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A oferta de imóveis usados para a venda cresceu 5% em 12 meses. No mesmo período, os preços subiram até 34% | Daniel Derevecki / Gazeta do Povo
A oferta de imóveis usados para a venda cresceu 5% em 12 meses. No mesmo período, os preços subiram até 34%| Foto: Daniel Derevecki / Gazeta do Povo

90 mil famílias querem comprar em até 3 anos

Enquanto o setor de usados enfrenta dificuldades na venda, entidades e empresas do ramo imobiliário projetam crescimento na aquisição de imóveis novos em 2011. O número de lançamentos no primeiro trimestre deste ano em Curitiba cresceu 118% em relação a igual período de 2010.

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  • Veja que houve um aumento na venda de imóveis novos

Impulsionada pelo crescimento no número de lançamentos em Curitiba, a oferta de imóveis usados começou o ano também em alta. No último mês, 17.046 imóveis foram ofertados para venda na cidade, contra 16.206 unidades no mesmo período do ano passado. Mas, como o imóvel novo segue como o mais visado no mercado, está em queda a Velocidade de Venda de Imóveis Usados (VUSO), índice que mede a porcentagem de unidades vendidas em relação à oferta disponível – a média baixou de 7,3% em março de 2010 para 6,2% no mês passado. Apesar dessa baixa nas vendas, o valor médio dos imóveis usados contrariou a lógica econômica e subiu consideravelmente no último ano.

O preço médio do metro quadrado de imóveis usados subiu entre 16% e 34% nos últimos 12 meses. O dos apartamentos de um dormitório, por exemplo, subiu 19%, passando de R$ 2.197,85 para R$ 2.622,58, segundo dados do Instituto Paranaense de Pesquisa e Desenvolvimento do Mercado Imobiliário e Condominial (Inpespar), vinculado ao Sindicato da Habitação e Condomínios do Paraná (Secovi-PR).

"Não vai cair"

Embora vender imóvel usado esteja mais difícil, os preços não devem baixar no curto prazo, prevê o presidente do Inpespar, Luiz Fernando Gottschild. "Não acredito em redução, mas sim em estabilidade. Essa estabilidade, ao longo dos anos, pode daí levar a uma diminuição do valor. Mas, pelo menos nos próximos dois anos, esse preço deve se manter", avalia Gottschild, que também atua no segmento de venda, locação e administração de imóveis de terceiros.

A manutenção dos valores é defendida por outros empresários do ramo. Para Luiz Augusto Brenner Rose, diretor de atendimento da Lopes-Curitiba – imobiliária que desenvolve trimestralmente estudos de demanda e oferta do setor –, não há perspectivas de queda de preços.

"Os imóveis usados atingiram um outro patamar de preço e o mercado leva um tempo para se adequar, para aceitar esse novo patamar. Obviamente, os imóveis de terceiros, prontos para uso, acabam sendo uma alavanca para os lançamentos imobiliários, já que quem mora em imóveis antigos ou menores acaba utilizando-os para viabilizar a aquisição de novos apartamentos."

Efeito negativo

Para o analista Marcos Kahtalian, da Brain Consultoria, a alta do preço dos imóveis usados influencia negativamente na concorrência com o setor de novos – que fechou o primeiro trimestre com alta no número de vendas. A Venda de Imóveis Novos Sobre Oferta (VNSO) nos três primeiros meses atingiu 10,46%, enquanto no mesmo período do ano passado o índice fechou em 9,84%.

"A venda do usado não evoluiu como o novo porque houve um aumento expressivo no preço. A tendência é que os proprietários queiram majorar o preço, seja por percepção de valorização do imóvel ou até pra fazer mais caixa para comprar um novo", afirma.

Lógica de mercado

O economista Fábio Tadeu Araújo, professor do curso de Ciências Econômicas da PUCPR, concorda que o preço médio do imóvel usado estava defasado nos últimos anos. Mas alerta que os valores propostos hoje por muitos proprietários estão fora da realidade de mercado. Para ele, a tendência é que, com o crescimento da oferta, a dificuldade de venda dos usados cresça ainda mais.

"O mercado pressupõe duas coisas: vendedor e comprador. E será o comprador que irá definir esse patamar de preços. Se houver oferta suficiente, a busca ocorrerá pelos preços mais condizentes com a realidade de mercado. O valor de muitos desses imóveis usados subiu até mais do que o dos novos, o que não faz sentido", critica Araújo.

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