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Políticas públicas: Zona Franca de Manaus
Foto: Divulgação/Suframa| Foto: Divulgação/Suframa

Em meio ao processo de desindustrialização e a dúvidas sobre os planos do governo para a Zona Franca de Manaus, o tradicional polo industrial da Amazônia se movimenta para ganhar uma nova roupagem: o de ecossistema de inovação. No final de agosto, a região ganhou seu primeiro hub de tecnologia, o Manaus Tech Hub, promovido pela Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro (Softex).

De acordo com Diônes Lima, vice-presidente da Softex, o núcleo pretende facilitar a captação de recursos, gerar negócios e conectar startups, centros de pesquisa e desenvolvimento e empresas de Manaus — principalmente as afetadas pela crise. “Queremos que as companhias do polo industrial se reinventem. Um dos principais objetivos do hub é usar a tecnologia para minimizar os impactos da desindustrialização”, explica.

Com o Manaus Tech Hub, Lima espera que o potencial empreendedor e tecnológico da região Amazônica possa ser levado a todo o país e até ao exterior. “Temos um dos maiores centros de desenvolvimento do país. Além disso, os incentivos fiscais permitem que diversas atividades de alto valor agregado sejam realizadas na região da Amazônia, não apenas commodities”, argumenta o vice-presidente da Softex, destacando o pioneirismo da região em injeção de plásticos.

Para o lançamento do hub, as primeiras indústrias patrocinadoras investiram R$ 7 milhões, contabiliza Lima.  Para 2020, a expectativa é que mais R$ 20 milhões sejam aportados. “Temos como meta selecionar 100 startups em um ano”, adianta o executivo, que firmou parceria com a Universidade Federal da Amazônia.

Além de empreendedores, o hub também vai estimular o intercâmbio de talentos, atraindo pesquisadores de todo o mundo para a Amazônia. Segundo a Softex, em fevereiro de 2020 será aberta uma chamada internacional para especialistas de diversas áreas. “O momento é negativo para Amazônia, por conta das queimadas, mas favorável para o investimento em soluções que preservem o nosso ecossistema. Precisamos ter o mesmo mindset de inovação que as grandes cidades para gerar desenvolvimento econômico”, fundamenta Lima.

Da Amazônia ao Google Brasil

Rodeada pela floresta Amazônica em Belém (PA), a startup Hyppe oferece serviço de gestão de assinaturas, desde outubro de 2018, para professores e personal trainers autônomos que desejam organizar planos de pagamento e cobrar os clientes diretamente pelo cartão de crédito — evitando atrasos e calotes.

Desde o início deste ano, contudo, Julio Almeida e seus sócios trocaram o verde da Amazônia pelo cinza da metrópole paulistana — quando a Hyppe foi aprovada pelo Google para o programa de mentoria Startup Zone.

“Fomos a primeira startup da região Norte selecionada pelo Google. A gigante de tecnologia ofereceu treinamentos, networking e credibilidade ao nosso negócio”, avalia o diretor-presidente da startup.

Segundo Allan Contente, sócio de Almeida, o aplicativo está em fase de testes e conta atualmente com 61 cadastros, sete deles ativos. A expectativa é que 2019 acabe com 50 clientes ativos, um aumento de 614%. Não há planos imediatos para captação de investimento. “Existem muitas iniciativas boas em Belém e Manaus, mas precisamos de um ecossistema formado para que as startups se desenvolvam e não se restrinjam à biotecnologia”, diz ele, que é diretor de operações.

Há seis meses em São Paulo, os empreendedores ainda não decidiram se voltam para Belém (PA) após o fim do contrato com o Google, em outubro. Por hora, ambos planejam compartilhar a experiência acumulada na maior metrópole do Brasil com os colegas paraenses. “Devemos valorizar Belém e Manaus e dividir tudo o que aprendemos aqui. Se nossa startup crescer, teremos times em São Paulo e em Belém”, garante Almeida.

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