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São Paulo (Folhapress) – Em quase cinco anos de existência, o segmento de negociação de títulos de renda fixa na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) cresceu aceleradamente. De uma média diária de R$ 243 mil em 2001, esse segmento registrou cerca de R$ 8,06 milhões em negócios por dia no ano passado. Mas especialistas afirmam que ainda há muito o que ser feito para que esse segmento da Bolsa atraia mais empresas e investidores.

Chamado de Bovespa Fix, o sistema de negociação de títulos de renda fixa – como as debêntures – foi lançado em abril de 2001. Apesar do crescimento consistente dos últimos anos, esse mercado ainda é muito pequeno se comparado ao de renda variável. Na média, as ações movimentaram por dia na Bolsa R$ 1,6 bilhão no ano passado. "Esse mercado de renda fixa é importante por ser mais um instrumento para diversificar investimentos. Mas ainda é muito pequeno", afirma Flávio Zullo, gerente da HSBC Corretora.

Zullo diz que, no caso de pessoa física, "ainda não há cultura para investir nesse mercado" e que é mais comum que alguém que deseje fazer aplicações que rendem juros busque fundos de renda fixa ou mesmo o Tesouro Direto. As debêntures – títulos que representam a dívida de uma empresa e rendem, normalmente, uma taxa de juros – são o principal produto do Bovespa Fix. Os outros dois que já se destacam são os CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) e os FIDCs (Fundos de Investimento de Direitos Creditórios).

As empresas têm buscado emitir cada vez mais por meio de FIDCs. Em muitos casos, especialmente de companhias de menor porte, é menos custoso e mais simples emitir um FIDC do que uma debênture. Os FIDCs são estruturados a partir de recebíveis de uma empresa que tem uma receita futura – proveniente de serviços a serem prestados ou produtos a serem entregues – a receber. O que elas fazem é oferecer essa receita futura em troca de recursos no momento atual.

Se por aqui o Bovespa Fix ainda não faz parte dos planos de pequenos investidores, nos Estados Unidos a realidade é diferente. No mercado de bônus corporativos americano, o segmento de varejo já representa dois terços dos negócios. Charles Mann de Toledo, gerente de operações de renda fixa da Bovespa, diz que "provavelmente em junho será lançado um home broker para renda fixa", o que deve ajudar a trazer mais a pessoa física para esse segmento de investimentos. O "home broker" é o sistema de negociação de papéis da Bolsa feito via internet. "Esperamos que essa novidade venha acompanhada de uma elevação na oferta de títulos para negociação", diz Toledo.

A expansão da demanda das empresas por financiamentos além das tradicionais linhas de crédito bancário tende a favorecer um crescimento mais rápido do mercado de renda fixa na Bolsa paulista. No ano passado, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) registrou um volume recorde de emissões de debêntures, que chegou aos R$ 41,5 bilhões (cifra 332% superior à marca de 2004). Neste ano, entre ofertas registradas e em análise, o número chega aos R$ 6,7 bilhões.

Maior visibilidade

A expansão da figura do formador de mercado – conhecido nos Estados Unidos como "market maker" – poderá ajudar a fortalecer o Bovespa Fix. Em janeiro, o Unibanco Investshop virou o primeiro "market maker" do mercado de renda fixa, para papéis da Suzano Bahia Sul Celulose e Papel.

Os formadores de mercado são corretoras ou bancos de investimento que têm a finalidade de dar maior visibilidade a papéis de empresas, oferecendo negócios de compra e venda como forma de atrair investidores e ampliar a sua liquidez. Dentro da renda fixa, os CRIs são o que têm maiores chances de atrair pequenos investidores. A lei já permite que sejam realizadas emissões desses títulos com valor unitário inicial abaixo dos R$ 300 mil.

"O segmento ainda atrai mais a pessoa física de maior poder aquisitivo", diz Toledo, da Bolsa. Para o profissional, "quando houver um pool de instituições financeiras trabalhando para lançar um título de renda fixa, como acontece hoje com as ações", o mercado terá mais condições de se tornar mais popular.

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