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Confira a taxa de administração cobrada por alguns bancos e corretoras |
Confira a taxa de administração cobrada por alguns bancos e corretoras| Foto:

Os títulos públicos federais vendidos diretamente ao público pelo Tesouro Direto são uma boa opção para quem não quer manter recursos na caderneta de poupança, mas eles funcionam melhor para investimentos com prazo de aplicação superior a um ano. Abaixo disso, os custos de operação e o tributo "comem" parte da rentabilidade do investidor, que fica também sujeito à variação na remuneração dos títulos, cujos preços são corrigidos pelo mercado nas operações do dia-a-dia.

Os títulos federais ofertados pelo Tesouro Direto têm prazos de vencimento variáveis – ontem, por exemplo, havia papéis para janeiro de 2011 até maio de 2045. "Em tese, há papéis com rentabilidade diária e leilões semanais no mercado secundário", observa o professor José Guilherme Vieira, da Universidade Federal do Paraná. "Na prática, entretanto, quem trabalha com prazos muito curtos corre o risco até de perder dinheiro."

O principal problema para quem aplica no Tesouro Direto é a taxa de custódia dos bancos e corretoras. Ela é cobrada porque os títulos o governo exige que os papéis – mesmo que não sejam de "papel" mesmo, mas certificados virtuais – devem ficar guardados em uma instituição financeira. Assim, é preciso ter uma conta de investimento em um banco ou corretora, e a operação passa obrigatoriamente por eles. E essas taxas são muito variáveis: há corretoras que nem mesmo a cobram e outras que cobram 4% ao ano – é o caso do Itaú, o mais caro de todos, conforme a tabela acima. Atualmente, as corretoras Banif, Socopa e Spinelli não cobram essa taxa. "Os bancos de varejo, em geral, são muito caros, e as pessoas costumam operar com o banco a que estão acostumados. Nem todo mundo se sentirá tranquilo ao operar com uma corretora da qual nunca ouviu falar", opina o consultor Friedbert Kroeger, da Financonsult. Além disso, a maioria dos bancos cobra todo o valor da taxa para um ano logo que o cliente faz a operação. Nesse caso, o negócio fica caro demais.

"O ideal é procurar uma corretora que não cobre taxa", diz o economista Humberto Veiga, autor do blog betoveiga.com. Veiga sugere ainda que quem busca prazos mais curtos opte por títulos prefixados. A LFT, corrigida pela taxa Selic, é o título a indicar, nesse caso. "São papéis de prazo mais curto, com vencimentos de três anos ou um pouco mais do que isso", diz. Vieira, da UFPR, sege na mesma linha. "Para não perder, o melhor é aplicar em títulos de curtíssimo prazo", opina.

Perde como?

Os títulos federais são papéis de renda fixa. Eles não são seguros? Por que então há risco de perder dinheiro?

Os títulos são seguros, sim, mas estão submetidos a regras que podem prejudicar seu rendimento líquido. Além de taxas como a de custódia e a da Câmara Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLS, que equivale a 0,4% do capital investido, ao ano), há ainda a questão da tributação e o próprio preço dos títulos. No que se refere ao imposto, o rendimento do Tesouro Direto segue a mesma fórmula que rege os fundos de renda fixa. É uma tabela regressiva, em que quem deixa o dinheiro aplicado por menos de seis meses paga a alíquota máxima, de 22,5% sobre o rendimento; o imposto é menor para quem aplica por mais de dois anos (15%).

Já o preço dos títulos é um pouco mais complexo. Os papéis são "marcados a mercado", o que significa que sua remuneração no dia-a-dia depende da oferta e da procura. "Quem tem um título de seis meses e resolve sair do investimento depois de passados quatro não vai receber, necessariamente, o valor proporcional ao tempo decorrido", observa Vieira. "O rendimento integral do título só é garantido no vencimento", sublinha Friedbert Kroeger.

Os especialistas concordam que qualquer investimento no Tesouro Direto com prazo inferior a seis meses é contraindicado. "O ideal é pensar em prazos bem mais longos", diz Kroeger. Vieira sugere pensar no Tesouro Direto como uma alternativa para a aposentadoria, guardando sempre os títulos até seu vencimento. "Assim as taxas ficam diluídas ao longo dos anos e influenciam menos o resultado final", observa.

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