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Antunes, dono da All DVD de Curitiba: doces completam o faturamento | Valterci Santos/Gazeta do Povo
Antunes, dono da All DVD de Curitiba: doces completam o faturamento| Foto: Valterci Santos/Gazeta do Povo

Sobrevivência

Fusões no setor ficam mais comuns

Para sobreviver, as videolocadoras devem atravessar um processo de fusões com a ampliação das grandes redes e a incorporação das bandeiras locais e dos estabelecimentos de bairro, como ocorreu no varejo supermercadista. A opinião é o gerente da 100% Vídeo, Carlos Augusto, maior rede de videolocadoras do país, que hoje conta com 88 unidades em 14 estados brasileiros.

A rede acaba de anunciar a fusão com as 32 lojas da rede paulista Megamil. "A intenção é aquecer o mercado de videolocadoras e propiciar a integração de outras redes ou lojas independentes", diz Augusto, apontando como vantagem da atuação em rede a possibilidade de diminuição de custos e a utilização de uma marca forte.

No Paraná a rede 100% Vídeo tem quatro unidades, sendo duas em Londrina, uma em Maringá e outra em Ponta Grossa. "Mas o Paraná nos interessa bastante e pretendemos ter 40 unidades em todo o estado. Ainda em 2009 devemos estar presentes na capital com cinco ou seis lojas", revela. O plano de expansão da rede prevê a meta de 300 unidades em todos os estados da federação até 2011. (ACN)

Vistas durante anos como uma boa opção para quem queria investir as economias em um negócio próprio, as videolocadoras viraram uma atividade em risco de extinção. Dados da Associação Brasileira das Videolocadoras (ABV) mostram que 40% das 22 mil lojas que existiam em todo o país fecharam as portas nos últimos três anos. Elas foram vítimas da pirataria, da concorrência com a internet, ou de fatores como a mudança cultural do consumidor, que deixou de ter o vídeo como primeira opção de lazer.

No Paraná, de acordo com o Sindicato das Videolocadoras (Sindivídeo), em um ano o número de locadoras baixou de 1.130 para 755 – uma retração de 33%. A fase mais aguda desta crise teve início em 2006, ano em que o setor viu seu faturamento despencar 40%. Em 2007, outra queda, de 50%, naquele que foi considerado o pior ano da história para as videolocadoras. Como se não bastasse, a expectativa é de que o setor termine 2008 também no vermelho, com uma retração girando em torno de 35%.

Para o coordenador da Câmara Setorial de Videolocadoras da Associação Comercial do Paraná (ACP), Carlos Ciro Takeda, o setor ainda deve sofrer um processo de depuração, com o fechamento de cerca de 10% dos estabelecimentos no próximo ano. Mesmo assim, ele não prevê o fim deste ramo de negócio. "Sempre haverá espaço para quem mantiver a locação de vídeo como foco principal. Os ‘videomaníacos’ permanecerão fiéis", aposta.

Pirataria

Takeda aponta a pirataria como o maior inimigo do setor e revela que além da concorrência desleal, os empresários são duplamente penalizados. É que para tentar compensar o prejuízo com o comércio de cópias ilegais no país, as produtoras e distribuidoras internacionais praticam no Brasil um preço até 100% maior em relação a outros mercados. Enquanto o preço médio de um lançamento é de US$ 25 no resto do mundo, no Brasil o dono de uma locadora paga US$ 50 pelo mesmo filme.

Com isso, quem comprava 50 títulos por mês, agora compra no máximo 20, e o número médio de cópias adquiridas de cada filme baixou de 5 para 3. "Nada mais natural, em um país que permite que um filme seja baixado ou comprado pirata de um camelô antes mesmo do lançamento", avalia Takeda.

Segundo o presidente da Associação Paranaense de Combate à Pirataria (ABCP), Claudemir Roberto Panuci, nas cidades onde não há repressão organizada à economia informal por falta de políticas públicas, a pirataria eliminou a viabilidade das videolocadoras. Ele cita como exemplo as cidades de Londrina e Foz do Iguaçu, onde 70% e 80% dos estabelecimentos, respectivamente, encerraram as atividades nos últimos três anos.

"Muitos empresários faliram ou partiram para outros negócios. Quem sobrou está na luta, mas a visão do momento é que muita gente ainda vai fechar as portas", comenta o presidente do Sindivídeo, Jorge Luiz Hein. "Antes para atrair clientes a saída era investir na compra de novos títulos. Hoje é oferecer promoções, o que baixa a lucratividade", completa.

Diversificação

Para diluir os custos e evitar a falência, muitos empresários do setor acabaram transformando suas locadoras em verdadeiras lojas de conveniência. Hoje, ao alugar os últimos lançamentos o cliente também pode tomar um sorvete, comprar guloseimas, pipoca, refrigerante, livros e recarregar o celular.

O empresário Jorge Sebastião Antunes, proprietário da All DVD, um pequena locadora no bairro Jardim das Américas, em Curitiba, conta que os produtos agregados representam até 25% do faturamento. "Ajuda a equilibrar as contas no fim do mês", diz.

Antunes conta que essa é sua segunda videolocadora. A primeira ele montou aos 16 anos, na fase de transição das fitas em VHS para o DVD. "Naquela época faltou experiência. Agora é o mercado que está difícil, mas ainda há espaço para crescer", avalia.

Há também locadoras que incorporaram os serviços de lan-house ou mesmo de pizzaria. Em todos estes casos, o negócio deixa de ser uma prestadora de serviço para se transformar em um comércio, o que exigiria a mudança do alvará. Mas de acordo com o presidente do Sindivídeo, quase nunca a norma é respeitada. "Existe uma informalidade por questão de sobrevivência", afirma.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as videolocadoras atingem cerca de 120 milhões de brasileiros e estão presentes em mais de 70% dos 5.564 municípios do país. A presença de videolocadoras é mais comum do que a de livrarias e lojas de discos.

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