta-feira, a Amil vai sentar com a Comissão Estadual de Honorários Médicos para apresentar uma proposta. As únicas operadoras, segundo a AMP, a fazer isso até agora foram as 21 representadas pela União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde do Paraná (Unidas-PR). "A proposta das autogestões filiadas à entidade está mantida em R$ 54, em média, a partir de 1.º/7/2011 (20% de reajuste) e R$ 60, em média, a partir de 1.º/1/2012 (11,11% de reajuste). Os valores, inclusive, já estão sendo praticados desde o dia 1.º", informa o superintendente da Unidas-PR, Mauro Pereira.

A Amil informou apenas, em nota, que "valoriza o relacionamento com a classe médica, tanto que disponibiliza uma equipe totalmente dedicada às questões da rede credenciada".

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