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Primeiro caminhão autônomo a ser comercializado no mundo durante a colheita da cana-de-açúcar na Usina Santa Teresinha. | /Volvo
Primeiro caminhão autônomo a ser comercializado no mundo durante a colheita da cana-de-açúcar na Usina Santa Teresinha.| Foto: /Volvo

Após pouco mais de um ano de testes, a Volvo iniciou as vendas de seu caminhão VM autônomo, o primeiro a funcionar em uma operação real no Brasil. O primeiro lote de sete caminhões foi vendido para o grupo Usaçucar, de Maringá, donos da Usina Santa Teresinha, onde o protótipo do caminhão vinha sendo testado desde maio de 2017.

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Desenvolvida pela equipe de engenharia da Volvo em Curitiba, a tecnologia está no nível 2 de automação, em que o sistema dirige o caminhão com uma rota pré-estabelecida. Programado para reconhecer as curvas de nível do terreno por um sistema de geolocalização, que ativa a direção, o veículo é capaz de “visualizar” virtualmente as linhas de plantação e seguir sozinho por elas, com precisão de 2,5 cm.

O sistema é composto por duas antenas GPS de alta precisão (GNSS/RTK), dois giroscópios de alta sensibilidade e um display posicionado no interior da cabine do caminhão, que funciona como interface homem-máquina.

O motorista permanece o tempo todo dentro da cabine e é responsável por levar o caminhão até o início do trajeto e conduzi-lo ao ponto de descarga depois da colheita. “É como em um avião, em que o piloto faz os pousos e decolagens e, mesmo com o piloto automático ativado, continua acompanhando tudo”, explica o diretor comercial de caminhões da Volvo, Bernardo Fedalto. Por enquanto, estes veículos só trafegam em áreas fechadas, ou seja, o caminhão não pode utilizar o modo autônomo na estrada.

Motorista continua dentro da cabine do caminhão durante todo o trajeto.

Quando foi lançado em 2017, a Volvo previa o início das vendas para dali três anos, e um protótipo começou a ser testado na Usina Santa Teresinha. O bom funcionamento levou a companhia a montar sete caminhões zero com a tecnologia autônoma aplicada, que foram levados para o campo para o início da operação, na mesma usina. “Quando você faz um lote e tudo funciona sem problemas, é hora de começar a comercializar”, diz o diretor.

O modelo de negócio é inovador para o segmento: os caminhões foram vendidos para o Usaçucar, mas a tecnologia é comercializada como prestação de serviço, com pagamentos periódicos. Fedalto cita a explicação do presidente da Volvo América Latina, Wilson Lirman, que faz um paralelo com TV à cabo e internet, em que existe um aparelho para que funcionem, mas você não paga por ele, e sim pelo serviço prestado.

Depois de vender o caminhão, a Volvo envia uma equipe de engenheiros para conhecer o terreno onde o veículo vai trafegar, conhecer o sistema próprio da usina para fazer a ligação com a sua tecnologia. “As tecnologias estão sempre se atualizando, nós ficamos responsáveis por manter o caminhão sempre atualizado”, explica Fedalto.

No entanto, este modelo pode não ser definitivo, segundo o diretor. “É um negócio bastante novo, cada cliente tem tido uma avaliação, então o modelo também está sendo testado”, diz o diretor.

O diretor comercial de caminhões da Volvo, Bernardo Fedalto Volvo

A montadora já tem outros interessados no VM Autônomo, que por enquanto atende apenas as lavouras de cana-de-açúcar, e que já estão em fase de avaliação do terreno onde os caminhões vão operar.

A companhia já testa a tecnologia em outros segmentos, como na mineração, em uma mina subterrânea na Suécia, e na coleta de lixo, na Inglaterra. Já existem também protótipos autônomos de ônibus e equipamentos de construção da marca, como carregadeiras e caminhões articulados.

Confira o caminhão em funcionamento:

Melhora na produtividade

A melhoria na precisão do caminhão para fazer as curvas aumenta consideravelmente a produtividade das lavouras de cana, pois evita o pisoteio das mudas. Segundo o diretor financeiro e de suprimentos do Usaçucar, Paulo Meneguetti, a cada cinco safras potenciais de cana, uma é perdida pelo pisoteamento de mudas durante a colheita. Com a tecnologia autônoma, será possível zerar essas perdas.

No período de colheita da cana, que é curto, o trabalho é feito 24h por dia, sete dias por semana. As perdas se davam principalmente à noite, devido à pouca visibilidade. “É um trabalho cansativo, e a tecnologia também ajuda a diminuir o cansaço e estresse dos motoristas, além de trazer mais segurança para ele”, finaliza Fedalto.

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