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Alfabetização: aulas online ensinam método científico para professores
| Foto: Unsplash

A educação no Brasil não vai bem, mas algumas ilhas de excelência trazem esperança. Uma delas é o Método Scliar de Alfabetização. Baseado em descobertas científicas em neurociência, ainda desprezadas pelas faculdades de pedagogia no Brasil, o sistema, criado pela professora Leonor Scliar-Cabral e utilizado com sucesso em escolas públicas de três municípios, está sendo ensinado em aulas online gratuitas para educadores.

“Na maioria das escolas, as políticas públicas de educação não se beneficiaram dos avanços das ciências de ponta. Não permitiram novos olhares sobre a forma como se deve alfabetizar, por isso os resultados são pífios. E, infelizmente, a formação dos futuros professores que vão atuar nos ciclos iniciais da alfabetização é muito ineficiente”, afirma a professora, que é uma das principais referências em linguística no Brasil, sendo uma das promotoras da ciência cognitiva da leitura no país, tendo traduzido, por exemplo o livro, “Os neurônios da leitura: como a ciência explica a nossa capacidade de ler”, de Stanislas Dehaene.

Em 34 aulas, a professora ensina os fundamentos do método e a forma de aplicá-lo. Para acessar o conteúdo, basta entrar na plataforma vimeo neste link, e colocar a senha “SSA Leitura”. O sistema Scliar é recomendado a todos os alunos, sendo eficaz também para crianças com dificuldades especiais em linguagem.

Entre os outros métodos de alfabetização que são eficazes no Brasil, é preciso citar o sistema utilizado em Sobral (CE), município com os melhores índices educacionais no Brasil. O conteúdo é de autoria de João Batista Araujo e Oliveira, do Instituto Alfa e Beto, e também requer a formação de professores.

O construtivismo e como o cérebro aprender a ler

Enquanto algumas atividades são naturais para o ser humano, como andar e falar, a leitura é algo que o cérebro precisa ser programado para decifrar. A linguagem oral é natural, a alfabetização não é: consiste em aprender um código criado pelo ser humano e, para isso, é preciso reconfigurar o cérebro para processar a relação entre letras e sons, até chegar à fluência, o que ocorre em várias fases.

No Brasil, popularizou-se nas faculdades de pedagogia as abordagens que tratam, em sua maioria, a leitura e a escrita quase como operações naturais do ser humano e, por isso, cada criança acaba tendo de “reinventar a roda” para aprender a ler e escrever. As escolas que seguem essa linha, a maioria no Brasil, pulam etapas consideradas essenciais para a alfabetização eficaz, como o ensino das letras e sons, a chamada abordagem fônica – alguns municípios no Brasil chegam a proibir o ensino das letras nas escolas de educação infantil e ensino fundamental –, o que explica o fracasso no ensino.

Outro erro difundido nas faculdades de pedagogia é privilegiar o que as abordagens socioconstrutivistas chamam de abordagem global em detrimento ao ensino direto e sistemático, quando é feita a “fragmentação” do conhecimento em conteúdos específicos, ensinados de forma progressiva. Pesquisas mostram que essa escolha da abordagem global não dá as ferramentas necessárias para que o cérebro decodifique com rapidez qualquer palavra, o que faz as crianças arrastarem lacunas de aprendizagem até o fim da educação básica e tem consequências negativas para as outras disciplinas.

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