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Cartazes com a foto do professor Rodrigo Jungmann descrevendo-o como “o pinguim da privataria”. | Reprodução/Facebook.
Cartazes com a foto do professor Rodrigo Jungmann descrevendo-o como “o pinguim da privataria”.| Foto: Reprodução/Facebook.

A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) foi palco de duas ações para intimidar professores e estudantes na última terça-feira (6). Em uma delas, grupos distribuíram cartazes com a foto do professor Rodrigo Jungmann o difamando. Em outra, uma lista com insultos a alunos e docentes da instituição circulou pelo campus.

Os cartazes com a foto do professor Rodrigo Jungmann o descrevem como “o pinguim da privataria”. O material contém ainda frases como “fora Bolsonaro” e “liberdade para Lula”.

“Me sinto constantemente ameaçado. Sempre recebo ofensas ao caminhar pelos corredores da universidade. Inclusive há um fato novo: recebi ameaças de morte em um comentário de um vídeo que publiquei sobre a situação. Estou recebendo orientação jurídica e espero que a instituição tome as providências necessárias”, disse Jungmann em entrevista à Gazeta do Povo

Não é a primeira vez que Jungmann é vítima de ataques no campus; no início de outubro, durante uma exibição de "Bonifácio: O Fundador do Brasil”, filme que analisa a personalidade de José Bonifácio a partir de tese filosófica de Olavo de Carvalho, estudantes se reuniram em frente ao local e começaram a chamar o professor de “fascista”, “nazista” e “racista”. 

“Quero deixar claro que sou contra qualquer tipo de extremismo, tanto da esquerda quanto da direita. Mas é um cenário preocupante, a situação na UFPE está caótica”, avalia o professor.

Tensão 

Além do caso envolvendo o professor Rodrigo Jungmann, uma lista classificando outros professores e alunos de acordo com posicionamento político e orientação sexual foi fixada em alguns pontos da instituição.

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O documento expõe os nomes de estudantes e docentes dos cursos de História e Sociologia como doutrinadores e doutrinados. Alguns são descritos como “viado”, “sapatão” e “feminazi”. “Vocês serão banidos! Escórias! O mito vem aí”, diz o cartaz. 

Cartaz expõe os nomes de alunos e professores dos cursos de História e Sociologia como doutrinadores e doutrinados. Reprodução/Facebook.

Um dos professores citados, José Luiz Ratton, do departamento de Sociologia da UFPE, afirma que o objetivo é espalhar pânico e desinformação. 

“Os ataques dirigidos a nós são, fundamentalmente, ofensas às várias e desejáveis formas de afirmação da cidadania brasileira, à autonomia da universidade pública, às liberdades civis e à democracia”, relatou em uma rede social. 

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“Não é a primeira vez que isto acontece na história do Brasil, nem será a última. Cabe a nós resistir de maneira racional, coletiva, sensata e firme”, completou o professor. 

Posição 

Em comunicado oficial divulgado nesta quarta-feira (7) , a UFPE informou que abriu sindicância interna e acionou o Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF) para investigar o caso. 

“A Universidade Federal de Pernambuco repudia, de forma veemente, as ameaças e insultos que estão sendo feitos, por meio de panfletos e via redes sociais, a professores e estudantes do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH), devido ao seu posicionamento político-ideológico, à orientação sexual e à etnia”, diz a nota. 

 “A UFPE não admite, sob qualquer hipótese, que a violência ameace as liberdades de cátedra e individuais. A Universidade defende a academia como o espaço para o pluralismo de ideias. Denúncias de casos como esses podem ser encaminhadas para a Ouvidoria-Geral da UFPE, por meio do site da Universidade”, completa. 

Já o reitor da UFPE, Anísio Brasileiro, informou que a sindicância tem apoio da segurança institucional da universidade para investigar as ameaças. Ele afirmou esperar que o Ministério Público Federal e Polícia Federal apurem com rigor o caso relatado. 

“A universidade é contrária a qualquer cerceamento a liberdades individuais e de livre expressão de opinião. É um espaço de liberdade e de democracia. Esse tipo de ação vai de encontro aos valores universitários”, declarou em entrevista à Folha de S. Paulo.

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