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Viajar a passeio ou a trabalho garantindo uma renda extra ou enviar documentos e produtos para outros países de forma mais rápida e barata do que as entregas tradicionais. As duas opções são ofertadas pela startup brasileira Wooboogie, que faz dos viajantes internacionais os entregadores e carteiros da economia compartilhada.

Lançada no último mês de maio, a plataforma conecta quem precisa enviar encomendas para outros países a viajantes que têm tais localidades como destino. O modelo, conhecido como crowdshipping, é semelhante ao da norte-americana Grabr e da chilena Comparto Mi Maleta, nas quais o viajante transporta produtos comprados no exterior a pedido do solicitante. No caso brasileiro, porém, ele faz somente a entrega de documentos e encomendas.

Os viajantes, então, as transportam e ficam responsáveis por entregá-las, tornando menos burocrático e mais sustentável o processo de envio. "Os itens que podem ser enviados dependem das restrições de cada país. Alimentos perecíveis e cigarros, por exemplo, são proibidos. Além disso, é uma entrega mais sustentável, porque o viajante já está indo para aquele destino [de ônibus, avião ou outro meio de transporte], não sendo necessária a criação de uma nova rota para aquela entrega, como ocorre com os Correios ou empresas privadas", elenca Cleverson Fontana Júnior, CEO da Wooboogie.

"Match" é ponto de partida para os envios

O processo de envio é baseado no alinhamento das agendas dos viajantes aos interesses de entrega dos "clientes". Para que ele ocorra, os interessados em transportar as encomendas se cadastram na plataforma e informam a data e o destino da viagem. A partir destes dados, quem deseja despachar documentos e produtos pode localizar um viajante (também chamado de boogier) que atenda suas necessidades de prazos e rota e iniciar uma conversa para acertar as condições em que a entrega se dará. Entram aí questões sobre se a encomenda será retirada pelo viajante ou entregue a ele por outros meios pelo solicitante na origem e se o boogier irá entregá-la diretamente no endereço ou usará serviços de terceiros (como Rappi) quando chegar ao local de destino.

"Para o match entre viajantes e solicitantes, adotamos uma margem de três dias antes ou depois da data para a qual está programada a viagem em relação à desejada pelo solicitante. Mas, se ele não tiver pressa na entrega, pode localizar viajantes com datas um pouco mais distantes", explica Cleverson. A partir do início da viagem, o solicitante ainda consegue acompanhar o rastreamento da entrega a partir de relatórios gerados pelo sistema.

Ainda segundo o CEO, o custo dos envios chega a ser até 60% mais barato do que o praticado pelos Correios e quase 75% mais em conta do que o cobrado pelos entregadores privados, girando entre um mínimo de R$ 35 e máximo de R$ 150, em média. O viajante, por sua vez, recebe cerca de R$ 50 por encomenda transportada.

Por enquanto, a empresa faz a ponte entre viajantes e solicitantes que têm a Argentina como destino. Até o final deste ano, o Uruguai irá entrar na rota e, para março de 2020, está prevista a inclusão do Chile na plataforma. "Nosso objetivo é contemplar toda a América Latina. Depois destes, outros destinos previstos são Peru, Colômbia e México", conta Cleverson.

Espaço na mala e confiança recíproca são premissas do serviço

O custo mais em conta quando comparado a outras formas de entrega deve-se à logística envolvida no modelo de crowdshipping. Isso porque, além de 'aproveitar' uma viagem que já seria feita de qualquer forma, as encomendas são despachadas ou carregadas na bagagem do viajante, sem a necessidade de pagamento das taxas referentes ao volume. "No momento em que o solicitante cadastra o pedido, ele diz se a encomenda cabe no bolso, na mochila ou na mala do viajante. O valor que será cobrado dele depende do espaço que a encomenda irá ocupar na bagagem e da rota", explica o CEO da Wooboogie.

Para garantir que o que está sendo transportado responda à legislação e não envolva materiais ilícitos, é pedido ao solicitante que envie fotos da encomenda - de três ângulos diferentes - antes de que ela seja empacotada e retirada ou entregue ao viajante. O CEO da Wooboogie reconhece, no entanto, as fragilidades do sistema. "Toda esta desmistificação de [serviços compartilhados], como Uber, Airbnb e o nosso, ocorre com o tempo. E é complicado blindar transgressões [às regras]. Porém, até hoje, não tivemos nenhum caso neste sentido", garante Cleverson.


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