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Loja própria da Tramontina em Salvador: aposta para crescer 17% no ano. | /Divulgação
Loja própria da Tramontina em Salvador: aposta para crescer 17% no ano.| Foto: /Divulgação

Batedeiras que vão ser vendidas a mais de R$ 2 mil fazem parte da estratégia da gaúcha Tramontina para resistir à crise econômica. A indústria de produtos para a casa vai adicionar ao seu portfólio, a partir desta terça-feira (15), um total de 30 itens de eletroportáteis de alto padrão fabricados pela australiana Breville.

Por enquanto importados, os produtos poderão ser fabricados localmente no futuro, afirma o presidente do conselho da Tramontina, Clovis Tramontina. O objetivo é distribuir os produtos para toda a América Latina a partir do Brasil.

A linha premium de eletroportáteis, que chega para concorrer com a Kitchen Aid e será distribuída com exclusividade pela Tramontina em 300 pontos de venda de todo o país, faz parte de um direcionamento “premium” que a fabricante gaúcha está desenvolvendo em 2015 para não sucumbir à crise.

A meta da Tramontina é crescer 17% no ano e superar a marca de R$ 4,5 bilhões de faturamento. “Até julho, estávamos conseguindo cumprir o cronograma, mas ficamos abaixo em agosto”, afirma o empresário.

A corrida para buscar um diferencial que vá além do preço passa por outros tipos de produto. Mais conhecida pelas linhas de cutelaria e panelas, a Tramontina hoje também produz localmente fornos e coifas de alto padrão.

Para mostrar tudo o que tem a oferecer em aço inox – sua principal matéria-prima, tanto em produtos para o lar quanto em eletrodomésticos –, a empresa também montou lojas próprias com a marca T Store. Tem uma unidade no Rio de Janeiro e outra em Salvador. Ainda em 2015, abrirá outra unidade em terras cariocas, no bairro de Botafogo.

Do lado industrial, os investimentos até o fim do ano vão se concentrar em uma fábrica de móveis plásticos, que fica em Pernambuco. “A ideia é produzir uma linha com mais design, mais sofisticada”, diz Tramontina. Ele afirma que essa corrida rumo ao alto padrão tem razão de ser: “Na crise, não dá para só pensar em preço. A gente busca um produto premium, pois neste segmento não tem crise.”

A empresa tem dez fábricas no Brasil, sendo que as maiores ficam no Rio Grande do Sul. Lá fora, a companhia mantém uma unidade industrial nos Estados Unidos, voltada especialmente às vendas naquele país. Apesar de atuar em eletrodomésticos, fornos e ferramentas, a área de cutelaria, panelas e utensílios para o lar ainda é o carro-chefe da empresa, respondendo por 75% de seu faturamento. A Tramontina tem hoje 7,5 mil funcionários.

Câmbio

Exportadora desde os anos 1960, a empresa deve se beneficiar parcialmente com a alta do dólar. As exportações da companhia devem ficar em US$ 200 milhões este ano - mesmo patamar do ano passado -, mas a rentabilidade deverá ser auxiliada pela alta do dólar. Por outro lado, a estratégia inicial de importação dos produtos Breville será prejudicada pela desvalorização do real. “Quando começamos a negociar este contrato, o dólar valia R$ 2,20. Então, nesse caso, é claro que atrapalha”, diz Clovis Tramontina.

Independentemente da volatilidade do câmbio e também das dificuldades econômicas atuais, o empresário afirma que a Tramontina seguirá investindo. “Não dá para parar por causa da crise. Se fizermos isso, não teremos como aproveitar a retomada”, explica. “Hoje, a gente vive uma crise política e de confiança, mas a economia não parou. As pessoas estão comprando menos, mas estão comprando.”

O empresário diz que, em 104 anos, a Tramontina não só sobreviveu a diferentes regimes políticas, moedas e pacotes econômicos, mas também a duas guerras mundiais.

Estratégia

De acordo com o especialista em marcas Eduardo Tomya, a Tramontina e a Breville estão fazendo um “cobranding”, ou seja, promovendo a união de duas marcas com bons atributos. “A estratégia costuma funcionar, como a união de Apple e Nike, que desenvolvem produtos juntas.” No caso da linha Tramontina by Breville, explica Tomya, a Tramontina vai emprestar credibilidade local, enquanto a Breville contribuirá com o aspecto “aspiracional” que traz de fora. “Na crise, este tipo de proposta costuma funcionar. Não dá para as empresas competirem só em preço.”

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