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Os suinocultores do Paraná vão insistir na venda de carne para órgãos públicos para tentar de garantir destino à produção excedente e equilibrar os preços. A idéia é mudar o hábito não só dos consumidores comuns, que já são alvo de campanhas publicitárias, mas também de soldados do Exército, presidiários e estudantes que têm alimentação custeada pelo governo.

O plano vem sendo traçado há um ano e deve ser colocado em prática com mais facilidade a partir de agora. Na última terça-feira, numa reunião realizada em Curitiba, o setor conseguiu chegar a um acordo com o governo sobre os métodos usados para calcular custos de produção, passo decisivo para a formulação de preços mínimos. Os produtores acreditam que a partir dos primeiros valores referenciais a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) já pode lançar programas de aquisição de carne suína de regiões produtoras para distribuição em zonas essencialmente consumidoras, como faz com produtos agrícolas.

O consenso é de que no Paraná se gasta R$ 1,545 para produzir um quilo de suíno (vivo). Ontem o produtor recebia R$ 1,50 por quilo no Oeste, a principal região produtora. Em Santa Catarina o custo é de R$ 1,788 e, em São Paulo, chega a R$ 2,179, segundo a avaliação, que teve participação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e da própria Conab. O prejuízo chega a 50 centavos por quilo.

Mesmo com a crise – aberta pela ocorrência de aftosa em bovinos de Mato Grosso do sul em 2005, quando os países importadores impuseram restrições também à carne de porco –, a produção de suínos cresceu 6,5% no ano passado e deve aumentar 3,6% neste ano em todo o Brasil. No Paraná, os índices são de 1,6% e 2,4%, respectivamente. Os números vêm da Associação da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abiceps), da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) e da Embrapa. Isso significa que a produção nacional deve chegar a 2,98 milhões de toneladas e a estadual, a 459 mil toneladas. Santa Catarina, que lidera o setor, prevê 750 mil toneladas e o Rio Grande do Sul, também à frente do Paraná, 526 mil toneladas. São esses números que forçam a redução nos preços.

Para distribuir carne suína aos órgãos públicos é necessário um trabalho político junto ao governo, afirma João Batista Manfio, produtor e presidente da Comissão de Suinocultura da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep). Ele considera que o consenso sobre os custos não traz, por si só, soluções para o setor.

Além de aumentar o consumo interno, o Brasil precisa exportar pelo menos 70 mil toneladas ao mês para que os preços da carne suína fiquem equilibrados, afirma o presidente da Associação Paranaense de Suinocultores (APS), Irineu Wessler. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), foram exportadas 46,5 mil t em maio e 57,2 mil t em abril.

O quadro se agrava com a tendência de alta no preço do milho, ingrediente principal da ração. O governo federal prepara linhas de crédito para ajudar indústrias e criadores a atravessar a crise. Os recursos, no entanto, ainda não estão disponíveis.

Na tentativa de agir em todas as frentes possíveis, o setor busca ainda apoio dos supermercados. A idéia é melhorar a apresentação da carne e oferecer cortes menores e mais práticos ao consumidor. O problema tem sido o preço. Apesar de o produtor receber R$ 1,50, a carne in natura custa cinco vezes mais nos supermercados de cidades como Curitiba. "Mais de R$ 6,00 o quilo é caro", afirma Manfio.

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