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Da esquerda para a direita, os sócios da Yuool Eduardo Glitz, Mateus Schaumloffel, Marcelo Maisonnave e Pedro Englert. (Foto: Divulgação)| Foto:

A oportunidade de experimentar a economia real com um produto inovador em um modelo de varejo vertical e totalmente digital instigou os ex-sócios da XP Investimentos Eduardo Glitz, Marcelo Maisonnave, Pedro Englert e Mateus Schaumloffel a abraçarem uma nova empreitada. Conectados à nova economia, eles estão à frente de outras startups, a maioria fintechs, como a gestora de investimentos Warren e a plataforma de crédito Monkey Exchange, ou ainda do maior ecossistema de startups, a Startse, especializada em cursos e eventos.

Eles investiram R$ 3 milhões e têm a intenção de transformar a Yuool na Nubank dos calçados, com a venda 100% digital de um único modelo de tênis feito de lã de merino, que pode ser usado no frio ou no calor e levado à máquina de lavar roupas. O que mais se vê nas mídias sociais, na opinião de Glitz, são as pessoas orgulhosas do que estão consumindo.

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“É como uma trend. De alguma forma elas querem estar descoladas, conectadas à nova economia e diferentes do que é tradicional. Queremos ser cool, mais leves e mostrar que o mundo pode ser muito mais confortável do que é hoje. E o Yuool existe para isso.”

A expertise dos sócios no mercado financeiro, em ajudar as empresas a gerir de uma forma diferente e mais moderna, se transformou em surpreendentes resultados. O negócio nascido em janeiro de 2018 teve faturamento de R$ 2,2 milhões nos primeiros 12 meses, com a venda de 7 mil pares – resultado muito acima da expectativa inicial de R$ 880 mil por 2,7 mil pares vendidos.

Como estratégia para fazer decolar o negócio, os sócios da Yuool apostaram em campanhas com influenciadores digitais, principalmente com perfis de foco em turismo. “Entendemos que quem viaja anda muito. O Yuool é muito confortável e maleável, jamais dará bolhas ou machucará os pés e serve para qualquer estação. A estratégia deu muito certo”, revela Glitz.

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A lã de merino tem uma textura confortável, por isso, o tênis da Yuool pode ser usado em qualquer estação. (Foto Divulgação)

O grande desafio é convencer as pessoas a comprarem um tênis que não sabem se vai servir e funcionar para elas. Glitz garante que, por ter um produto de tecido muito confortável e maleável, o nível de troca por tamanho é baixíssimo: “praticamente zero”. Como sócios da Startse, os empresários aproveitaram os muitos eventos realizados pela startup para montar estandes, apenas com objetivo de experimentação, sem venda.

“A pessoa pode comprar na hora por meio do celular, que é o que incentivamos. E o retorno é espetacular. Ao mesmo tempo que se tem o testemunho de influenciadores nas mídias sociais, que estão usando o produto e achando fantástico, tem o boca a boca, que tem feito a marca crescer tanto.”

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Uma marca que nasceu digital

O modelo de negócio proposto pela Yuool é o que o mercado chama de DNVB (Digitally Native Vertical Brand). O termo foi criado pelo CEO da Bonobos, Andy Dunn, para definir um novo tipo de empresa, que tem controle total de sua cadeia. Ela é nascida na era digital, com foco digital, para clientes digitais, sem intermediários ou canais de distribuição, que conversa com e vende diretamente ao consumidor final.

Assim são empresas que mostraram enorme potencial, como a Dollar Shave Club, que foi comprada pela Unilever por US$ 1 bilhão, ou a Warby Parker, que levou seu valuation a US$ 1,2 bilhão em 2018. Assim como fez a Yuool, estas são empresas que usam abordagens de marketing e relacionamento com o público-alvo totalmente inovadoras e digitais.

Segundo Glitz, há enormes vantagens em apostar neste modelo. A primeira delas é a questão do custo. “Não temos os intermediários. Se meu produto tivesse que ser vendido em um shopping, teria todo um custo de logística, envio, distribuição, aluguel de loja, comissão de vendedor e estoque. No mínimo dobraria o custo de venda ao consumidor final. Se utilizasse o modelo tradicional, como faz a maioria das grandes marcas, o par de tênis Yuool, que hoje sai a R$ 349, talvez tivesse que custar R$ 700.”

Outro grande custo evitado é o de estoque, explica Glitz. Neste segmento ele se torna perecível, sai de moda, há vários tamanhos e uns vendem mais que outros. Tudo isso faz com que o custo seja muito alto. Além do modelo único, a Yuool dispõe de somente 9 cores e os modelos não têm gênero. “Reorganizamos toda essa estrutura, para que o cliente final tenha um custo muito menor.”

O estoque fica na fábrica em Estância Velha (RS) e uma parte dele em um espaço alugado dentro de uma agência dos Correios, o que permite a agilidade de concluir entregas muito rápidas, em apenas 24 horas, quando é para cidades mais próximas, nas regiões Sul e Sudeste do Brasil.

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Meta é faturar R$ 7 milhões em 2019 e quadruplicar as vendas em 2020 no Brasil

Para 2019, a estimativa é chegar a um volume de 25 mil pares, que devem render R$ 7 milhões em vendas. Como é o desafio de qualquer startup, a expectativa é de manter o ritmo de crescimento acelerado e comercializar mais de 100 mil pares em 2020. Mas estes números referem-se apenas ao mercado brasileiro. Em novembro de 2018 a Yuool chegou à Itália, com e-commerce próprio para a distribuição a toda Europa e o desempenho tem sido semelhante ao do Brasil.

“Estamos abrindo o mercado europeu no mesmo ritmo, à todo vapor, o que para nós já é muito bom. Enviamos inicialmente 5 mil pares e estamos entrando com campanhas com influenciadores digitais”, conta o empresário. Nestes primeiros cinco meses de operações, foram vendidos cerca de 1 mil pares de tênis na Europa. “Estamos produzindo uma remessa de pelo menos mais 5 mil pares. Como foi no Brasil, no primeiro ano de atuação na Europa estimamos comercializar 7 mil pares.” Por lá, os tênis custam 120 euros, pouco mais de R$ 500.

Os sócios estudam propostas para ingressar com a Yuool nos mercados chinês e norte-americano ainda este ano. Apesar d tantos números, a empresa consegue ter uma equipe enxuta, de apenas sete pessoas, que atuam em um escritório em Porto Alegre (RS).

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