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EM 30 dias, a Bolsa de Valores de São Paulo acumula queda de 16,05% |
EM 30 dias, a Bolsa de Valores de São Paulo acumula queda de 16,05%| Foto:

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Europa avalia medidas alemãs

A Comissão Europeia pediu ao Comitê Europeu de Reguladores das Bolsas de Valores que avalie se os países da União Europeia devem fazer como a Alemanha e tomar medidas contra a especulação. "Convidamos o comitê a estudar o mais rápido possível se as condições que levaram a Alemanha a tomar a decisão de proibir as vendas a descoberto são aplicáveis ao resto da Europa", disse a porta-voz da CE, Pia Ahrenkilde. Na segunda-feira, a Alemanha proibiu até 31 de março de 2011 as vendas a descoberto de dívida pública dos países da zona do euro. Numa venda a descoberto, o investidor vende ativos emprestados, na esperança de comprá-los depois a preço inferior ao da transação e embolsar a diferença como lucro. A decisão adotada de maneira unilateral por Berlim provocou reação contrária de diversas autoridades europeias. Ontem, a chanceler alemã, Angela Merkell pediu a criação de um fundo internacional, que deveria ser financiado pelos bancos, para enfrentar possíveis crises financeiras.

  • Em Atenas, os sindicatos voltaram a paralisar o país pela 4ª vez em 2010: manifestações são contra ajuste fiscal

As preocupações em relação à economia europeia voltaram a ter reflexos nos mercados globais nesta quinta-feira. Com a crise de 2008 na mente, e sem avistar melhoras no horizonte próximo, o investidor derrubou mais vez a bolsa de valores brasileira, que registrou seu sexto dia consecutivo de perdas.Como na quarta-feira, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, não saiu do vermelho durante todo o pregão de ontem, fechando em baixa de 2,5%. Somente nos últimos seis dias, o índice acumulou uma desvalorização de quase 11% – perda que aumenta para 15% desde o início deste ano.Os investidores se ressentem da falta de respostas às muitas questões sobre como a Europa vai enfrentar seus problemas: há dúvidas sobre a capacidade de economias problemáticas como Grécia e Espanha em reduzir os déficits nas contas públicas e assim restaurar a confiança dos mercados.

Analistas questionam o pacote de 750 bilhões de euros, ainda por ser detalhado e posto em funcionamento. E a relativa falta de coordenação entre os países da Europa para combater uma crise dessas proporções é um fator adicional de apreensão.

Ontem, os sindicatos gregos voltaram a paralisar o país com uma greve geral de 24 horas – a quarta neste ano. Os manifestantes protestam contra as medidas de austeridade fiscal do governo, anunciadas como condição para o recebimento de um pacote de ajuda financeira da UE e do FMI.

Além disso, o governo espanhol revisou para baixo sua previsão de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em 2011, de 1,8% para 1,3%, devido ao impacto do plano de arrocho fiscal adotado para reduzir o deficit público, disse a ministra da Economia, Elena Salgado.

Neste cenário, o euro se desvaloriza e as bolsas de valores derretem. Ontem, a moeda europeia voltou a US$ 1,23, em seu menor preço desde 2006. A Bolsa de Londres recuou 1,64%, enquanto as ações cederam 2% em Frankfurt e 2,25% em Paris. Superando os mercados europeus em pessimismo, a Bolsa de Nova Iorque teve uma queda de 3,6% no índice Dow Jones.

No Brasil, o dólar comercial subiu para R$ 1,86 (alta de 1,25%) e atingiu sua maior cotação em três meses. Para profissionais do segmento de câmbio, a moeda americana pode testar o nível de R$ 1,90 nos próximos dias."A crise de 2008 está no subconsciente de todo mundo, como uma ameaça. E agora surgiu uma outra crise muito grande, a europeia, o que deixa todo mundo assustado", diz Rodrigo Falcão, operador de renda variável da corretora Icap Brasil.

Para ele, os problemas da Europa foram "o ótimo motivo" que os mercados precisavam para ajustar os preços das ações, que subiram rápido demais no ano passado.

Em 2010, ainda há muita incerteza sobre como o mundo vai absorver os problemas da Europa. O Brasil pode sofrer por três vias: pela queda nos preços das commodities (matérias-primas), pela queda nas exportações e pela restrição do crédito em nível mundial. "Temos que acompanhar o desdobramento dessa crise na Europa e como o setor bancário vai ser afetado. O que nós todos esperamos é que o mundo tenha aprendido alguma lição com a crise de 2008", afirma Guilherme Mazzili, gestor de renda variável da Daycoval Asset Management.

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