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Brasília – Depois do fraco desempenho do segundo trimestre, a indústria de transformação brasileira recuperou o fôlego e registrou uma retomada da atividade no terceiro trimestre. Os dados divulgados ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostram que as vendas reais cresceram 1,90% e as horas trabalhadas na produção subiram 1,51% em relação ao trimestre anterior, descontado os efeitos sazonais.

Os dados da CNI mostram também que todos os indicadores foram positivos em setembro deste ano. As vendas reais tiveram uma alta de 1,82% em relação a agosto e de 4,06% na comparação com setembro de 2005, favorecidas por uma base de comparação mais baixa. As horas trabalhadas na produção cresceram 0,20% em setembro na comparação com agosto deste ano e 1,94% ante setembro de 2005. A utilização da capacidade instalada na indústria foi de 81,9% em setembro, descontados os efeitos sazonais. O número de empregos industriais subiu 0,24% ante agosto e 2,68% na comparação com setembro de 2005.

A boa notícia, segundo o economista da CNI Paulo Mol, é que a utilização da capacidade instalada das empresas não foi afetada, o que afasta riscos de restrição da oferta de produtos e uma eventual pressão inflacionária. "Isso dá uma sinalização de que houve maturação de investimentos que aumentaram a produtividade das empresas", avaliou Mol.

A utilização da capacidade instalada ficou em 81,8% no terceiro trimestre, depois de, por três trimestres consecutivos, ter se mantido em 81,6%. Para a CNI, a intensificação da atividade industrial vai se manter no quarto trimestre. "O fim de ano estará melhor do que a média do ano", afirmou Mol.

Ele destacou, no entanto, que o crescimento ainda será moderado quando comparado com um período de forte expansão, como em 2004. "Mas existe um movimento de crescimento em curso", disse. Ele não sabe avaliar se o ritmo será mantido em 2007.

A recuperação do terceiro trimestre melhorou os indicadores da indústria, mas não foi suficiente ainda para delinear um situação de expansão mais robusta no acumulado do ano. Tanto assim que, de janeiro a setembro, as vendas reais registraram uma alta de apenas 0,38% na comparação com o mesmo período do ano passado. As horas trabalhadas na produção subiram 1,05%. Melhor desempenho teve o indicador do emprego gerado, que aumentou 1,73%.

Câmbio

Embora tenha sido o quarto período consecutivo de expansão nas vendas, Mol destacou que, no terceiro trimestre deste ano, o ritmo de crescimento foi mais de duas vezes superior ao verificado no segundo trimestre, de 0,87% ante o primeiro trimestre. Segundo ele, a recuperação nas vendas poderia ter sido ainda maior, não fosse a valorização do real ter limitado o faturamento das empresas exportadoras.

O indicador de vendas reais mostra o comportamento do faturamento das empresas. O emprego industrial teve alta de 0,72% em relação ao segundo trimestre. Segundo o economista, o indicador é a grande surpresa deste ano porque demonstrou crescimento em oito dos nove primeiros meses de 2006. O emprego industrial vem se expandindo a uma taxa média de 0,9% ao trimestre, ritmo que se aproxima de períodos de forte crescimento econômico.

Mol alertou, no entanto, que o bom desempenho dos indicadores industriais não é uma radiografia da indústria como um todo. Ele explicou que o crescimento é muito heterogêneo. Enquanto vários setores têm apresentado crescimento, outros vêm registrando queda nos indicadores. "O indicador médio esconde essa heterogeneidade da indústria brasileira", ressaltou.

O gerente-executivo da área de pesquisa da CNI, Renato da Fonseca, disse que os setores afetados pelo real valorizado enfrentam problemas de competitividade, além do fato de o crescimento da atividade industrial ainda não ter alcançado as pequenas e médias empresas.

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