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Francieli (de branco) e Ereni foram contratadas rapidamente por um supermercado | Marcelo Elias/ Gazeta do Povo
Francieli (de branco) e Ereni foram contratadas rapidamente por um supermercado| Foto: Marcelo Elias/ Gazeta do Povo

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Compras no mercado se transformaram em emprego

No último dia 30 de agosto, a curitibana Francieli de Moura, 19 anos, foi ao supermercado comprar alguns produtos para o café da manhã da família. Voltou para casa com pão, queijo e um novo emprego como caixa de supermercado. "Perguntei sobre vagas, daí já fiz a ficha e me encaminharam para o exame médico", relata Francieli, que está concluindo o curso supletivo do ensino médio e tem um filho recém-nascido. "Estava procurando emprego fazia tempo. Agora muda tudo. Tenho a garantia de poder sustentar meu filho e independência", avalia.

Ereni de Oliveira Costa, 26 anos, colega de Francieli na mesma loja, também conseguiu uma colocação profissional de bate-pronto. "Em 16 de agosto, procurei a Agência do Trabalhador de Campo Largo. Fui encaminhada direto para a entrevista e já saí empregada", conta. Duas semanas antes, ela havia se demitido da Porcelanas Schmidt, que enfrenta dificuldades financeiras. Ereni se diz satisfeita com a mudança de setor. "Aqui tenho mais benefícios e a gente se comunica mais com as pessoas", avalia. (OT)

As grandes redes de supermercados estão oferecendo emprego por atacado. As ampliações planejadas pelas empresas para 2010, com a abertura de novas unidades, causaram um desequilíbrio entre a oferta de vagas e a quantidade de profissionais interessados nelas, a ponto de Curitiba ter visto dois mutirões de contratação nas últimas semanas. Além disso, a rotatividade das vagas no comércio – a segunda maior entre os setores da economia, segundo o Cadastro Nacional de Empregados e Desempregados (Caged) – torna mais difícil a manutenção do quadro de funcionários.

Em um mutirão realizado pela Agência do Trabalhador de Curitiba no fim de agosto foram ofertadas 1,5 mil vagas em redes como Walmart, Condor, Car­refour, Pão de Açúcar, Festval, An­­ge­loni e SuperMufatto. Duas se­­ma­­nas depois, um novo mutirão, com 600 oportunidades, foi organizado para preencher as vagas remanescentes e as que foram abertas naquele período.

Dados do Caged apontam que, no primeiro semestre, a criação de vagas para operador de caixa, repositor de mercadorias e faxineiro – as maiores demandas de função para os supermercados – registraram aumento em relação ao mesmo período de 2009. Os salários também avançaram, em média, 12% em relação ao ano passado.

Novas lojas

A rede Walmart, que no Paraná também controla as bandeiras Mercadora­ma e BIG e emprega 5 mil pessoas, tem 250 vagas em aberto. Cristiane dos Santos, gerente de Capital Hu­­mano da empresa, explica que o número de postos de trabalho não preenchidos é resultado da abertura de novas lojas. Até o fim deste ano, o Walmart – que há pouco abriu uma loja em Paranaguá – vai inaugurar su­­per­­mercados em Guarapu­ava, Umuarama, Maringá e Lapa. "Com novas unidades, funcionários da casa estão sendo promovidos, abrindo vagas no piso de loja. Por isso a oferta de vagas cresceu", afirma.

Motivo semelhante é apontado por Gerson Renato Holovaty, gerente de Recursos Humanos do Condor, para as 307 vagas em aberto na rede de supermercados, que emprega um total de 6,7 mil pessoas. "Temos duas lojas para inaugurar ainda neste ano. Uma delas, no bairro Cajuru, em Curitiba, vai demandar 300 funcionários, mas a maioria das vagas já foi preenchida. E há também uma outra unidade a ser aberta em Curitiba, mas ainda não definimos localização e número de funcionários", relata.

Rotatividade

Holovaty reconhece que a rotatividade no setor está maior, em virtude do aquecimento da economia e da queda na taxa de desemprego da Grande Curitiba, que ficou em 4,3% em julho – a menor do país, segundo o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes). "Está difícil achar gente qualificada, e a quantidade de vagas é grande. Existe uma dificuldade maior para reter mão de obra", relata Holoraty.

O secretário de Estado do Trabalho, Emprego e Promoção Social, Tércio Albuquerque, acredita que os trabalhadores estão mais seletivos na hora de decidir por um perfil de vagas. "As pessoas estão escolhendo mais qual o tipo de emprego, o salário e a jornada de trabalho", afirma. "Os supermercados realmente estão com uma demanda maior por funcionários em relação a anos anteriores. Nós negociamos com estas empresas para que passassem a aceitar também profissionais sem experiência na área, pois vários dos interessados são pessoas que estão migrando de outros setores." A estimativa da SETP é de que a oferta de vagas tenha dobrado em relação a 2009.

Carreira

Para atrair trabalhadores e estender a sua permanência, as empresas estão investindo em benefícios adicionais e oportunidades de promoção. "É fundamental que a pessoa tenha vontade de fazer carreira dentro da empresa", ressalta Cristiane dos Santos, do Walmart. A lista de benefícios aos contratados pela rede inclui plano de participação nos resultados, refeitório, plano de saúde e seguro de vida extensivo aos dependentes, além de descontos em compras feitas na loja.

Gerson Holovaty, do Condor, revela que as exigências para contratação foram reduzidas devido à falta de profissionais disponíveis. "Exigíamos o ensino médio para funções como repositor, balconista e verdureiro. Agora pedimos só o fundamental completo", diz.

Faltam 3 mil padeiros no Paraná

Os dados do Cadastro Nacional de Empregados e Desempregados (Caged) mostram que funções como açougueiro e padeiro estão com saldo negativo de contratações em 2010, em relação ao ano passado. As panificadoras são mais afetadas pela carência de mão de obra. "As pessoas estão se aposentando ou indo para outra profissão, e não há reposição. Os jovens preferem trabalhar em um shopping a se dedicar ao ramo da panificação", diz Vilson Borgmann, presidente do Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria do Paraná (Sipcep), que estima haver um déficit de 3 mil vagas no estado. Por isso, o sindicato criou um curso próprio de auxiliar de padaria, que pode ajudar a suprir a carência no setor. (OT)

SERVIÇO:

O curso de auxiliar de padaria dura dois meses, começa no dia 20 e custa R$ 275. Informações: (41) 3254-8775.

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