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Unicôrnios
| Foto: Pixabay

Unicórnio. A figura mitológica do cavalo com um chifre tornou-se sinônimo de startups que valem mais de US$ 1 bilhão. Cada vez que uma empresa brasileira atinge esse patamar, o mercado comemora. Animam-se também jovens estudantes, ainda mais interessados em trilhar o caminho dos empreendedores bem-sucedidos. E inspiração é o que não falta. Na liderança de unicórnios brasileiros, há egressos de instituições tradicionais como a Universidade de São Paulo (USP) e a Fundação Getulio Vargas (FGV).

De olho na vocação e interesse dos novos alunos, essas escolas têm investido em diversificar a grade, com espaço a ideias inovadoras, e atender à demanda de formação para tirar uma empresa do papel. "Temos centenas de startups surgindo na USP. Para incentivar ainda mais, criamos uma trilha de empreendedorismo, com quatro disciplinas focadas em marketing, finanças e recursos humanos, todas pensadas para empreendedores" diz Moacir de Miranda, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP (FEA-USP).

Cinco dos oito unicórnios brasileiros são liderados por pessoas que passaram pelas salas de aula da universidade, mais especificamente nos cursos de Engenharia, Economia e Administração.

Aos alunos que já têm uma empresa em andamento, a FEA dá mentoria para que o negócio decole mais rapidamente rumo ao olimpo dos unicórnios. "Auxiliamos no processo de precificação do produto ou serviço. Em um dos casos que acompanhamos, a startup conseguiu faturar três vezes mais após nossa atuação."

Na FGV, que tem ex-alunos liderando dois unicórnios nacionais, o tema está na ordem do dia. "Antigamente, os alunos se preparavam para trabalhar em grandes empresas, não queriam montar o próprio negócio. Hoje, grande porcentual busca outros caminhos, querem startups, fintechs e instituições não governamentais. Sinto que os alunos buscam um trabalho que tenha propósito, alguma satisfação pessoal que não seja só o salário", diz Tales Andreassi, vice-diretor da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGV-EAESP).

Por conta própria, os alunos da FGV também se mobilizam. Em 2014 nascia a Liga de Empreendedorismo, com o objetivo de promover a cultura do "faça-você-mesmo", por meio de mentorias e conversas com figuras de destaque do mercado. Graças à Liga, alunos montaram em 2018 a startup Worc, para auxiliar o processo seletivo de restaurantes.

"Trouxemos uma tecnologia que vimos no exterior, com inteligência artificial, e ajudamos a reduzir os trâmites de contratação, que duravam até três semanas, para apenas dois dias", diz Alex Apter, aluno do 3.º semestre do curso de Administração de Empresas.

Pouco mais de um ano após o lançamento, a startup já atende 40 estabelecimentos em São Paulo e Apter vislumbra crescimento. "Vemos bilhões de reais serem investidos em startups brasileiras. Estamos fazendo rodadas de captação e, sem dúvida, nosso horizonte é também chegar a ser um unicórnio."

Estratégias para novos unicórnios

Se as graduações trabalham de forma extensiva a formação do aluno para atuar nessa nova configuração empresarial, há também opções mais pontuais, como especializações de curta duração, que podem ser ajustadas às necessidades mais urgentes da startup.

Na ESPM, de onde saíram alunos que lideram dois unicórnios brasileiros, a pós para Empreendedores em Negócios Digitais não tem grade fixa. A trajetória de cada participante é definida de acordo com seu perfil e, principalmente, com o projeto.

Foi por essa possibilidade de personalização que Ciça Campos procurou a escola. Hoje no segundo ano, ela conseguiu tornar rentável sua startup, Um Sorvete na Casquinha, que atua na prevenção de transtornos alimentares com a ajuda das redes sociais. "Aprendi a usar melhor as ferramentas como posts patrocinados, além de produção de conteúdo, promoção de eventos e o processo de desenvolvimento de materiais digitais."

No Insper, o curso Direito em Startups, com 40 horas de duração, se propõe a ajudar o empreendedor nas fases iniciais. "Ao criar a empresa, ele precisa conhecer os prós e contras da escolha de diferentes instrumentos jurídicos para cada uma das situações, como arranjos societários, tecnologias, e aporte de capital de investidores", diz Rodrigo Amantea, coordenador acadêmico de educação executiva. Afinal, sem entender o ambiente jurídico no qual o negócio está inserido, o caminho rumo ao unicórnio fica ainda mais íngreme.

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