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Araçariguama, SP – O grupo siderúrgico Gerdau inaugurou ontem sua primeira usina no estado de São Paulo, na área industrial de Araçariguama, a oeste da capital, com a presença do governador Geraldo Alckmin. A unidade vai fornecer vergalhões de aço principalmente para o mercado paulista, o maior do país, responsável pelo consumo de 40% da produção nacional. Parte desse mercado era abastecida pelas duas usinas que o grupo opera no Paraná: a aciaria de Araucária e a laminadora de Curitiba. O presidente do grupo gaúcho, Jorge Gerdau Johannpeter, admitiu que a operação paranaense perderá mercado e terá de se adaptar à nova concorrência.

"A usina do Paraná é uma das melhores que o grupo tem. Mas como o mercado está estabilizado, a unidade terá que passar por ajustes", disse Jorge Gerdau. Seria o mesmo caso da Cosigua, do Rio de Janeiro, que também vendia para clientes paulistas. Fontes da empresa no Paraná afirmam que a produção local caiu quase 50% nos últimos meses e atribuem a redução à nova usina paulista. O vice-presidente de aços longos, Ricardo Gehrke, confirmou que as usinas paranaenses podem enfrentar restrições momentâneas, mas destacou que elas são competitivas e se constituem no principal pólo para a expansão do grupo Gerdau na Região Sul. Além disso, as unidades têm a opção de aumentar as exportações.

Segundo Jorge Gerdau, cada unidade do grupo "deve lutar por sua própria sobrevivência", enfrentando tanto a concorrência interna quanto a global. "Temos concorrentes ao lado, altamente competentes, disputando o mercado metro por metro." O executivo saiu pela tangente ao abordar a possibilidade de demissões nas usinas paranaenses, que têm 576 funcionários. "Em relação às pessoas, temos uma política cuidadosa e conservadora. Cada operário nosso tem centenas de horas de treinamento. Não gostamos de perder gente", afirmou.

Disputa difícil

As usinas do Paraná enfrentarão uma disputa dura. Com um investimento de R$ 500 milhões, o Grupo Gerdau construiu em São Paulo sua mais moderna siderúrgica, reunindo em um só lugar a aciaria (que processa sucata) e a laminação (que produz vergalhões destinados à construção civil). O produto final sai pronto e embalado da mesma linha de produção.

A integração das duas áreas é um dos principais fatores de eficiência e economia da nova usina, que é capaz de reciclar por ano 600 mil toneladas de sucata ferrosa (a matéria-prima do aço), o equivalente a 750 mil veículos. "Só há quatro instalações similares no mundo, com tecnologia completa de reciclagem. Nós construímos o que há de melhor e com maior produtividade", disse o Jorge Gerdau. Quase 20% do investimento – R$ 90 milhões – foi aplicado em ações ambientais.

A unidade de Araçariguama tem capacidade para produzir 900 mil toneladas de aço por ano – o dobro da usina de Araucária – e, no segundo semestre, quando entrar em operação, o laminador terá capacidade para fabricar 600 mil toneladas de vergalhões. Além do mercado paulista, o grupo quer abastecer clientes da Região Centro-Oeste, do Acre, de Rondônia e do norte do Paraná. Jorge Gerdau brincou com a idéia de que essa região paranaense seria um mercado "natural" da nova usina porque foi colonizada por paulistas, enquanto o restante do estado o foi "pela gauchada".

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