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Disparidade

Emprego informal sobe, enquanto o formal cai

Folhapress

O desemprego se manteve em patamares baixos em outubro, mas o crescimento no volume de trabalhadores por conta própria e a queda nos empregos com carteira assinada acendem o sinal amarelo no mercado de trabalho. Na passagem de setembro para outubro, o emprego formal teve redução de 33 mil postos, queda de 0,3% no volume absoluto de empregados. Já na comparação do mês passado com igual período do ano anterior, a perda foi de 178 mil postos,

Por outro lado, aumenta o emprego por conta própria, que engloba desde o empregado contratado em regime de pessoa jurídica aos trabalhadores autônomos, como vendedores ambulantes. Embora o contingente em outubro desse segmento seja de cerca de um terço dos trabalhadores formais, seu crescimento chama atenção, diz o o pesquisador do Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da FGV) Fernando de Holanda Filho.

"Preocupa porque cai um tipo de emprego que é mais seguro, com carteira assinada, e prevê toda a proteção da lei trabalhista e cresce um emprego mais arriscado, sujeito às alterações da economia, que sabemos que não vai bem", afirmou.

O mercado de trabalho voltou a gerar vagas. A taxa de desemprego caiu de 4,9% em setembro para 4,7% em outubro, menor patamar para o mês da série histórica da Pesquisa Mensal de Emprego, iniciada em março de 2002, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O total de ocupados cresceu 0,8%, com a criação de 175 mil postos de trabalho. Houve redução tanto na fila do desemprego quanto no número de inativos.

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Ao mesmo tempo, a renda média do trabalhador alcançou patamar recorde no mês passado, de R$ 2.122,10, ao crescer 2,3% em relação a setembro. Na comparação com outubro de 2013, o ganho foi de 4%.

A indústria registrou o maior aumento na renda dos trabalhadores, de 6,4% em outubro ante setembro. Foi a maior alta desde fevereiro de 2007, quando o rendimento médio do setor aumentou 9,3%. "Ainda que essa atividade esteja produzindo menos e ao longo da nossa série esteja até apresentado demissões, os trabalhadores que permanecem conseguem ter ganhos reais", disse Adriana Beringuy, técnica da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE.

O segundo maior aumento no rendimento médio foi na atividade de outros serviços, que teve ganho de 3,6% ante setembro. "Esse cenário positivo, que tem caracterizado o mercado de trabalho brasileiro nos últimos anos, pode não refletir mais a realidade do país. Diversos indicadores sinalizam que o ajuste no setor já começou", alertou o economista Marcel Caparoz, analista da RC Consultores.

Em relação a outubro de 2013, o total de empregados ficou estatisticamente estável, mas houve eliminação de mil vagas no período de um ano.

Ponto fora da curva

A economista-chefe da ARX Investimentos, Solange Srour, acredita que as altas no rendimento e na população ocupada foram a surpresa de outubro, porque sugerem uma melhora efetiva no mercado de trabalho. Mas ela ressalta que os resultados não são sustentáveis, uma vez que destoam do cenário de desaquecimento permeado por incertezas com relação à política econômica.

"Tivemos dois trimestres de recessão, e agora um terceiro que apresenta uma melhora tímida. A pesquisa não condiz com o que está ocorrendo na economia. Não acho que essa alta na geração de empregos e no rendimento vá se perpetuar nos próximos meses. É um ponto fora da curva", avaliou Solange.

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