• Carregando...

A Vale negou que esteja preparando uma oferta de aquisição da produtora de potássio canadense Potash Corp, segundo comunicado da mineradora divulgado após o fechamento do mercado na segunda-feira.

"São totalmente infundados os rumores de que (a Vale) teria feito proposta de compra por empresa produtora de fertilizantes ou de que estaria em negociações com o objetivo de fazer uma proposta de compra", disse a companhia em nota.

A informação confirma declarações concedidas por duas fontes à Reuters nesta manhã.

"Não estou vendo nenhum movimento nesse sentido. É um negócio muito grande, se fosse ter oferta já teria que ter algum movimento", disse uma das fontes pedindo anonimato.

Outra fonte afirmou que não houve nenhuma consulta interna sobre uma eventual oferta e disse desconhecer o assunto.

"Não ouvi falar nada sobre isso, desconheço, de verdade", disse, também pedindo para não ser identificada.

A BHP, maior mineradora do mundo e competidora da Vale no mercado global de minério de ferro, fez uma oferta hostil pela Potash, líder mundial de ingredientes para fertilizantes, com preço de 130 dólares por ação, o que não agradou acionistas da empresa.

A proposta resultaria em um valor para o negócio de 39 bilhões de dólares.

Alguns acionistas da Potash falam em preços de entre 146 e 170 dólares por ação para um eventual negócio. A empresa disse que há interesse de outras companhias por seus ativos, mas não citou nomes.

A Vale se capitalizou às vésperas da crise financeira que se agravou no segundo semestre de 2008 para comprar a empresa de fertilizantes Mosaic, negócio de 25 bilhões de dólares que não foi concluído e deixou a companhia com um caixa privilegiado na época, abrindo margem para especulações sobre outras aquisições.

Os rumores sobre uma possível oferta da Vale pela Potash fizeram os papéis da mineradora fecharem em queda de 2,42 por cento, cotados a 42,30 reais, enquanto o Ibovespa cedeu 1,04 por cento, caindo para 65.981 pontos.

"É uma realização de curto prazo em cima dessa notícia pontual (Potash), para colocar algum dinheiro no bolso", disse o analista do Banco do Brasil Investimentos, Antonio Emilio Ruiz, que está em plena reavaliação para cima do preço da ação da Vale.

"Acho complicado ela entrar (na Potash) pelo porte da empresa, ela teria que se endividar muito...acho que ela (Vale) ainda tem que ganhar experiência, operar nessa área antes de dar um salto desses", explicou o analista, ressaltando que a empresa já tem feito aquisições expressivas na área.

VALE FERTILIZANTES

A Vale pretende crescer no setor de fertilizantes para se tornar uma das líderes globais do segmento. A empresa vem fazendo aquisições dentro e fora do país, como a compra dos ativos da Bunge no Brasil, no início deste ano, e outros ativos adquiridos no Peru e Argentina.

No início de agosto o presidente da Vale, Roger Agnelli, anunciou que iria propor a criação da Vale Fertilizantes, com ações listadas em bolsa, que nasceria da fusão dos ativos comprados da Bunge no Brasil com a Fosfertil.

Em maio deste ano, a Vale concluiu a compra do controle da Fosfertil, após adquirir fatias que pertenciam à Bunge, Yara, Heringer e Fertipar. Num lance simultâneo, a mineradora comprou ainda ativos da Bunge Fertilizantes. Os investimentos totais somaram 4,7 bilhões de dólares.

No Peru, a empresa inaugurou recentemente a mina de fosfato de Bayóvar, que atingirá 7,9 milhões de toneladas até 2015. A companhia recebeu há pouco tempo autorização da província de Mendoza para desenvolver seu projeto Rio Colorado, de 2,4 milhões de toneladas métricas por ano de potássio e que ainda precisa ser aprovado pelo seu Conselho.

A Vale quer ser uma das líderes do segmento nos próximos sete anos e estima ter uma produção anual em 2017 de aproximadamente 10,7 milhões de toneladas de potássio e 19,2 milhões de toneladas de rocha fosfática.

O Brasil importa quase 70 por cento dos fertilizantes que utiliza segundo dados da Associação Nacional para a Difusão de Adubos (Anda) e o governo tem interesse em reduzir essa dependência.

De acordo com Agnelli, até 2016, os projetos da Vale deverão garantir o abastecimento total de fertilizantes do país, tanto com a produção interna como externa.

A empresa foi por algumas vezes chamada a investir localmente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que criticou as demissões realizadas pela companhia durante a crise financeira de 2008. Por causa da crise a Vale adiou projetos e fechou algumas minas, o que já foi normalizado.

A Vale explora também uma mina de potássio no Brasil, a Taquari-Vassouras, em Sergipe, cuja concessão pertence á Petrobras, que já explorou minerais no passado.

Atualmente a Vale aguarda uma decisão da estatal de petróleo sobre a renovação da licença de exploração da mina sergipana para promover sua expansão. As reservas são suficientes para garantir a operação até 2019, segundo o site da Vale.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]