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O terror das bolsas mundiais e o rebaixamento do rating dos Estados Unidos reforçaram o temor de uma recessão global, quase três anos depois do início da crise de 2008. Naquela época, o epicentro estava nos EUA. Hoje, há dois polos: EUA e Europa, com Espanha e Itália no centro, e desdobramentos que já chegaram à França e podem ter impacto ainda em economias fortes, como as do Reino Unido e da Alemanha.

>Crise para crianças: assista ao vídeo com o infográfico especial que explica a crise para as crianças

Em 2008, passada a histeria inicial, o Brasil foi um dos países que menos sofreram com a turbulência mundial. Desta vez, porém, analistas e o próprio governo preveem um cenário menos otimista, no qual as economias emergentes serão mais afetadas que antes. Para Thais Marzola Zara, economista-chefe da Rosenberg Consultores Associados, a crise deve derrubar o crescimento do Brasil em 2012. ?Já revisamos nossa projeção de avanço do PIB de 4% para 3%?, diz.

O Brasil tem condições de fazer frente à turbulência. Há gordura para cortar, principalmente na taxa de juros e nas reservas cambiais, que passam de US$ 350 bilhões. E, para estimular a economia, o governo pode, novamente, reduzir o compulsório dos bancos e o patamar de alguns tributos. Por outro lado, as contas públicas e o déficit nas transações correntes estão piores que há três anos, lembra o economista Luciano Nakabashi, da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Para analistas, EUA e União Europeia, debilitados desde 2008, terão mais dificuldade para contornar seus problemas fiscais, o que limitará o crescimento da economia global por pelo menos dois anos. ?A dúvida é se teremos uma agonia lenta ou uma mais aguda e dramática?, afirma Armando Castellar, pesquisador da Fundação Getulio Vargas (FGV). Para ele, o mundo vive hoje o segundo ato da crise de 2008. ?Com a diferença de que, naquela época, ela estava centrada nos bancos e agora está nos governos.?

Várias esferas da economia brasileira devem sofrer com o cenário externo. O país é especialmente vulnerável à possível queda nos preços das commoditities, responsáveis por 70% das exportações. A BM&F Bovespa, que oscilou muito na semana passada, deve continuar assim no mínimo até o fim do mês, segundo Nastássia de Castro, da área de análise da corretora Omar Camargo. Confira ao lado o que os analistas ouvidos pela Gazeta do Povo falaram sobre os impactos da crise no Brasil.

A crise internacional deve reduzir pressões inflacionárias, já que os preços das commodities alimentares devem cair e a demanda, desalecerar. Com esse novo quadro, o Banco Central tende a interromper o ciclo de elevação da taxa de juros básica (Selic), a fim de evitar uma desaceleração muito forte da economia. Há quem acredite que a taxa possa a cair a partir de meados de 2012.

Inflação e Juros

A crise internacional deve reduzir pressões inflacionárias, já que os preços das commodities alimentares devem cair e a demanda, desalecerar. Com esse novo quadro, o Banco Central tende a interromper o ciclo de elevação da taxa de juros básica (Selic), a fim de evitar uma desaceleração muito forte da economia. Há quem acredite que a taxa possa a cair a partir de meados de 2012.

Câmbio

Bolsa de valores em baixa geralmente é sinal de dólar em alta. Mas os economistas ainda resistem em apontar a alta da moeda norte-americana como tendência. O governo já vinha tentando segurar a desvalorização do dólar com algumas medidas, como o pacote cambial lançado semanas atrás. Tudo vai depender do grau de aversão ao risco dos investidores. Para alguns analistas, o real forte deve permanecer, sustentado principalmente pelas elevadas taxas de juros, que atraem capital estrangeiro.

Commodities

Uma recessão global pode derrubar o preço das commodities, com reflexo direto na economia brasileira, grande exportadora de soja e minério de ferro. A queda de vendas externas ? que também dependerá do ritmo da economia chinesa na crise ? pode provocar perda de riqueza para o Brasil.

Empresas

A piora do cenário internacional deve afetar exportações de empresas brasileiras, que poderão enfrentar mais dificuldade em vender seus produtos lá fora em caso de recessão global. Crises também costumam reduzir a oferta de crédito internacional, que tende a ficar mais caro ? e, assim, adiar investimentos. A diferença, agora, é que as empresas brasileiras estão bem menos alavancadas do que em 2008, quando a alta do dólar provocou prejuízos para várias companhias que faziam operações de risco apostando na cotação do dólar, como Sadia e Aracruz.

Consumo

Sustentado pelo crédito e pelo emprego, não deve ser fortemente afetado, pelo menos no curto prazo. Mas os bancos devem ficar mais exigentes na concessão de crédito, movimento que já vinha sendo sentido de alguns meses para cá. Preocupadas com o aumento da inadimplência, as instituições já vinham ?limpando? suas carteiras, faxina que deve ser reforçada na crise. Nos últimos meses, o aumento do endividamento, da inflação e das taxas de juros causavam alguma desaceleração nas vendas.

Emprego

O mercado de trabalho deve continuar aquecido neste ano, mas já se prevê uma piora do cenário para 2012, já que há uma tendência de as empresas segurarem investimentos. Assim, a taxa de desemprego deve aumentar um pouco no próximo ano.

PIB

A economia brasileira deve crescer menos do que o previsto. Alguns economistas já revisaram para baixo as projeções para este ano e 2012. Se houver uma crise mais aguda, a projeção é de que o avanço do PIB fique abaixo de 3%. Em tempos de crise, os investimentos tendem a recuar e as exportações, a cair, influenciando o desempenho da economia.

Bolsa de valores

De longe a ponta mais visível da instabilidade financeira mundial, a bolsa é também a que se recupera mais rápido da crise. Apesar da melhora dos últimos dias, não há consenso entre os analistas se os preços já atingiram o fundo do poço, o que exigirá coração forte dos investidores nas próximas semanas. Com ativos mais baratos, há boas oportunidades de compra de ações, principalmente as chamadas ?defensivas?, como as de energia e telefonia, e de empresas de primeira linha que estão com seus preços ?descontados?, descolados dos fundamentos.

Crise para crianças: esta foi a semana da crise no mercado financeiro. Mas como ela ocorreu? Para explicar isso, montamos este infográfico especial para as crianças entenderem. Dê um olhada:

Brasil e outros emergentes devem sofrer mais com a nova turbulência econômica

Na crise de 2008, o Brasil foi um dos países menos prejudicados. Desta vez, os analistas preveem um cenário menos otimista, já que as dificuldades enfrentadas pelos EUA e União Europeia devem limitar o crescimento da economia global

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