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Foto: Agência Brasil| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Em uma entrevista na qual recebeu uma "bênção" de uma criança e chamou um de seus ministros de "vovô", o presidente Jair Bolsonaro (PSL) defendeu, nesta segunda-feira (29), a mudança do educador Paulo Freire como patrono da educação no Brasil.

Ouça o podcast: Como Paulo Freire ajudou a destruir a educação brasileira

Durante viagem a Riberão Preto (SP), onde participou da abertura da feira Agrishow, o presidente respondeu a perguntas de uma menina de oito anos chamada Esther Castilho, que tem um programa no YouTube e foi convidada por Bolsonaro para a sua posse no início do ano.

Na conversa, sem citar o nome de Paulo Freire, ele disse que o patrono atual "vai ser mudado". O título foi conferido em 2012, após a aprovação de um projeto de lei. Uma eventual alteração deve ser referendada pelo Congresso.

"Quem sabe nós temos uma patrona da educação, não mais um patrono muito chato. Não precisa falar quem é, que temos até o momento, que vai ser mudado. Estamos esperando alguém diferente", disse.

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Tentativa

No final de 2017, a Comissão de Direitos Humanos do Senado rejeitou pedido, de autoria da estudante de Direito Stefanny Papaiano, apresentado por meio de ação popular, para revogar o título de patrono. A estudante, no entanto, criou uma nova petição, que já reúne mais de 23.600 apoios. A ideia continua a mesma: pedido para que seja revogada a Lei nº 12612, que institui Freire como patrono.

Além disso, na segunda-feira (29), a deputada catarinense Caroline de Toni (PSL-SC) protocolou, na Câmara, o Projeto de Lei nº 2.589 a fim de o educador deixe de ser patrono da educação brasileira. "Não podemos aceitar que a nossa educação seja pautada por um ideólogo marxista", disse ela. "Paulo Freire não nos representa".

Fake news

Na entrevista, Bolsonaro participou de um quadro chamado "toma lá, dá cá", de perguntas e respostas rápidas. O nome é o mesmo dado a negociações entre Executivo e Legislativo que envolvem a oferta de cargos e emendas em troca de votos. Ao ouvir o nome da atração, o presidente reagiu com ironia. "Eu não sou chegado muito nisso, não", afirmou.

Na conversa, na qual orou de olhos fechados pela sua saúde, Bolsonaro fez uma crítica aos veículos de imprensa, ressaltando que os repórteres brasileiros não deveriam divulgar informações falsas.

"Quisera que os repórteres do Brasil tivessem a pureza na alma dessa menina e que a verdade fosse o produto final vendido por eles, não o fake news", disse.

Bolsonaro disse esperar conceder uma nova entrevista à menina em 2023, após a próxima eleição presidencial, mas não explicou se pretende disputar a reeleição. Ele ressaltou que tem uma filha da idade da entrevistadora e que sabe falar com crianças pequenas.

"Tenho uma filha da sua idade. Talvez seja por isso que você seja muito simpática à minha pessoa, porque eu sei trabalhar com pessoas da sua idade", afirmou.

Vovô

No final da entrevista, Bolsonaro chamou o ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Augusto Heleno, de "vovô". O militar, que estava presente no local da entrevista, tem 71 anos.

"Olha o vovô aqui. Ele é o Heleno, é o mais experiente de todos os ministros", disse. "Olha o cabelo branco dele. É o vovô", repetiu.

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