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Ter à disposição um computador ou tablet conectado à internet em sala de aula pode prejudicar o desempenho dos alunos, defende estudo publicado pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology). De acordo com o levantamento, estudantes que foram proibidos de usar esses meios em sala de aula tiveram notas 18% mais altas em comparação aos outros.

Durante dois anos, o estudo dividiu em três grupos 726 estudantes de ensino médio da Academia Militar dos Estados Unidos, interessados em tirar boas notas para galgar melhores postos no Exército. Os alunos do primeiro grupo não podiam usar notebooks ou tablets. O segundo tinha acesso irrestrito a esses meios e um terceiro conjunto de estudantes poderia usar o tablet, mas com restrições. Os responsáveis pelo estudo ressaltaram que o levantamento feito não levou em consideração aulas em que os dispositivos eram usados para fazer exercícios de matérias específicas, mas apenas em que computador ou tablet era utilizado para fazer notas em sala de aula.

O desempenho pior dos dois grupos que podiam usar as plataformas digitais, tanto com o acesso ilimitado ou sem ele, ocorreu, de acordo com a pesquisa, por uma série de fatores. “Primeiro, estudantes que usavam tablets ou computadores podiam navegar na internet, checar e-mails, trocar mensagens com colegas ou até fazer lições de casa da matéria ou de outras disciplinas em sala de aula”, apontou o estudo, o que trazia distrações. Por outro lado, os alunos que usam computadores não tomavam notas de forma eficaz.

No caso dos alunos com acesso controlado ao tablet, mesmo sem poder explorar a internet ou acessar contas pessoais de e-mail ou mídias sociais, houve maior propensão para acessar aplicações que desviavam a atenção da aula. As anotações também eram mais pobres.

Os especialistas acreditam que os resultados seriam piores ainda para estudantes com acesso às plataformas digitais se a pesquisa tivesse sido realizada em outros colégios de ensino médio, já que os estudantes da Academia Militar dos EUA estão interessados em boas notas. “Em um ambiente de aprendizagem com menores incentivos para o desempenho, menos restrições disciplinares ao comportamento e turmas maiores, os efeitos da tecnologia aos estudantes com acesso à internet deve ser maior já que os professores têm menos capacidade para identificar e corrigir o uso irrelevante dessas tecnologias”, alertam.

Debate nos EUA

A pesquisa surge em um momento em que se discute amplamente sobre a tecnologia utilizada nas escolas nos Estados Unidos. De 1994 a 2005, a porcentagem de salas de aula nos EUA com acesso à internet cresceu de 3% para 94%. Recentemente, o Departamento de Educação no país frisou a importância de aumentar ainda mais o uso de plataformas digitais por professores e estudantes em seu plano de educação.

Mesmo assim, no último resultado divulgado pelo Pisa, exame internacional do qual participam os países da OCDE e outras nações, os Estados Unidos ficou abaixo da média dos outros países em matemática e muito perto da média em leitura e ciências – mesmo sendo um dos países que mais investe em educação.

Recentemente, a publicação do livro “The Rise and Fall of American Economic Growth”, de Robert Gordon, esquentou o debate ao defender que o crescimento econômico nos Estados Unidos está desacelerando por causa dos efeitos das tecnologias de informação sobre a produtividade.

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