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Preparar maionese sem usar ovos ou leite a partir de vegetais não é novidade para quem adota uma dieta vegetariana ou vegana ou conhece um pouco mais das artes culinárias. Agora, colocar a inteligência artificial para produzir alimentos 100% vegetais que reproduzem com fidelidade texturas e sabores dos ingredientes lácteos e cárneos carrega, sim, algo de surpreendente, e é uma das características da NotCo.

A startup chilena, conhecida no Brasil pela maionese NotMayo, comercializada na rede Pão de Açúcar, desembarca no país para expandir suas operações e pretende lançar, ainda este ano, dois novos produtos livres de qualquer ingrediente de origem animal.

"Teremos um leite vegetal - feito com repolho e abacaxi -, e um sorvete feito à base deste NotMilk. Temos outras ideias para 2020, mas ainda não abrimos quais são", adianta Luiz Augusto Silva, que está assumindo a presidência da NotCo no Brasil.

A vinda para o país faz parte da estratégia de expansão da marca pelas Américas - além do Chile, a NotCo já está na Argentina e prepara sua chegada nos Estados Unidos e México - e tem no potencial produtivo e de consumo outras de suas justificativas. Entram aí as dimensões do território nacional e a diversidade de culturas cultivadas nele - o que potencializa a disponibilidade de matérias-primas vegetais -, assim como o tamanho de sua população, como destaca Silva.

"Quando se pensa em um cenário com mais de 200 milhões de pessoas, com uma classe média presente e ativa e uma democracia estabelecida, todas as companhias desejam estar aqui", destaca o presidente da operação brasileira.

A companhia não abre o investimento na implantação nacional, mas afirma que, com o avanço dos negócios, o objetivo é contar com plantas próprias no país. Neste primeiro momento, no entanto, a produção será realizada por meio de parceiros, com fornecedores e mão de obra nacionais. "O importante é que os produtos serão feitos no Brasil e adaptados ao paladar dos brasileiros", destaca o presidente da NotCo no país.

Os fundadores da NotCo: KarimPichara, MatiasMuchnick e Pablo Zamora. Foto: Divulgação
Os fundadores da NotCo: KarimPichara, MatiasMuchnick e Pablo Zamora. Foto: Divulgação

A foodtech já levantou US$ 33 milhões em duas rodadas de investimento, realizadas em 2017 e 2019. Os investidores são o fundo Bezos Expeditions (de Jeff Bezos, fundador da Amazon), the Craftory (que investe em negócios de bens de consumo com causa), Kaszek Ventures (investidora em empresas de tecnologia de alto impacto), a aceleradora americana IndieBio (focada em biotecnologia), e o fundo Maya Capital (liderado por Lara Lemann e Monica Saggioro).

Inovação e sustentabilidade são a base do negócio

O modelo de negócio da NotCo tem na sustentabilidade uma de suas principais premissas. Isso porque, a empresa se propõe a fazer da tecnologia uma aliada para produzir em escala alimentos com características nutricionais e de sabor muito similares às proporcionadas pelos ingredientes lácteos e cárneos, porém sem contar com nenhum componente de origem animal em sua composição.

A produção da NotMayo, por exemplo - feita à base de grão de bico e sem ovos -, gera um impacto ambiental muito menor do que o da maionese tradicional, pois demanda 83% menos água e gera 37% menos gás carbônico, segundo a empresa.

Tudo isso é possível graças ao Giuseppe, como foi batizado o algoritmo que analisa as propriedades, sabores, nutrientes e demais características dos alimentos de base animal para recriá-los em versões com ingredientes vegetais.

Silva lembra que as formulações poderiam ser desenvolvidas sem o incremento da tecnologia, mas destaca que a inteligência artificial contribui para aumentar a eficiência e a velocidade deste processo. Isso porque ele tem capacidade para analisar uma amplitude maior de componentes que podem ser aplicados nas receitas para se obter um alimento muito parecido com o de origem animal em termos de sabor, textura, preenchimento de boca e densidade nutricional.

A presença de tais características, ainda segundo ele, é necessária devido à dificuldade de se mudar hábitos alimentares, uma vez que eles estão fortemente ligados a questões emocionais e memórias afetivas de relações que ocorrem à mesa.

"Existe um gap no sentido de os produtos com base vegetal entregarem algo próximo ao que as pessoas que consomem produtos de origem animal estão acostumadas a comer. [Outro entrave] diz respeito ao preço dos produtos de origem vegetal, que costumam ser mais elevados quando comparados aos de origem animal, pois têm outros normas regulatórias e de tributação", conclui Silva.





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