O Banco Central Europeu (BCE) lançou uma série de medidas ontem para combater a inflação baixa e impulsionar a economia da zona do euro. O banco cortou taxas, adotou juros negativos de 0,1% sobre depósitos "overnight" e ofereceu crédito de longo prazo a bancos, de modo a estimular empréstimos para aquecer a economia.
É a primeira vez que o banco implementa uma taxa de depósito negativa. Na prática, a instituição cobrará juros, de 0,10%, dos bancos que depositarem recursos no banco central de um dia para o outro (o "overnight"). Até então, o BCE pagava juros para os bancos que fizessem a operação.
Além disso, as principais taxas do BCE foram cortadas para os valores mais baixos já vistos. A principal taxa de refinanciamento caiu para 0,15%, e a taxa de empréstimo, para 0,40%. Previamente, o BCE já havia baixado sua taxa de juros para o mínimo histórico de 0,15%.
O esforço para estimular os bancos a emprestarem dinheiro a empresas e famílias, injetando recursos na economia, visa combater o risco de deflação e diminuir a taxa de câmbio do euro. O cenário, combinado a uma atividade fraca de empréstimos na zona do euro, ameaça arrastar o bloco a uma difícil situação econômica.
O BCE vai oferecer neste ano duas operações de crédito barato aos bancos, totalizando 400 bilhões de euros (US$ 544,86 bilhões), condicionadas a que as instituições concedam empréstimos a empresas e famílias.
O pacote, aprovado de forma unânime, foi direcionado para aumentar os empréstimos à "economia real", disse o presidente do BCE, Mario Draghi. "Agora estamos em um mundo completamente diferente", disse, citando "inflação baixa, recuperação fraca e dinâmicas monetárias e de crédito fracas".